O Corinthians viveu uma noite apagada em campo e não conseguiu sair do empate sem gols com o Vitória. Mesmo sob os olhares do novo técnico da seleção Carlo Ancelotti, o protagonismo da noite foi mesmo o caos político vivido pelo clube nos últimos dias.
O diretor executivo Fabinho Soldado fez um pronunciamento antes da coletiva do técnico Dorival Jr. A intenção era dar respaldo ao treinador para que ele não precisasse responder sobre questões políticas.
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Geralmente, Soldado passa pela zona mista para dar declarações pontuais sobre o jogo, mas o caos político é tamanho que outra ação precisou ser tomada. O diretor, no entanto, não respondeu perguntas após o pronunciamento.
Enquanto isso, na zona mista, o lateral Matheuzinho e o meia Garro precisaram responder questões sobre o cenário político conturbado. Ambos foram questionados mais de uma vez sobre a situação e seus reflexos para os jogadores.
"Ficamos sabendo pela internet. Não está no nosso alcance, só o futebol. Tentamos nos blindar ao máximo para ter o melhor ambiente no CT. O futebol estando bem, o clube consegue caminhar, mesmo que devagar. Procuramos não nos intrometer nos assuntos políticos. Nos sentimento blindados porque confiamos na palavra do Soldado. Ele é nosso comandante. Ele fala que vai trazer paz para nosso elenco, é o porta-voz da diretoria. Se ele transmite isso, não temos porque ficar com esse peso. Mas é chato, né, pela torcida, pelo clube", disse Matheuzinho.
"Todos que torcem pelo Corinthians, em algum momento são afetados. Saber que as coisas lá em cima e quem controla o clube não está dando certo atrapalha um pouco. Mas não no futebol, fora disso. Não temos que falar disso, temos que nos blindar e trabalhar para dar alegria ao torcedor que está passando sobre isso. Soldado é nosso cara. Tenho um carinho por ele, pois foi quem fez muito para que eu ficasse aqui. É nossa voz e nos dá respaldo", falou Garro.
ENTENDA O CASO
O Corinthians vive uma enorme turbulência desde que Augusto Melo foi afastado do cargo em um impeachment votado por membros do Conselho Deliberativo, presidido por Romeu Tuma Júnior. O ato ocorreu no último dia 26.
Desde então, o vice Osmar Stabile assumiu a presidência de maneira interina, mas quase saiu da cadeira no último fim de semana.
Augusto tentou voltar ao poder no último sábado. Ele e alguns aliados estiveram no Parque São Jorge para tirar Stabile do cargo.
O dirigente e seu grupo se basearam em um requerimento do Conselho de Ética que pediu o afastamento de Tuma, presidente do Conselho Deliberativo (CD) e articulador do impeachment.
O documento foi produzido no dia 9 de abril, mas oficializado apenas na última sexta-feira nos corredores do Parque São Jorge.
O Conselho de Ética, no entanto, é apenas um braço do CD e não tem poder, sozinho, de afastar Tuma é necessária uma votação envolvendo outros conselheiros para decretar ou não a saída temporária.
Diante do suposto afastamento, Maria Angela de Souza Ocampos, que é secretária do Conselho de Ética, disse ter assumido o CD porque Roberson de Medeiros, que seria o vice de Tuma, está de licença médica.
Maria Ângela afirmou que todas as decisões de Tuma, incluindo a votação de impeachment, não estão valendo mais nada desde 9 de abril por isso o Augusto teria que retornar ao cargo.
Osmar Stabile, que estava na cadeira de presidente, rejeitou deixar o cargo em meio ao caos já instaurado no 5° andar da sede social.
A polícia foi chamada após alegação de golpe, e mais de 50 pessoas foram retiradas do andar em meio à invasão de torcedores. Já fora da sede, Augusto prometeu fazer um BO (boletim de ocorrência) por ameaças.
Stabile continua como presidente legal de forma interina e foi corroborado por Leonardo Pantaleão, superintendente jurídico do Corinthians, que rechaçou a tentativa produzida por Augusto e seus aliados ao "Meu Timão".
STABILE CRAVA: NADA MUDA
Stabile emitiu uma nota repudiando a atitude de Augusto. Ele participou normalmente do jogo contra o Vitória como presidente e, inclusive, recebeu Carlo Ancelotti em uma das tribunas da Neo Química Arena.
Na qualidade de Presidente do Sport Club Corinthians Paulista, venho a público manifestar, em nome do clube, o mais veemente repúdio a todo e qualquer ato de violência que atente contra a lei, a democracia e os princípios da boa convivência.
O Corinthians tem uma história marcada pela luta por justiça, igualdade e respeito à democracia. Não compactuamos com atitudes que violem os direitos fundamentais, que fomentem o ódio ou que ameacem o Estado Democrático de Direito.
nesta segunda-feira (02) é um dia triste na história centenária desse clube que é a razão de muitos torcedores. Pedirei punição severa aos responsáveis pelo ato vil que manchou a história do Corinthians na tarde desta segunda-feira (02).
Ao verdadeiro torcedor corinthiano, maior prejudicado nesta confusão, presto o devido esclarecimento de que não houve qualquer alteração no atual quadro diretivo do Clube.
Reforço também, para entendimento amplo, o aviso de que toda e qualquer mudança respeitará o Estatuto, que, neste caso, não abre possibilidade de afastamento do presidente do Conselho Deliberativo sem a devida aprovação em plenário a ser feita pelo órgão, independentemente de ofícios expedidos pelas comissões.
Reiteramos nosso compromisso com a paz, com o diálogo e com a construção de um ambiente pacífico e de respeito ao Corinthians. Que prevaleça sempre o respeito aos valores que fundamentam a vida em sociedade.
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