Com a pandemia, incorporar novos hábitos se tornou fundamental no dia a dia dos brasileiros. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o novo Coronavírus é sensível às temperaturas normalmente utilizadas para cozimento dos alimentos (em torno de 70ºC), mas quais as medidas adequadas para manipular e higienizar corretamente os alimentos?
Para o professor doutor em ciência animal, Rafael Fagnani, que atua nos cursos de mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados (Unopar Piza) e do mestrado em Ciência e Saúde Animal (Unopar Arapongas), a população pode ficar tranquila em relação à segurança dos alimentos durante a pandemia.
Para os alimentos industrializados, como pães, fermentados, enlatados, leite, queijos etc, a própria tecnologia de fabricação já proporciona barreiras microbiológicas que garantem a inocuidade alimentar, como exemplo o processamento térmico, o qual é capaz de inativar todos os micro-organismos patogênicos, incluindo o novo Coronavírus.
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Para os alimentos in natura, como hortifrutis, carnes, ovos e mel, as velhas medidas de higiene e também o cozimento já são suficientes para garantir a segurança alimentar de muitas doenças, incluindo a Covid-19.
O problema, enfatiza, é a contaminação pessoa-alimento-pessoa. A maioria das contaminações ocorrem pela transmissão humano-humano. Porém, devido às características do novo Coronavírus, qualquer superfície, embalagem ou alimento podem servir como fômites, termo usado para objetos que transferem micro-organismos de uma pessoa para outra. Assim, um indivíduo que estiver eliminando o vírus pode contaminar superfícies e embalagens com tosses, espirros e perdigotos. Quando os alimentos entram em contato com essas superfícies contaminadas, ou quando uma pessoa infectada contamina os alimentos, pode haver o carreamento e a transmissão do novo Coronavírus para outra pessoa.
Para se ter uma ideia da resistência do novo Coronavírus, pesquisadores do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA estudaram a viabilidade viral em diversas superfícies, mimetizando micro gotículas de tosses e espirros. Veja o resultado no infográfico.
"Portanto, fica claro que o novo Coronavírus pode resistir por dias em embalagens plásticas e por até 24 horas em embalagens de papel cartão. Para driblar esse problema, podemos explorar a fragilidade do vírus frente a água com sabão, álcool 70% e água sanitária”, explica o professor Fagnani.
As dicas são simples:
• Ao chegar das compras, a primeira atitude é lavar as mãos com água e sabão e higienizar as superfícies onde serão manipulados ou guardados os alimentos, como: bancada, pia e despensa. "As superfícies e utensílios que entram em contato com os alimentos podem ser limpas com uma solução de água sanitária para alimentos.
• O próximo passo é pulverizar álcool 70% nas embalagens, sacolas e caixas de supermercado. O produto deve agir por 2 minutos e depois as embalagens devem ser descartadas quando possível.
• Após a manipulação das caixas e embalagens, as mãos devem ser novamente lavadas com água e sabão.
• Ao preparar os alimentos, lave as mãos com frequência e sempre que colocar as mãos no rosto, cabelos, lixos ou qualquer outra superfície ou embalagem ainda não sanitizada.
• Ao tossir e espirrar, faça longe da área de manipulação dos alimentos e cubra a boca e o nariz com a parte interna do cotovelo. Depois lave novamente as mãos antes de recomeçar a cozinhar.
• Ao lavar as mãos, use água e sabão, não esquecendo de incluir as pontas e as regiões entre os dedos, além dos punhos. "É importante manter as unhas curtas, sem esmaltes e não utilizar adornos que possam acumular sujeiras e micro-organismos, como anéis, aliança e relógio. Além disso, não falar ou assoviar em cima dos alimentos, superfícies ou utensílios utilizados no preparo do alimento”, aponta.
Para hortaliças, frutas, verduras e legumes, a higiene pode ser feita com água corrente com posterior imersão em uma solução com água sanitária na proporção de uma colher de sopa para um litro de água durante 15 minutos. Após esse tempo, lavar novamente em água corrente e deixar secar naturalmente. Para a sanitização dos alimentos é importante sempre usar água sanitária aprovada pela ANVISA. Para saber, basta observar no rótulo se há a garantia da eficácia antimicrobiana e/ou a indicação para a sanitização de hortifrutis.
"Nas indústrias e nos serviços de alimentação existem protocolos para afastar pessoas doentes das funções que exigem contato direto e indireto com alimentos. Dentro de casa isso também deve acontecer, ou seja, pessoas doentes não devem cozinhar para outras pessoas”.
Fagnani reforça que o Ministério da Saúde também orienta não compartilhar itens como pratos, copos e talheres: "Cuidados com a higienização são necessários sempre, independente da pandemia, precisamos ter uma higiene criteriosa”, enfatiza.
Confira a higienização adequada para cada grupo alimentar para evitar a contaminação:
Tipos de embalagens e alimentos
Embalagens plásticas, metálicas, de papel ou isopor
Higienização: Pulverizar álcool 70% e aguardar 2 minutos antes da manipulação.
Frutas, hortaliças e verduras
Higienização: Sanitizante (água sanitária para alimentos, regularizada pela Anvisa) – 1 colher de sopa para 1 litro de água por 15 minutos