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Aventure-se pelo Guartelá

Melissa Medroni
13 fev 2002 às 17:25
Cachoeira da Ponte da Pedra: queda de 200m - divulgação
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Para muita gente os canyons estão relacionados a uma paisagem árida, com abismos de pedra e cactos, típica do Grand Canyon, o maior e mais famoso do mundo, localizado no estado norte-americano do Arizona. Se trocarmos o clima árido e rochoso por uma paisagem semelhante coberta de verde, corredeiras, quedas d'água e inscrições rupestres chegamos mais perto do conceito brasileiro de canyon. É assim com o Parque Estadual do Guartelá, o sexto maior do mundo, situado entre as cidades paranaenses de Castro e Tibagi. Suas altitudes variam de 700 a 1.200 metros, numa exensão de 32 quilômetros.
Para quem gosta de aventura o Guartelá é o local ideal. No parque, além de ser permitido acampar gratuitamente - sob prévia autorização da Prefeitura de Tibagi - é possível praticar rapel, trekking e rafting. Se o objetivo é apenas entrar em contato com a natureza, as opções também são diversas. Pousadas e propriedades rurais da região abrem suas portas para o ecoturismo e oferecem desde áreas esotéricas para meditação até parques aquáticos e passeios a cavalo.
Homens das cavernas
O nome do Canyon Guartelá vem de uma expressão antiga. Conta-se que um morador da região mandou prevenir um compadre vizinho do ataque iminente dos índios caingangues, transmitindo-lhe a advertência: "Guarda-te lá que aqui bem fico", da qual derivou a palavra Guartelá. Os antecessores dos índios caingangues ou guaranis são os mais prováveis responsáveis pelas pinturas nas rochas, produzidas há mais de oito mil anos. As inscrições rupestres retratam cenas de caça e de outros hábitos que faziam parte do cotidiano dos índios.
Estas pinturas são encontradas em diversos pontos do parque, mas a poucas é permitido o acesso de turistas. Na área central, uma trilha de cerca de meia hora conduz a um dos pontos dos registros históricos, acolhidos em uma espécie de mini-gruta. O principal empecilho é uma pedra gigante que impede a chegada dos menos corajosos até o ponto exato das imagens, espalhadas pelo teto rochoso. Isso porque, se de um lado há só pedra, do outro abre-se um abismo. Quem não conseguir transpor a pedra não sai perdendo. A vista é compensadora.
Pernas pra que te quero
A maioria das trilhas têm início já na parte baixa do parque. Para atingí-la antes é preciso passar pelo Centro de Visitantes, onde estagiários recepcionam os visitantes com vídeos e mapas explicativos. O centro é o ponto de acesso ao parque - é ali que fica o carro e começa a pernada - e é onde os aventureiros recebem as últimas recomendações. Para a maioria dos passeios é necessária a presença de um monitor do parque ou um guia contratado, medida adotada a pouco tempo pelo IAP para garantir a preservação local e que deixou indignada muita gente acostumada a andar livremente pela região.
Do Centro de Visitantes são vinte minutos de descida íngreme por uma estrada de cascalho até a ponte sobre o Rio Pedregulho, que dá acesso à área de camping e a um pequeno bosque. O Parque tem uma estrutura de quiosques com churrasqueira, banheiro e água potável para 25 barracas e abre de quarta a domingo, mas é permitido permanecer acampado nos outros dias gratuitamente, basta obedecer a algumas normas, como não fazer fogueira. Aparelhos de som e instrumentos musicais são proibidos.
Água corrente
O acesso até a mais bela cachoeira do parque, a da Ponte de Pedra, é facilitado por trilhas sinalizadas. No caminho, um amplo mirante de madeira é parada obrigatória. Ele tem vista para as margens opostas do canyon e para as corredeiras do rio Iapó, que corta o abismo ao meio. De volta à trilha, acompanha-se um bom trecho do rio que vai formar a cachoeira da Ponte da Pedra. Em certos pontos, pequenas cachoeiras e piscinas naturais que não são mais liberadas para banho. Só é permitida a entrada na água dos panelões do semi-douro, que tem duas banheiras naturais.
Em pouco tempo, chega-se ao ponto mais bonito do parque. A água da cachoeira da Ponte da Pedra esculpiu uma passagem natural nas rochas para despencar de uma altura de 200 metros. A vista para a margem oposta proporciona uma sensação única. A descida até as margens do rio também só é permitida se acompanhada por um guia ou monitor.
Para não ficar parado
Nem só de tranqüilidade vive o canyon do Guartelá. Por ali passam grandes competições esportivas - no ano passado Tibagi sediou o VI Campeonato Brasileiro de Rafting - e amantes de diversas modalidades de esportes radicais. É possível praticar rafting no rio Tibagi, onde equipes com botes levam grupos para uma descida de quase meia hora, por uma taxa que varia de R$ 20 a R$ 30. A prática é acessível a iniciantes, já que é feita num ponto onde o nível de dificuldade é considerado baixo (nível 2). Também há a opção de fazer rapel nas cachoeiras do Ataul, um dos locais mais altos do canyon (150m divididos em seis quedas).

Serviço:
Pousada Guartelá

Telefone: (42) 9973-2370
Preço: R$ 120 diária do chalé para 4 pessoas
Parque Pousada do Canyon Guartelá
Telefone: (42) 9973-2370
Preço: diária casal R$ 80. Chalé para 4 pessoas: R$ 230 o fim de semana. Taxa de visitação para passar o dia: R$ 8 (sábados, domingos e feriados), demais dias R$ 6
Atrações: monumentos esotéricos, templo massônico e "Círculo Místico dos Druídas", ideal para meditação em grupo. Também possui parque aquático.
Pousada Rural Longe Vista
Telefone: (42) 275-1104
Prefeitura de Tibagi
Autorização para acampar e informações sobre o parque
Telefone: (42) 275-2437
Instituto Ambiental do Paraná (IAP)
Telefone: (42) 225-2757
Associação de Condutores
Guias e monitores que acompanham os passeios
Telefone: (42) 275-1376
Canyon Aventuras
Agência localizada em Tibagi que leva grupos para fazer trekking, rafting e rapel no Guartelá
Telefone: (42) 275-1751/ 275-1075/275-1278

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