O técnico de boxe Adailton Gonçalves, bolsista do programa estadual Geração Olímpica e Paralímpica, é um dos treinadores da equipe de boxe que disputa à Olimpíada de Paris, que será aberta na próxima sexta-feira(26). Com 10 atletas, a delegação brasileira tem chance de medalhas, inclusive de ouro, no maior evento esportivo do mundo. É também a chance de manter a tradição conquistada a partir dos Jogos de Londres em 2012: o boxe leva medalhas em todas as edições.
Boxeador desde os 9 anos, Adailton disputou as carreiras olímpica - foram 68 lutas e seis derrotas - e a profissional - 10 lutas e duas derrotas. Já como técnico, em 1998, Adailton se consagrou como campeão baiano por equipe, repetindo o feito no ano seguinte.
Desde então sua carreira deu um salto, contribuindo para o auge do boxe brasileiro, como ele mesmo destaca o momento em que a modalidade se encontra hoje. As maiores equipes que vão para Paris são Austrália (13 atletas), Uzbequistão (12 atletas) e Brasil (10 atletas), à frente de países com maior tradição na modalidade, como Estados Unidos e Cuba.
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“Eu não posso dizer nem que sim nem que não”, afirma sobre a sua influência nos resultados recentes do boxe brasileiro. “Somos uma equipe, então todo mundo trabalha. Quando estamos em alto rendimento, são pequenos ajustes que levam ao resultado melhor ou pior, mas eu não tiro meus méritos”, salientou. “Eu entrei em uma equipe que já vinha vencendo e desde então evoluímos mais, sem cair, superando metas que antes não eram superadas.”
Seleção brasileira
O caminho até ser convocado pela seleção brasileira de boxe, em 2021, foi vitorioso. Adailton mudou-se da Bahia para o Espírito Santo (ES) em 2005, após um convite do diretor técnico da Federação de Boxe capixaba, e elevou a seleção local de 23º para 3º lugar no ranking nacional. Lá abriu a Dudhal Boxing Club, academia referência no boxe e o embrião para projetos sociais que ele viria a realizar na sua carreira.
No Espírito Santo, ele conseguia suprir a demanda da equipe capixaba e colocar seus atletas em outras seleções, inclusive com uma segunda equipe pelo Paraná, uma vez que o Estado não tinha todos os atletas. Foi durante essas seletivas que ele teve a oportunidade de conhecer, gostar e mudar-se para Curitiba, em 2015, a convite da Federação Paranaense.
Logo no ano seguinte, Adailton ajudou Lucas Collado a ser campeão brasileiro na categoria 75 kg juvenil. “Em 2019, eu conquistei o título de melhor técnico do Brasil, levando o Paraná de 21ª para 1ª lugar do Brasil por equipe, à frente de Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, estados que têm o esporte mais difundido”, conta.
Chance de medalha
O Brasil chega a Paris 2024 com um excelente histórico recente no boxe. Até Londres 2012, a única medalha conquistada em uma Olimpíada havia sido o bronze de Servílio de Oliveira, na Cidade do México, em 1968. Na capital inglesa, o Brasil quebrou o jejum de 44 anos e conquistou três medalhas (dois bronzes e uma prata). Em casa, no Rio 2016, veio o primeiro ouro e, em Tóquio 2020, a melhor campanha nacional entre todas as modalidades: um ouro, uma prata e um bronze, superando esportes mais tradicionais como o judô, por exemplo.
Mas é em Paris que o boxe brasileiro chega como um dos favoritos. Serão 10 atletas, sendo cinco no masculino (Abner Teixeira, Michael Douglas, Keno Machado, Luis de Oliveira e Wanderley Pereira) e cinco no feminino (Bárbara Santos, Beatriz Ferreira, Carol Santos, Jucieli Romeo e Tatiana Chagas). Todos eles passaram pelas mãos e treinos de Adailton.
Junto com seus atletas, Adailton conquistou medalhas nos campeonatos Sul-Americano, Pan-Americano, Continental e Europeu, principais conquistas possíveis dentro do boxe. Falta a medalha olímpica. “Eu praticamente zerei o game. O que se entende de boxe olímpico no mundo eu participei com méritos”, celebra. “Esse ciclo 2021/2024 será difícil de ser superado pela nova geração de atletas e técnicos.”
Com chance de medalha em praticamente todas as categorias, uma delas chama a atenção. Vice-campeão mundial em 2023, Wanderley Pereira, também bolsista do Geração Olímpica e Paralímpica (GOP), é baiano, mas representa o Paraná em competições e veio até Adailton para trabalhar em sua carreira nacional e internacional.
“É um garoto jovem, de 22 anos, com uma promessa imensa”, comenta. “O Wanderley é peça-chave. Um garoto que não tinha o dinheiro da passagem para da academia ao Centro. Hoje ele tem um bom salário, com bolsas como a Pódio e o Geração Olímpica”, comentou. “O Geração tem grande parte nisso que ele está vivendo hoje, porque esse apoio na base é fundamental para que os atletas não deixem de treinar para ter que suprir as necessidades em casa.”
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