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Estoques de suco de laranja caem ao menor nível já registrado no Brasil

10 mar 2025 às 10:43

Os estoques de suco de laranja brasileiro atingiram em dezembro o menor volume já registrado pela CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos). O anúncio, nesta segunda-feira (10), ocorre num momento em que a fruta acumula forte alta nos preços.

O levantamento feito por meio de auditorias independentes junto a cada uma das empresas associadas à CitrusBR mostrou que os estoques globais de suco do país, no último dia 31 de dezembro, eram de 351.483 toneladas.

A nova queda ocorre após um respiro em 2023, quando os estoques tinham alcançado 463,9 mil toneladas, ante as 434,9 mil toneladas do ano anterior. A CitrusBR reúne as gigantes exportadoras de suco do país. Após as auditorias junto às empresas, os dados foram consolidados por uma auditoria externa.

O estoque atual representa uma redução de 24,2% em relação ao volume existente um ano antes e é também o menor patamar da série histórica da associação. Isso pode provocar reflexos em outros países, já que o Brasil responde por cerca de 75% do comércio internacional de suco de laranja no mundo.

"Esse estoque reflete o que vem acontecendo nos últimos anos. São cinco anos de safras pequenas, no máximo médias, médias baixas, seguidas, e essa agora foi muito ruim, a menor em mais de 30 safras. Era [o estoque] o que a gente estava esperando", afirmou Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR e presidente da câmara setorial da citricultura no Ministério da Agricultura.

De acordo com ele, a expectativa é a de que o clima possa contribuir na próxima safra, cuja estimativa será divulgada pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) em maio.

"A gente espera que [a safra 2025/26] dê para recompor pelo menos parcialmente esse estoque, que ficou num nível crítico", disse.

A terceira reestimativa da safra 2024/25 no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, divulgada pelo Fundecitrus em fevereiro, apontou que a temporada deve terminar com 228,52 milhões de caixas de laranja (de 40,8 quilos cada). Embora a reestimativa seja 2,4% maior que o previsto dois meses antes (223,14 milhões), ainda é 1,7% inferior à projeção inicial, de 232,38 milhões de caixas -a pior em três décadas.

A safra de laranja no cinturão citrícola tem caído sucessivamente. Em 2022/23, por exemplo, foram 316,95 milhões de caixas. A redução é atribuída a problemas climáticos -altas temperaturas e distribuição irregular de chuvas, por exemplo- e ao aumento da incidência do greening nos pomares.

A doença, considerada a pior praga da citricultura, já atinge 44,35% dos pomares nos dois estados e apresenta crescimento pelo sétimo ano seguido.

Nos 12 meses encerrados em setembro, a laranja teve inflação de 62,51%, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Foi a maior alta desde junho de 1995, quando o Plano Real começava a domar a hiperinflação no país, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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