“Sim, o mundo está absurdamente esquisito. Já ninguém confia nas imposições dos prefeitos, a esta hora na terra é um tanto carnaval, um tanto conspiração, um tanto medo. Metade fé, metade folia, metade desespero”.
O texto “Fevereiro”, da poeta portuguesa Matilde Campilho, é o ponto de partida para o espetáculo “Mercúrio”, atração do Festival de Dança de Londrina na noite deste domingo (dia 8), às 20 horas, no Teatro Ouro Verde.
Idealizada pelo bailarino Luiz Oliveira, integrante do elenco do Balé da Cidade de São Paulo, e coreografada pelo renomado Henrique Rodovalho, a montagem trata de encontros, de desencontros, de amor e de coragem.
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“Por meio do poema declamado pela própria autora, o espetáculo é instigado, é provocado a existir e a ser exposto. A obra em cena, uma dança de corpos e de intenções múltiplas sobre uma relação de amor com suas leituras e possibilidades de existências, se revela pelos próprios intérpretes, os bailarinos Irupé Sarmiento e Luiz Oliveira, e também pelos olhos externos de quem observa e, por vezes, se envolve”, explica Rodovalho.
Contemplado pelo edital ProAC Dança e Performance / Criação de Espetáculo Inédito, a ideia desse duo surgiu de um questionamento de Luiz Oliveira: “Como encontrar o ritmo quando tudo aparente, certo e fixo sai do eixo?”.
Em meio à pandemia da covid-19, as palavras do texto ecoaram como um convite para a invenção de um novo lugar onde seu corpo deseja estar e se mover.
“Naquele momento, o poema se revelou um respiro em meio ao caos. Não há rimas, mas tudo se encaixa. Tive vontade de criar e de poder enxergar a possibilidade de um lugar não comum, onde amores são possíveis, onde o vento sopra no rosto, onde a beleza abraça e nos dá a possibilidade da esperança”, revela o bailarino e idealizador do projeto.
“Hoje, nesse momento do País, parece que o poema nunca foi tão necessário”, completa.
METÁFORA DO AMOR
Em uma de suas passagens, o poema apresenta a imagem dos antigos termômetros de vidro, que, quando se quebram, o elemento químico mercúrio se multiplica em várias formas e tamanhos. Para a autora, essa deve ser uma das “cinco mil explicações” para o amor.
Assim, a montagem não tem a pretensão de definir um amor entre duas pessoas, mas de colocar a busca necessária de existência deste e as suas cinco mil explicações. A coreografia de Henrique Rodovalho busca um lugar entre o gesto e o movimento, a dança e as suas inúmeras formas de se multiplicar, tal qual o amor.
Já a iluminação, acompanhando os bailarinos, usa a imagem das formas flutuantes do elemento químico que dá nome ao espetáculo. Da mesma forma, as cores do figurino, ora opacas, ora reflexivas, remetem ao seu cinza-prateado e reflexivo.
SERVIÇO
“Mercúrio” - Luiz Oliveira e Irupé Sarmiento (São Paulo – SP)
Data: 8 de outubro (domingo)
Horário: às 20h
Local: Teatro Ouro Verde (rua Maranhão, 85)
Classificação indicativa: 14 anos
Ingressos para espetáculos: R$20 e R$10 (meia-entrada)
Vendas on-line: plataforma Sympla
Vendas presenciais: Teatro Ouro Verde (eua Maranhão, 85), a partir do dia 7 de outubro
Horário de funcionamento: das 16 horas até o início do espetáculo