Natural de Londrina, Saulo Yago Umbelino Mantovani, de 14 anos, foi o grande campeão das Paralimpíadas Escolares 2025 na categoria Parabadminton SI, na qual competem atletas com deficiência intelectual. Ele treina há dois anos no Ilece (Instituto Londrinense de Educação para Crianças Excepcionais) Cafezal, na Zona Sul, e representou o Paraná na disputa pelo título contra atletas de 12 estados. A vitória o classificou para o 1º Open Internacional Sul-americano de Parabadminton, que será realizado em julho, em Londrina.
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Saulo possui deficiência intelectual e mora com a avó no Jardim Leonor, Zona Oeste - próximo ao Jardim Nossa Senhora da Paz, conhecido como Bratac. A dedicação e os treinos quatro vezes na semana foram recompensados, com a subida ao pódio no maior evento esportivo do mundo para jovens com deficiência em idade escolar, realizado em novembro.
O adolescente contou que ficou nervoso durante as partidas, mas ao ouvir os conselhos de seu técnico Edmundo Novais, pôde se concentrar e sair invicto. “Pedi para ele ter calma, porque o nervosismo não ajuda a ganhar, só atrapalha. Ele fez um ótimo jogo, acertou bem os golpes defensivos e ofensivos, não dando chance para o adversário”, contou o professor de Educação Física sobre a final contra um atleta do Pará que resultou em 2x0.
‘Raquetada’
Saulo disse que praticou bastante e estava confiante de que venceria o paraense. “Eu gosto mais de atacar, meto a raquetada, não pode dar moleza para os adversários, se der moleza eles ganham. Dessa vez vou treinar mais ainda para ganhar dos outros”, garantiu o jovem atleta, almejando um bom desempenho no Open Internacional Sul-americano e um aumento na frequência de treinos.
O trabalho duro resultou em outras premiações escolares, sendo que a coleção do jovem conta com 27 medalhas. São 15 de ouro, nove de prata e três de bronze, destas, três são no atletismo, outro esporte no qual Saulo mostra aptidão. “Está valendo muito a pena treinar pesado, chego em casa cansado com o professor arrancando o meu couro todo dia”, brincou o jovem.
A edição de 2025 das Paralímpiadas Escolares foi realizada em São Paulo e teve recorde de atletas, com 2.056 participantes oriundos das 27 unidades federativas brasileiras.
Ferramenta de inclusão
Saulo é um dos 27 estudantes do Ilece Cafezal que treinam badminton. A instituição oferece outros esportes, como atletismo e tênis de mesa, com atletas que se destacam em nível nacional. Os alunos têm uma variedade de opções, sendo avaliado em qual delas a aptidão é maior.
Novais pontuou que o esporte é “uma ferramenta de inclusão social muito poderosa e precisa ser incentivada”. “Ele ocupa uma lacuna a nível social que é sempre desmerecida dentro da nossa sociedade, que é a visão do incapaz de fazer qualquer coisa. É um meio muito forte de mostrar que ele tem a mesma capacidade que os demais”, considerou o técnico.
Quase 'ficou pelo caminho'
O professor de Saulo contou que o menino enfrenta muitas barreiras que poderiam impedi-lo de continuar estudando e treinando, mencionando que ele “mora em um local de alto risco”. Até os 12 anos de idade, uma família bancava o transporte escolar do adolescente, que ia e voltava do Ilece de van. Com dificuldades financeiras, ela não pôde mais continuar pagando, com Saulo dependendo do dinheiro arrecadado em vaquinhas para a manutenção do pagamento.
Com o fim das doações, o menino ficou cerca de três semanas sem ir à escola, até que sua avó, que tem a saúde frágil, o ensinou os trajetos para que ele andasse de ônibus. “Isso com 13 anos, e ele conseguiu superar essa fase bem difícil, senão, tinha ficado pelo caminho”, recordou Novais.
Como ajudar
O técnico informou que interessados em doar materiais esportivos ou dinheiro, para viabilizar a participação dos atletas em competições, podem entrar em contato com ele por WhatsApp -(43) 98828-7789.