Depois de liberar um público de até 10 mil pessoas nos estádios durante a Olimpíada, Tóquio pode voltar atrás e realizar os Jogos sem ninguém nas arquibancadas. Essa hipótese foi levantada por Yuriko Koike, governadora de Tóquio, nesta sexta-feira (2), já que a cidade luta contra o aumento de casos de Covid-19 a três semanas da abertura do evento.
Koike afirmou que a organização dos Jogos Olímpicos precisará revisar a política atual sobre público se a situação da pandemia piorar na capital japonesa. Foi a primeira entrevista coletiva da governadora após uma semana internada para se recuperar de fadiga severa. Ela recebeu alta na última quarta-feira.
A ideia de proibir torcedores de frequentar os estádios também é estudada pelo governo do Japão. "Disse antes que existe a possibilidade de não haver público. Em qualquer caso, agiremos tendo a segurança e a proteção do povo japonês como nossa principal prioridade", afirmou o primeiro-ministro Yoshihide Suga à agência Kyodo News.
O Comitê Organizador de Tóquio-2020 também adotou esse discurso de voltar atrás. "Não queremos organizar a Olimpíada com público a todo custo", afirmou a presidente do comitê, Seiko Hashimoto, uma ex-atleta da patinação de velocidade, que reiterou que os organizadores estão preparados para seguir em frente sem torcedores nas arquibancadas se o governo do Japão assim determinar.
Na quinta (1º), o Japão registrou mais 1.733 infecções do novo coronavírus e 24 mortes. No total, o país já teve 802 mil casos e 14.754 mortes. Os dados são do site Our World in Data. Tóquio é responsável por 2.220 mortes. O medo de que a Olimpíada ajude a propagar o vírus já levou a protestos contra a realização dos Jogos.
"Não sei o que vai acontecer com a situação da pandemia que muda todos os dias, mas o Comitê Organizador estará preparado (para realizar a Olimpíada) sem espectadores. Podemos aplicar qualquer política que venha a ser implementada", comentou Hashimoto.
No início da semana passada, os organizadores divulgaram a regra de permitir até 10 mil torcedores nas arquibancadas ou 50% da capacidade do estádio (o que for menor). Apenas o público japonês poderá frequentar as competições.
O comitê, porém, divulgou na época que essa permissão poderia ser revogada dependendo da situação da pandemia no país. O estado de emergência atual, que impõe uma série de limitações aos cidadãos, será encerrado no próximo dia 11, mas pode ser estendido. A Olimpíada terá início no dia 23 de julho.
Segundo a agência Kyodo News, na próxima quinta-feira, os organizadores devem ter reunião com o COI (Comitê Olímpico Internacional) para discutir a questão do público. O encontro será realizado se o estado de emergência for prorrogado pelo governo.
Algumas soluções estão sendo estudadas. Uma delas é a proibição completa de público. Outra é limitar em no máximo 5.000 pessoas nos estádios, mantendo a regra de ocupação de no máximo 50% das arquibancadas. Segundo o diário Yomiuri Shimbun, as prefeituras de Chiba e Saitama, cidades próximas a Tóquio, pediram outra limitação: que o público fosse proibido de frequentar eventos noturnos.
O Comitê Organizador já voltou atrás anteriormente. Depois de sinalizar que poderia permitir a venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios sob determinadas regras, os dirigentes decidiram proibir a iniciativa.