Após muito falatório (tanto a favor quanto contra), o Curitiba Pop Festival finalmente será realizado, nesta sexta-feira e sábado, 02 e 03 de maio, na Ópera de Arame. O evento faz parte da programação da Capital Americana da Cultura, um título concedido a Curitiba por uma Ong com o mesmo nome, situada em Barcelona. Esta grande festa reúne durante dois dias 20 bandas, de várias regiões do Brasil e do mundo, no requintado espaço da Ópera de Arame, que passou por grandes transformações para sediar o evento.
A programação valorizou o indie rock, gerando satisfação no público amante do estilo, e causando revolta nos defensores de outros gêneros musicais, o que é absolutamente normal. Mesmo não tendo a presença dos bam-bam-bans do estilo, como havia sido noticiado no começo (cogitou-se a presença de artistas como Radiohead, The Hives, White Stripes e outros do mesmo calibre), continua sendo um grande show, uma vez que Curitiba nunca contou com uma festa deste porte, em se tratando de indie rock.
As principais atrações são os estrangeiros The Breeders, Stereo Total e Rubin Steiner. A primeira é a mais conhecida no Brasil, e também é a atração mais aguardada. O motivo de tanta atenção é a presença de Kim Deal, ex-baixista dos Pixies, que fundou o Breeders no início dos anos 90 e emplacou os hits alternativos "Canonball" e "Divine Hammer" em 1994. O grupo hibernou por alguns anos, retornando em 2002, com o álbum "Title TK", que decepcionou muitos fãs, por ser um disco fraco, não compensando a longa espera. Ainda assim, o show do grupo é o mais esperado do Curitiba Pop Fest. Obviamente, o público espera pelas canções mais antigas.
Já Rubin Steiner (da França) e Stereo Total (um duo formado por uma francesa e um alemão) freqüentam a praia da eletrônica e do lounge, mas são pouco conhecidas no Brasil. O primeiro tem bases no techno e no hip hop, enquanto o Stereo Total aposta em uma mistura de new wave, bubblegun e electro, produzindo uma música mais divertida.
Na área nacional, os maiores artistas são Otto e Nação Zumbi, ambos oriundos da efervescência Mangue Beat, que rendeu bons frutos para a cena musical brasileira. Otto aposta em uma mistura de samba e ritmos regionais com sonoridades mais atuais. Já a Nação Zumbi está em seu melhor momento desde a morte de Chico Science. Em seu último álbum, a banda conseguiu finalmente exorcisar o fantasma do antigo vocalista e produzou um tipo de música com outra personalidade, rica em batidas regionais fortes, aliadas a sons estrangeiros. O grupo deve roubar a noite - eles tocam antes de Breeders, que terá muito trabalho para superar a apresentação da Nação, considerada como um dos melhores artistas ao vivo do Brasil.
Entre as bandas nacionais independentes, a escalação promete boas performances. O Tara Code, de Salvador, deverá sair como revelação do festival. O grupo junta trip hop com rock e jazz. A mineira Valv tem a proposta interessante do post rock, mas convém embarcar na viagem deles para curtir o show. Garantia de bom show é com a gaúcha Bidê ou Balde, um dos grandes nomes do rock gaúcho atualmente. Numa linha sixtie, estão os curitibanos Faichecleres e os gaúchos Cachorro Grande, com performances altamente desmioladas (no bom sentido, é claro).
Nem precisava dizer que Os Catalépticos vão realizar um dos melhores shows do festival. Esse trio power psychobilly, conceituado internacionalmente, é sempre destaque por onde passa. O Primal... (assim mesmo, com reticências) acabou de lançar seu primeiro CD e prometeu um show de metal alternativo bastante performático. É possível que eles tragam um esmeril para o palco. Do elenco do selo Monstro Discos, estão os gaúchos Walverdes e os goianos do MQN, outras duas unanimidades em se tratando de shows incendiários e grande presença de palco. Completam o time as bandas Criaturas, com seu rock sessentista; o Bad Folks, trazendo o melhor do folk rock; a Suite #5, tipicamente indie; o E.S.S., com sua mistura de indie e eletrônica; e o Monokini, que junta bossanova com rock.
As noites foram divididas conforme a linhagem musical. A sexta-feira, 02 de maio, será o dia pop/eletrônico, enquanto no sábado, o que impera é o bom rock, em suas diversas facções (confira no final da matéria os horários de cada grupo)
A metamorfose da ópera
O espaço interno da Ópera de Arame foi transformado numa grande casa de shows e espaço cultural alternativo para receber o Curitiba Pop Festival, A área da platéia foi totalmente modificada, com a retirada temporária das cadeiras e a instalação de três tablados, em desnível. Esta estrutura criou ambientes versáteis, nos quais o público poderá circular com comodidade, segurança e boa visão dos shows.
Nas laterais da platéia, seis bares estarão funcionando, enquanto o espaço dos camarotes abrigará lojas de discos, sebos, estandes de gravadoras independentes e comércio alternativo. Na parte inferior do teatro, por sua vez, foi criada uma grande praça de alimentação, além de posto de saúde e área de descanso.
Comércio perambulante
Além das performances ao vivo das 20 bandas, o público do Curitiba Pop Festival também encontrará produtos ligados à musica independente, em lojas instaladas no anel superior da Ópera. Numa espécie de galeria alternativa, o local abrigará estandes como o do Sebo 264 (especializado em livros), Barulho Records (CDs, camisetas e produtos ligados ao rock), Trama (material das bandas desta gravadora), Selo Cartel (CDs). Haverá ainda espaço para que os grupos participantes do CPF vendam seus CDs, fitas demo e outros produtos.
Como chegar
A Ópera de Arame foi escolhida pela realizadora do evento, a produtora Tatuapé Produções, por sua versatilidade, além de ter a dimensão ideal para o volume de público esperado pelo evento. Para maior segurança, os portões estarão abertos às 14 horas, uma hora antes do início dos shows. As linhas de ônibus que atendem ao local estarão operando normalmente durante o festival: Mateus Leme (saindo da Praça Tiradentes) ou Nilo Peçanha (partindo da Trav. Nestor de Castro). No sábado, dia 3, encerramento do evento, quando é esperado maior público, haverá uma linha especial para o retorno do público ao centro da cidade.
Compre seus ingressos com antecedência
Os ingressos estão sendo vendidos em três postos de venda: na própria Ópera de Arame (R. João Gava s/n - Bairro Pilarzinho - das 13h às 18h); na loja Barulho Records (Shopping Omar - Piso Comendador Araújo - no centro - das 10h às 18h) e no Memorial de Curitiba (espaço cultural localizado no Largo da Ordem, no Bairro São Francisco - das 13h às 18h).
A venda também está sendo feita pela internet, no site www.curitibapopfestival.com. No dia dos shows, os ingressos só poderão ser comprados na Ópera de Arame, sem venda pela internet. O preço é de R$ 25,00 para um dia e R$ 40,00 para os dois. É também na Ópera o único ponto de venda para meia entrada para estudante. A organização alertou que cada estudante poderá comprar apenas um ingresso para cada noite, e que será obrigatório apresentar a carteirinha para entrar no evento.
Leia também:
>> Festas animam o público antes, durante e depois do Curitiba Pop Festival
>> Uma avaliação das atrações do CPF pelo colunista Fábio Galão
Serviço:
Curitiba Pop Festival
Local: Ópera de Arame
Endereço: R. João Gava, s/ nº - Pilarzinho/Abranches
Datas: 02 e 03 de maio, sexta-feira e sábado
Horário: Os portões abrem às 14h. O primeiro show começa às 15h
Site: http://www.curitibapopfestival.com
Telefone: (41) 321-3371
Programação:
Dia 02 de Maio - Noite Pop / Eletrônica
15h00 Vurla (São Paulo)
15h45 Bad Folks (Curitiba)
16h30 Valv (Belo Horizonte)
17h15 Suite # 5 (Campinas)
18h00 E.S.S. (Curitiba)
18h45 Monokini (São Paulo)
19h30 Tara Code (Salvador)
20h30 Otto (Recife)
22h00 Rubin Steiner (França)
23h30 Stereo Total (Alemanha)
Dia 03 de Maio - Noite Pop / Rock
15h00 Criaturas (Curitiba)
15h45 Bidê ou Balde (Porto Alegre)
16h30 Faichecleres (Curitiba)
17h15 Walverdes (Porto Alegre)
18h00 Os Catalépticos (Curitiba)
18h45 Primal... (Curitiba)
19h30 MQN (Goiania)
20h30 Cachorro Grande (Porto Alegre)
22h00 Nação Zumbi (Recife)
23h30 Breeders (EUA)