O Balé Alma Negra estreia nesta quinta-feira (20), Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, o espetáculo Re-Tinturas. Uma obra de dança contemporânea que propõe narrar experiências e trajetórias de corpos negros por meio do movimento, do canto e da interpretação. A apresentação será às 20h, no Teatro Ouro Verde. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados na bilheteria a partir das 19h. Uma segunda sessão está marcada para sábado (22), no mesmo horário e local. A classificação é de 14 anos.
Aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (Ministério da Cultura), o projeto nasce inspirado no Balé do Teatro Castro Alves, de Salvador (BA), reconhecido por adaptar técnicas de dança para corpos negros e para contextos da negritude brasileira. A idealizadora do Balé Alma Negra, Adriana Castro, integrou a companhia baiana após deixar o Ballet de Londrina, onde interpretou a primeira Julieta negra no clássico Romeu e Julieta, no início dos anos 2000.
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Professora de dança em Londrina, Adriana conta que o impulso para criar o grupo surgiu da necessidade de desenvolver, de forma coletiva, temas, técnicas e improvisações que refletissem a vivência de artistas negros da cidade. “Sentia a necessidade de pertencer ao palco, e os desafios começaram ainda na infância, quando percebia a ausência de produtos adequados para minha pele”, afirma. Após uma temporada em Portugal e enfrentando dificuldades como cortes na cultura e os efeitos da pandemia, ela retomou o projeto que idealizava há pelo menos duas décadas.
Segundo Adriana, Re-Tinturas busca integrar o público às experiências cênicas, provocando reflexão e inspirando mudanças de perspectiva. “A intenção é emocionar e inspirar tanto os artistas quanto o público, fomentando a reflexão e a mudança de perspectiva”, afirma. O elenco é majoritariamente formado por pessoas negras, e o processo criativo foi colaborativo e horizontal, envolvendo diferentes gerações e formações técnicas.
Para a estreia, Adriana se une ao coreógrafo Aguinaldo de Souza e ao preparador corporal Cláudio Souza, ambos artistas negros com trajetória consolidada na cena da dança em Londrina. As funções foram sendo adaptadas ao longo do processo, que incluiu trocas de sequências coreográficas entre os intérpretes e a construção da trilha sonora original por Tonho Costa e pelo percussionista Alex Barros.
Assinados por Gelson Amaral, com grafitagem da artista Narizinho, figurino e cenografia complementam a proposta estética do espetáculo. Todo o processo foi conduzido com foco na escuta e na ética, evitando opressões e estereótipos. “O que define este espetáculo é a sinceridade da expressão”, destaca Souza.