Literatura

Alunos e professoras de Londrina unem amor e literatura em noite de autógrafos

27 nov 2025 às 17:53

"Diante de vocês, estão crianças que descobriram algo precioso: que as suas histórias importam e que as suas ideias têm força para tocar alguém". Foi com esse discurso que Débora Rodrigues - professora da Escola Municipal José Gasparini, localizada no Conjunto Farid Libos (Zona Norte) - abriu a noite de autógrafos das turmas do 2º ano do ensino fundamental da instituição, nesta quarta-feira (26), no Spazio Giardino, em Londrina.


Ela e as colegas de profissão Natasha Schiavinato e Raissa Rodrigues prepararam uma "noite de gala" para dezenas de estudantes de três turmas da escola, a fim de promover o lançamento dos livros feitos em coparticipação entre as docentes e as crianças. "Talvez tudo tenha começado assim" foi pensado pela turma do 2ºA (professora Natasha); "O começo e o fim em formas geométricas" pelo 2ºB (professora Raissa) e "A cartinha que chegou ao céu" pelo 2ºC (professora Débora).


O evento foi marcado por emoção, sentimento que pôde ser presenciado em uma das cenas mais bonitas da noite, quando os alunos leram as sinopses dos seus respectivos trabalhos. O nervosismo de um dos estudantes e o amparo de sua professora na ocasião renderam aplausos e lágrimas dos familiares presentes.


Destaque também para os discursos das profissionais responsáveis pelas obras, que expressaram o amor pelas crianças em cada frase dita. "A gente sonhou este momento especialmente para vocês. Hoje o céu brilha, porque vocês são as nossas estrelas", disse Natasha.


Raissa salientou a importância do apoio familiar em cada passo dado pelos pequenos. Para ela, a publicação dos livros representa o poder da criatividade em consonância com o ato de acreditar nos talentos individuais de cada um. "É muito importante que eles sintam a presença de vocês. Este livro nasceu de mãos pequenas, mas também de ideias grandes e da imaginação viva dos nossos alunos. Vê-los nesta noite se reconhecendo como autores é uma coisa que me lembra o porquê escolhi estar aqui", discursou Raissa.


Débora se emocionou ao falar diretamente com os seus alunos. Segundo ela, a turma é a consolidação do seu sonho profissional. "Foi uma das experiências mais bonitas que já vivi como professora. Crianças, obrigado por me lembrarem que ensinar também é aprender."


Rede de apoio


De acordo com as professoras, a publicação dos livros só foi possível por meio de uma rede de apoio. Os recursos foram angariados com a ajuda dos pais, amigos e das próprias docentes.


"Não estava no currículo escolar. Partiu da nossa cabeça a ideia. A partir daí, começamos todo o processo de elaboração, desde o trabalho com as crianças até a diagramação”, explicou Natasha. "A gente pediu ajuda para os pais, mas também pedimos doação de outras pessoas. Até os meus pais doaram dinheiro. O salão foi doado também. Foi um trabalho de nós três juntas. Fomos atrás de tudo", completou Raissa.


Apesar da ideia ter surgido em grupo, o processo de criação foi individual das professoras com as suas respectivas salas. Segundo Natasha, além de valorizar a criatividade das crianças, o projeto é importante para instigá-las à leitura.


"Hoje em dia, eles ficam muito focados na internet, em celulares e em jogos e cada vez menos têm contato com livros. É uma tentativa de que eles se encantem e se apaixonem pela leitura, que abre muitos caminhos."


Preferência pela alfabetização


As três docentes têm uma característica em comum: o amor pela fase de alfabetização dos alunos. Para elas, essa é a fase mais importante no processo educacional, com reflexos diretos no futuro.


"O nosso pedido é sempre para permanecer no 2º ano do fundamental, porque a gente ama essa fase. Eles são extremamente criativos, abraçam a causa junto com a gente", disse Natasha.


"Eu sou formada em Sociologia, então já tinha dado aula para adolescentes e adultos e depois fui me aventurar a dar aulas para crianças. Também me encontrei aqui, pois a forma que eles aprendem é única", destacou Raissa.


"O segundo ano é a fase final da alfabetização. Vê-los começando aqui com a gente, com muita dificuldade, e, depois, produzindo textos, fazendo leituras com fluência. É um trabalho que a gente vê resultado", completou Débora.


Carta para o céu no balão


A história escolhida pelo 2ºC já é conhecida na internet. Em agosto, o Portal Bonde noticiou a atividade promovida pela professora Débora em apoio à estudante Lívia Schineither, que permitiu a criança enviar uma carta emocionante ao céu no Dia dos Pais. A menina havia perdido o pai há pouco tempo.


De acordo com Débora, a escolha do tema foi um consenso entre os amigos de Lívia. “Conversei com a turma e perguntei sobre o que poderíamos escrever. Em conjunto, decidimos eternizar a história do balão, que marcou a nossa turma. No livro tem um pouquinho de cada uma das crianças.”


Para a mãe de Lívia, Diane da Silva, ver uma história tão pessoal sendo ressignificada e eternizada no livro “não tem preço”.


"É muito gratificante ver esse gesto das professoras de carinho com os alunos. Isso mexe muito comigo até hoje. Fiquei muito emocionada e só tenho a agradecer. A minha filha ficou muito feliz. Vi os olhos dela cheios de lágrimas também. Fez uma diferença enorme na vida dela”, afirmou. Lívia compartilhou do mesmo sentimento. "Eu tô muito feliz. Foi uma ideia bem legal, me senti a estrela da noite.”


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