Estreia nesta quinta-feira (4), com sessões a partir das 19h30, “Mistura Fina”, no auditório da AML Cultural, no Centro Histórico. A entrada é gratuita, por ordem de chegada e o documentário é sobre o jornalista, ator, cronista e ex-craque de futebol , Apolo Theodoro, que chegou aos 80 anos.
Com esmero, o roteirista Lúcio Flávio Moura, o diretor Marquinho Gomes e o produtor Bruno Gehring conseguiram reunir, em 20 minutos, um resultado tão inspirador como audacioso. O curta-metragem independente é patrocinado por amigos e sem financiamento público - feito com contribuições espontâneas a partir de R$40 reais. A obra faz uma incursão pela personalidade de Apolo Theodoro, fluminense de Laje do Muriaé (RJ) que chegou ao Paraná na década de 1950.
Sem a pretensão de fazer uma narrativa cronológica, o material enaltece o quanto o personagem causa admiração na sua relação com a cultura, a história e o esporte de Londrina. No centro das atenções, Apolo conta que fazer um filme sobre ele o surpreendeu. "Foi uma surpresa muito boa essa ideia de contar sobre minha passagem pelo mundo", expôs enquanto a produção ainda estava sendo realizada.
De modo respeitoso e com admiração, o diretor vai além. “A cidade deve ao Apolo este reconhecimento e com apoio de amigos realizamos esta obra afetiva e singela. Sem a pretensão de ser uma peça biográfica, a equipe se empenhou em buscar a essência de uma jornada de 80 anos, longa e movimentada, uma das existências mais bem vividas de que se tem notícia nestas terras”, ratifica.
"Ficamos bem satisfeitos com o filme, ele ficou divertido, com momentos bem alegres, com descontração, com surpresas e recheado de histórias do futebol, do teatro e há alguns casos que o Apolo narra, por meio de pequenas crônicas e conta da vida dele, historinhas", adianta.
MÚLTIPLO E INTENSO
Na terra vermelha, o homem franzino e intrépido nunca passou despercebido: foi um dos meias mais habilidosos que Londrina se acostumou a apreciar nos gramados dos anos 1960, subiu aos palcos do teatro com propriedade para atuar em clássicos do teatro brasileiro no mesmo ambiente efervescente no qual Nitis Jacon despontou, sacudiu as noites da cidade boêmia com doses generosas de irreverência e argúcia, escreveu nos jornais em espaços nobre nos quais mulheres e homens comuns se revelavam ao público. Incursionou na política, lançando mão da sua visão libertária mas cerebral para difundir a cidadania num país ferido pelo autoritarismo.
No elenco estão o escritor Domingos Pellegrini, o artista Ponti Pontidura, a professora de música Meire Valin, o cardiologista e dramaturgo Marco Antonio Fabiani, a ex-deputada estadual Elza Correia, o ex-jogador Carlos Alberto Garcia e os jornalistas José Maschio e Bernardo Pellegrini, além de Orson Jacon, Isnard Cordeiro e Valdomiro Chammé.
“Das várias facetas que garantiram motivos para a gente fazer o filme, destaco uma que o Apolo cultivou nestes anos todos e em muitos lugares, uma rara capacidade de fazer amigos”, observa Gomes. “Para concluir o projeto, fizemos uma campanha do tipo "passar o chapéu" e as colaborações garantiram orçamento para o que ainda faltava.. É bonito ver o nome de tantas pessoas nos créditos finais, entre os financiadores do projeto”, afirma.
UMA VIDA NO TEATRO
O jornalista e músico Bernardo Pellegrini conhece o astro do documentário de perto. "Há quase 60 anos eu o vi pela primeira vez no palco, no papel de João Grilo, no 'Auto da Compadecida', de Ariano Suassuna", recorda como quem revive a cena. Vale destacar que Apolo atuou nos espetáculos recentes "Um Bourbon para Faulkner" e "Dr. Gabriel - uma Alma Partida", ambos do dramaturgo Marco Fabiani.
A musicista Meire Valim também tem em sua memória o sentimento de respeito a Apolo Theodoro, tendo em vista sua rica jornada. "Tive a sorte de conhecê-lo há mais de 40 anos. Ele é um homem raro, grandioso e mora no Olimpo do meu coração. Suas características mais incríveis são a generosidade e a simplicidade", confessa.
Valim observa que o ator, jornalista e jogador de futebol conserva respeito imenso pela capacidade ímpar de acolher as pessoas. "O mais admirável é como se mantém jovem aos 80 anos, com a mente aberta, antenado na vida e sem perder o humor e a habilidade de se divertir e alegrar as pessoas", elenca. Para ela, a produção do documentário é mais que assertiva."Apolo é um mestre das artes, do bem viver, do afeto e da liberdade", dispara.
SERVIÇO
Estreia do documentário “Mistura Fina”
Sobre o jornalista ator, cronista e ex-craque de futebol, Apolo Theodoro
Quando: quinta-feira (4), com sessões às 19h30 e às 20h30
Onde: Auditório da AML Cultural, Praça 1º de Maio, 130 - Centro Histórico
Valor: Entrada gratuita - por ordem de chegada
* Assista nesta quarta-feira (3), no canal do YouTube da Folha de Londrina, no podcast "Crônicas de Londrina e Outras Cidades", a entrevista com Apolo Theodoro.