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Um combate de gerações, ‘F1: O Filme’ é um poderoso tributo ao universo do automobilismo

10 jul 2025 às 15:32

Atrás de um volante é quando uma pessoa consegue atingir velocidades que o ser humano não foi concebido para sustentar, mas essa barreira biológica é rompida toda vez que alguém controla um Fórmula 1. É correndo nesse sentimento que o novo longa-metragem “F1: O filme”, estrelado por Brad Pitt, se monta. Levando o público a imergir dentro de um cockpit como nunca antes, a produção hollywoodiana que estreou na última quinta-feira (26) abraça não apenas a glória e adrenalina vivida pelos pilotos - por mais que a história gire em torno deles - mas todo o universo do esporte, dos boxes à fábrica.


Sonny Hayes - personagem de Pitt - é um ex-piloto de F1 que, durante os anos 90, correu ao lado dos maiores pilotos da história do automobilismo (Senna, Prost, Schumacher) e, mesmo ao lado deste panteão da velocidade, era visto como um prodígio. Porém, devido a uma disputa de posição com o lendário Ayrton Senna, Hayes sofre um gravíssimo acidente ao tentar ultrapassá-lo em uma curva. Rendendo-lhe cicatrizes internas e externas tão profundas que, naquele momento, sua vida estacionou. 


Este momento trágico foi baseado - assim como outros momentos do filme - em um acidente que, de fato, ocorreu na pista. O corpo estendido que vemos no longa é o do piloto britânico Martin Donnelly, que se deparou naquele instante entre a vida e a morte, em 28 de setembro de 1990, no GP da Espanha. Assim como o personagem de Pitt, ambos sobreviveram ao ocorrido, porém o resto de suas histórias é diferente, já que o britânico nunca mais teve a chance que Hayes viria a receber de seu amigo.


É Ruben Cervantes (Javier Bardem), dono da fracassada e a beira da falência APXGP, quem recorre à Hayes para oferecer não só a chance de salvar sua equipe de um fim certo, mas para tirar os freios de seu antigo amigo e lhe dar a oportunidade de, 30 anos depois, voltar às pistas e mostrar ao mundo o piloto que nunca pôde ser.


O filme torna viva a ideia do confronto entre duas gerações de pilotos, duelado entre Hayes e Joshua Pearce (Damson Idris) - companheiro de equipe na APXGP. O combate dos personagens é conceitual também, Hayes representa o clássico ideal de um piloto de corrida, vivendo pela emoção de estar entre quatro rodas e o incansável desejo pela vitória, ficando inconformado até que esse resultado seja conquistado. Enquanto, do outro lado, Pearce é a encarnação do piloto que se preocupa mais com sua aparência em frente às câmeras e patrocinadores do que a história contada nas pistas - embora tenha muita habilidade.



Dessa rivalidade, cheia de potência, em máquinas que podem alcançar 300 km/h em questão de segundos, o desenvolvimento do longa é extremamente empolgante de acompanhar. Transmitindo a eletrizante energia de assistir à um ‘Grand Prix’ para as poderosas salas de cinema, possibilitando que todos sintam uma fração da velocidade que os 20 melhores pilotos têm o privilégio de experienciar.


O design do som e a música fazem parte da engrenagem responsável por esse sentimento. O compositor Hans Zimmer volta ao uso do techno e o combina com tons melancólicos - característicos de suas trilhas. Essa combinação acrescenta o ritmo de urgência, perigo e busca pela vitória da trama. Levando o espectador a inconscientemente torcer e vibrar na sala escura pela vitória da equipe fictícia. Soma-se a isso detalhes como: a vibração dos motores, jogo de pneus nas curvas, som das trepidações ao passar em cima das ‘zebras’ e, até mesmo, a sujeira da pista. O resultado final é uma imersão sonora que coloca o público no banco do passageiro desta montanha russa cinematográfica.



Além de ser mais um grande filme automobilístico - juntando-se aos excelentes ‘Ford Vs Ferrari’ e ‘Rush’ -  essa produção tem um feito que nenhum outro longa do gênero antes tinha alcançado. Conseguiu ser gravado e contou com a colaboração de pilotos, equipes, chefes de equipe e personalidades conhecidas do campeonato real de Fórmula 1. A APXGP conseguiu um espaço oficial entre os boxes das 10 equipes nos finais de semana dos Grandes Prêmios da temporada de 2023-2024. Isso tudo contribui imensamente para transportar veracidade e a atmosfera para a tela. Outro ponto que agrega a autenticidade da obra é a consultoria técnica do heptacampeão, Sir Lewis Hamilton, que dá precisão aos detalhes e não deixa escapar pontas soltas, garantindo um selo de realismo. 



O diretor Joseph Kosinski e o roteirista Ehren Kruger, conseguem ser bem sucedidos novamente e, assim como fizeram em ‘Top Gun: Maverick’, mostram o poder que a combinação de máquinas poderosas e uma boa cinematografia podem entregar ao público. Se na vez anterior a potência estava nos céus, com Tom Cruise sentado em um F-18, desta vez, Kosinski dirige outro astro de Hollywood dentro de uma poderosa - e também milionária - máquina, que só não voa porque lhe falta asa. 


Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor, que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá." Ayrton Senna


Hayes é a personificação dessa busca, a inegociável jornada de um piloto rumo ao primeiro lugar e a chance de dizer, ao menos uma vez, que é o melhor do mundo.



*Com supervisão de Guto Rocha


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