Não há como não pensar em seleção brasileira de vôlei quando os nomes de José Roberto Guimarães e Bernardinho são entoados. Ambos os treinadores seguem fazendo história na equipe nacional, porém não são eternos. Pensando nisso, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) planeja incluir os dois num futuro processo de sucessão no comando técnico.
Em conversa com a reportagem, Radamés Lattari, presidente da CBV, já garantiu tanto Bernardinho como Zé Roberto nas seleções masculina e feminina, respectivamente, até o fim das Olimpíadas de Los Angeles, em 2028, no mínimo. Se depender do executivo, os dois sempre terão uma posição de destaque na entidade, visando à evolução do vôlei brasileiro.
"Alguns treinadores podem não ter tido a sorte de terem feito parte da mesma geração ou de estarem trabalhando na mesma época que Bernardinho e Zé Roberto, que na minha opinião são os dois melhores treinadores do mundo. Agora, é óbvio que os dois melhores treinadores do mundo um dia vão nos deixar. Antes mesmo das Olimpíadas de Paris, eu falei que gostaria de contar com eles para o próximo ciclo olímpico", destacou Lattari.
"Falei, inclusive, sobre o meu desejo de que nesse próximo ciclo olímpico, Zé e Bernardo indicassem, para que a CBV analisasse, os treinadores que a gente quer ter para as nossas categorias de base, para que eles possam também ir ganhando experiência internacional, para no futuro virem a ser os substitutos deles. Eu digo sempre que eu gostaria, não só por mim, para o futuro do vôlei, que eles continuassem como coordenadores, supervisores técnicos, passando a experiência deles para os treinadores que venham a seguir", explicou o presidente da CBV.
Radamés Lattari foi eleito, por aclamação, para mais um mandato no meio de janeiro e comandará a CBV até 2029. Ele já estava no comando da entidade, pois ocupava o posto de vice e acabou assumindo a presidência em 2023 após a morte de Walter Pitombo Laranjeiras.
"Comecei no voleibol com 13 anos, tentei jogar até os 16. Depois, me tornei treinador e fiquei até os 40 anos trabalhando em diversos clubes no Brasil e no exterior. Participei de seleção estadual, seleção brasileira como assistente técnico, como técnico, como supervisor. Depois, na CBV, fui diretor de vôlei de praia, diretor de competições, diretor de seleções, CEO, vice-presidente e cheguei a presidente. Então eu acho que fiz uma carreira em que peguei um pouquinho de experiência de todos os segmentos que tem dentro do voleibol. Você ter o seu trabalho reconhecido e ser eleito por aclamação é uma grande vitória", destacou Radamés.
E A SELEÇÃO MASCULINA?
Nos últimos anos, a seleção brasileira masculina de vôlei não tem apresentado as melhores performances. Nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021, a equipe que era comandada pelo técnico Renan Dal Zotto ficou sem medalha, algo que não acontecia desde os Jogos de 2000.
A CBV trouxe Bernardinho de volta ao comando em 2023, para as Olimpíadas de Paris, mas a equipe também ficou sem medalha. Ao UOL, Radamés ponderou o pouco tempo que o atual treinador teve com o time e projetou uma melhora através de ações que a entidade tem realizado em prol do vôlei brasileiro.
"O Bernardo assumiu num momento difícil, e o ciclo olímpico curto impediu que a gente fizesse um trabalho maior de renovação na seleção masculina. Com isso, eu tenho certeza que a programação do Bernardo vai ser toda baseada em chegar com uma seleção com jogadores que nesta terça-feira (28) são jovens, mas vão ter três anos para ganhar bastante experiência e chegarem bem nos Jogos Olímpicos", analisou Lattari.
"Em todas as modalidades, a gente tem investido cada vez mais na base. Para isso, a gente conseguiu, desde o ano passado, um convênio com a região de La Moselle, na França, na cidade de Metz, para que todos tenham aquele centro de treinamento como uma base para intercâmbio internacional. Vai facilitar, também, para as seleções adultas. Muitas vezes elas vão jogar na Ásia, tem que voltar para o Brasil para voltar para a Ásia. E isso não vai acontecer mais", comentou.
Segundo o presidente, o centro de treinamento facilitará, também, a organização de jogos amistosos com outras grandes seleções.
FIM DA HEGEMONIA
A fase difícil tanto que a seleção masculina de quadra quanto algumas duplas do vôlei de praia enfrentam vai de encontro com a evolução dos outros países no esporte. O presidente Radamés acredita que será difícil ver a instalação de uma nova hegemonia na modalidade.
"Hoje eu vou para qualquer competição, seja de quadra ou de praia, sabendo que o Brasil pode ser de primeiro a oitavo colocado. Com a globalização e o intercâmbio que existe nesta terça-feira (28), de tantos atletas jogarem em ligas internacionais, as diferenças que existiam, as surpresas que aconteciam, deixam de acontecer, porque todo mundo passa a saber copiar, imitar e todo mundo faz igual", comentou o presidente.
"Não acredito que no mundo vá acontecer mais grandes hegemonias duradouras, longas, em função da globalização. Quando que a gente podia imaginar, há alguns anos, que o vôlei de praia ia ter como campeão olímpico a Noruega e a Suécia? A globalização igualou demais o nível técnico de todas as modalidades", concluiu.
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