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Vôlei

Minas afasta Maurício Souza por comentários homofóbicos e cobra retratação

Marcos Guedes - Folhapress
27 out 2021 às 08:49

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- Orlando Bento/Minas
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O Minas Tênis Clube, pressionado por seus patrocinadores, resolveu punir o atleta de vôlei Maurício Souza. O central de 33 anos, que fez publicações homofóbicas nas redes sociais, foi afastado do elenco. Segundo a agremiação, terá de pagar uma multa e se retratar antes de ser reintegrado -mas não terá seu contrato rescindido, como muitos queriam.


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Há duas semanas, o jogador manifestou seu descontentamento com o anúncio da DC Comics de que o novo Super-Homem, filho do Super-Homem original, vai se descobrir bissexual nas próximas edições dos quadrinhos. "Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar", escreveu.

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Deu-se, então, uma discussão virtual com Douglas Souza, seu companheiro na seleção brasileira e membro da comunidade LGBTQIA+. A situação cresceu a ponto de a Fiat e a Gerdau, que bancam os times feminino e masculino de vôlei do Minas, cobrarem do clube uma posição firme sobre o assunto.

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A diretoria publicou na segunda-feira (25) uma nota considerada branda e tardia, na qual condenava a homofobia, mas defendia que "todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais". Apontava ainda que havia conversado "internamente" com o central.


O texto não satisfez boa parte da opinião pública e incomodou os patrocinadores. Em notas separadas, bem mais duras do que a apresentada pelo Minas, a Fiat e a Gerdau pediram na terça (26) a tomada de "medidas cabíveis". No caso da Fiat, as palavras foram em tom de cobrança por uma solução "no espaço mais curto de tempo possível".

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Ainda na terça, os dirigentes tiveram uma reunião com esses patrocinadores e decidiram pelo afastamento. Houve uma reação negativa de parte do elenco. Chegou a circular a informação de que o capitão William havia redigido uma carta, assinada por todos os companheiros -entre eles o abertamente gay Maique-, ameaçando deixar a equipe se o contrato de Maurício fosse rescindido.

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"Calma, gente. Eu não assinei nada!", publicou Maique, que costuma chamar o companheiro de "amigo" apesar de considerar "burrice" seu posicionamento homofóbico. "Continuo lutando pelos meus direitos e de toda a nossa comunidade. Tem coisas [com] que não compactuo e não aceito", acrescentou. "As coisas estão aí, e todo o mundo está vendo. Não tem como passar pano."


O líbero ainda republicou a nota oficial da Fiat e agradeceu: "Muito obrigado, seguimos juntos lutando". 

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Antes, Douglas Souza, que está atuando no Vibo Valentia, da Itália, havia publicado mensagem semelhante, celebrando o posicionamento das empresas. E atletas como Carol Gattaz, que defende a equipe feminina do Minas, adotaram o mesmo tom.

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"Homofobia é crime. Racismo é crime. Respeito é obrigatório. Está na lei, garantido pela Constituição. Já toleramos desrespeito, gracinhas e preconceitos disfarçados de opinião por muito tempo. Chega!", escreveu Gattaz, que já teve relações públicas com mulheres. "Homofobia é crime", repetiu a ex-jogadora Fabi Alvim, bicampeã olímpica.


Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, com quem se encontrou recentemente em Brasília, Maurício Souza tem um histórico de declarações e publicações consideradas homofóbicas. A mais recente, pela repercussão, causou um incômodo maior nos patrocinadores do Minas, cuja pressão sobre os dirigentes não foi meramente protocolar.


A solução encontrada foi o afastamento temporário. Uma solução que incomodou os defensores de Souza, que apontaram uma "ataque à liberdade de expressão". E uma solução que incomodou quem esperava uma punição mais severa, que pudesse servir de exemplo e evitar novas manifestações preconceituosas.


"O famoso não vai dar em nada, né? Toda vez a mesma coisa. Cansado disso, de sempre ouvir falas criminosas, e no máximo o que rola é uma 'multa' e uma retratação nas redes sociais", afirmou Douglas Souza, que disputou os Jogos Olímpicos ao lado de Maurício. "Todos os dias, todas as horas, um dos nossos morre. E o que temos? Uma retratação."


Até a publicação deste texto, Maurício ainda não tinha se manifestado sobre a punição. Antes do desenrolar da questão nesta terça, ele havia insistido que manteria sua posição. "Hoje em dia, o certo é errado, e o errado é certo... Não se depender de mim. Se tem que escolher um lado, eu fico do lado que eu acho certo! Fico com minhas crenças, valores e ideias", avisou.

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