Uma cidade não é formada apenas por prédios, monumentos, avenidas e pessoas, mas também pela visão que seus habitantes têm dela. Esta parece ser a mensagem implícita na exposição ''Retratos de Londrina'', inaugurada em 9 de dezembro, quinta-feira, no Museu de Arte da cidade.
Na mostra, que estará em cartaz até 20 de janeiro de 2005, serão apresentadas 43 fotos em preto-e-branco de locais conhecidos de Londrina, como o Calçadão, a Concha Acústica, o 'Relojão' sobre o Edifício América e o Lago Igapó, feitas pelo fotógrafo Walter Ney, 47 anos.
Ney conta que o projeto, que tem apoio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), nasceu da idéia de prestar homenagem à cidade e também ao lendário Henri Cartier Bresson.
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''Hoje em dia, usa-se muito a fotografia digital, e eu queria pagar tributo ao estilo do Bresson, com filme em preto-e- branco. O projeto se chamava a princípio 'Londrina Mon Amour' e ao longo do trabalho foi sofrendo algumas alterações, embora tenha sido mantida a idéia original'', conta o fotógrafo.
Dentro desse conceito, pontos conhecidos da cidade foram fotografados em ângulos inusitados: a Rodoviária, num registro em fim de tarde, assemelha-se ainda mais a um disco voador. Uma foto do Igapó foge dos clichês ao valorizar o desenho irregular do reflexo da ponte sobre as águas. Ney diz não foram colocadas legendas nas fotos justamente para valorizar essa estranheza das imagens.
''Quis fotografar a cidade com os defeitos que ela tem, de forma nada romantizada. Ao mesmo tempo, não se trata de uma crítica radical'', argumenta Ney. No texto de apresentação, há uma puxada de orelhas que remete a uma das imagens expostas: ''Qual Catedral vocês preferem?''. ''Para entender, tem que visitar a exposição'', avisa Ney.
A família do fotógrafo, oriunda de Andaraí, Bahia, se mudou para Londrina quando ele tinha dois anos. Há dez anos Ney se dedica a projetos autorais de fotografia. Ele já prestou outras duas homenagens à cidade de terra vermelha que o acolheu, o livro de crônicas ''Tempo de Infância'' (1997) e a exposição ''Margens do Igapó'' (2002), que virou livro.
''O que é possível perceber é que Londrina é uma cidade nova e velha. Você vai à Vila Casoni e tem a impressão de que está nos anos 40, 50. Depois, segue até o Centro e já encontra a tecnologia, a modernidade, o trânsito, as pessoas com pressa'', teoriza Ney.
Serviço:
Exposição fotográfica ''Retratos de Londrina'', de Walter Ney
DAta: De segunda a sábado, entre 09 de dezembro de 2004 e 20 de janeiro de 2005
Local: Museu de Arte de Londrina
Endereço: Rua Sergipe, 640
Entrada franca
Horário: das 10 às 18 horas de segunda a sexta-feira e das 8 às 13 horas aos sábados