A Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados) criticou um estudo divulgado na semana passada, que apontou que algumas marcas populares de pão de forma apresentam alto teor alcoólico.
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Na pesquisa da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), chamada de "Tem álcool no seu pão de forma", foram analisadas dez marcas e seis foram consideradas alcoólicas caso fossem bebidas, por ultrapassarem 0,5% de teor de álcool em sua composição.
Os motivos da presença de álcool, segundo o estudo, seriam os altos teores de agentes conservantes antimofo.
Em nota, a Abimapi afirmou que não concorda com o relatório e apontou falhas de procedimento. "Na conclusão, a Proteste comparou seus resultados com valores descritos em legislações de bebidas alcoólicas, sem estabelecer relação do possível álcool presente em alimentos e o álcool das bebidas alcoólicas", diz a associação.
"Os resultados do teor alcoólico nos pães de forma foram comparados com o teste de bafômetro, sem considerar a ingestão dos pães. A comparação foi feita apenas por uma regra de três, o que é inadequado" completa.
A associação do setor de pães também assinala que "a pesquisa é assinada por um profissional que não apresenta o número de registro no CREA [Conselho Regional de Engenharia e Agronomia]".
Em comunicado, a Proteste responde afirmando que os testes foram realizados por um laboratório devidamente acreditado no INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Indústria) e no Ministério da Agricultura e Pecuária.
"O teste foi assinado e conduzido por responsável técnico. A metodologia utilizada pelo laboratório parceiro foi a de Cromatografia a Gás com detecção no headspace (gás volatizado) a quantidade de etanol na amostra" disse a Proteste
A Associação informa que todos os laudos foram encaminhados para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para que todas as medidas legais e administrativas fossem tomadas.
"A nota de discordância da Abimapi faz parte do Estado Democrático de Direito, entretanto, entendemos que a referida associação também deveria se preocupar com os resultados dos testes em questão. A Proteste, ao divulgar os resultados dos testes realizado por laboratório devidamente acreditado, apenas exerce o direito constitucional à informação e qualquer tentativa de impedir essa informação, deve ser considerada uma censura" afirmou.
VEJA O QUE AS EMPRESAS DISSERAM À REPORTAGEM, POR MEIO DE NOTA:
BAUDUCCO E VISCONTI, DO GRUPO PANDURATA ALIMENTOS
A Pandurata Alimentos, responsável pela fabricação dos produtos Bauducco e Visconti, esclarece que adota rigorosos padrões de segurança alimentar em todo seu processo produtivo e na cadeia de fornecimento. A empresa possui a certificação BRCGS (British Retail Consortium Global Standard), reconhecida como referência global em boas práticas na indústria alimentícia, e segue toda a legislação e regulamentações vigentes.
Priorizando a qualidade de seus produtos, a Pandurata respeita as Normas de Boas Práticas de Fabricação e destaca que seus cuidados começam com uma criteriosa seleção de fornecedores se estendendo por todas as etapas de produção. A empresa não teve acesso ao estudo.
WICKBOLD
A Wickbold, líder brasileira no segmento de pães especiais, reforça que todas as receitas de produtos, assim como todas as áreas da empresa, seguem protocolos de segurança e qualidade, com o mais alto teor de controle, bem como cumprem toda a legislação vigente, dentro dos parâmetros impostos pelas normas estabelecidas. Como a fabricante não foi notificada sobre o referido estudo e a metodologia utilizada, não é possível qualquer manifestação sobre ele. Contudo, após ter acesso ao mesmo e a metodologia empregada, poderá prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários, confirmando o legado de ética, transparência e respeito às pessoas que mantém há 86 anos.
PANCO
A Panco é uma empresa com mais de 70 anos de presença no mercado brasileiro e que sempre teve sua atuação pautada pela conduta ética e compromisso com a qualidade de seus produtos, bem como com a saúde e segurança de todos os seus públicos.
A companhia atesta a adoção de práticas totalmente alinhadas aos mais rigorosos padrões de mercado e o cumprimento de todas as normas e legislações específicas vigentes para a produção de alimentos. Para assegurar esses padrões, a companhia possui rígidos controles de qualidade (internos e envolvendo fornecedores externos), além de estabelecer mecanismos criteriosos de homologação de seus fornecedores de matérias-primas.
A empresa informa que não foi notificada em nenhum momento a respeito deste levantamento pelo responsável pelo levantamento, desconhecendo, portanto, sua metodologia. Sobre os dois lotes repassados pela reportagem, e sem saber quais foram os produtos citados, mas apenas que incluíam pães, a Panco esclarece que não utiliza etanol nos processos de fabricação, mas que ele pode resultar do processo de fermentação, sendo que os resíduos não intencionais são aceitos pelas normas e legislações vigentes.
A empresa reitera o seu compromisso com a qualidade de seus produtos e está empenhada em realizar análises complementares para entender os pontos levantados e avaliar a necessidade de eventuais adaptações em seus processos.