O comentarista Walter Casagrande esteve nos estúdios da Band nesta terça-feira (19) para participar do programa
Melhor da Tarde, comandado por Catia Fonseca. Durante
a atração, o ex-jogador falou sobre vida pessoal, carreira, planos para
o futuro e sobre as discussões envolvendo seu nome no quadro ‘Caixa
Surpresa’.
“Não entendo quando as pessoas classificam alguma situação como polêmica. A polêmica só existe quando alguém tem coragem de dizer aquilo que pensa de verdade. Não me considero polêmico. Sou verdadeiro em cima das minhas ideias”, explicou.
Faltando quatro meses para a Copa do Mundo, ele revelou quem escalaria como técnico da Seleção Brasileira após a saída de Tite. “Se fosse estrangeiro, eu chamaria o Abel Ferreira, do Palmeiras, que sem dúvida é o melhor treinador do país. É um cara que ganhou duas Libertadores da América seguidas, venceu a Copa do Brasil, a Supercopa, o Campeonato Paulista e está em primeiro lugar no Brasileirão, que é um título que ainda não tem. Acho que ele está totalmente adaptado ao futebol brasileiro. No futuro, pode ser o Rogério Ceni, que é um bom treinador, mas se fosse para trocar agora eu colocaria o Abel Ferreira”.
Ao longo do programa, o convidado também relembrou a entrevista em que chamou Neymar de mimado no final de 2017. “O mundo acabou, mas eu não estava ofendendo ninguém. Acho que as pessoas não sabem o significado dessa palavra. Mimado é quem não consegue crescer, não faz nada sozinho, não se impõe, não se coloca. Não estou xingando o cara, estou falando de uma característica daquele momento. Ele era mimado mesmo e é até hoje”, enfatizou.
Casagrande ainda comentou a postura do jogador durante a Copa do Mundo de 2018. “Ele foi patético. Ao invés de ficar em pé e jogar, só queria cair e rolar. Tanto que virou um meme mundial. De lá para cá, a situação foi piorando. Acredito que o Neymar possa chegar à Copa de 2022 e desequilibrar [a favor do Brasil] porque ele tem futebol para isso, mas eu não avalio o que eu desejo, e sim o que estou vendo neste momento. E não vejo a Seleção pronta. No caso do Neymar, ele está se mexendo, chegando uma hora e meia antes do treino, treinando forte, e espero que continue assim até a Copa do Mundo, que não se perca no deslumbre e na ostentação até lá. Se ele ficar focado, do jeito que está agora, tem condições de decidir o Mundial”.
Namoro com Baby do Brasil
Sem papas na língua, o comentarista desmentiu que tenha terminado o relacionamento de 7 meses com a cantora Baby do Brasil porque ela não fazia sexo. “Não foi esse o motivo. A minha relação com a Baby foi maravilhosa. Eu me apaixonei pela pessoa que ela é. Se fazia sexo ou não, isso era uma condição dela e eu aceitei. Eu gosto de sexo, óbvio, mas não é a coisa mais importante que eu vejo em uma mulher. Olho a índole, a inteligência, a conversa, a gentileza, o carinho, a sensibilidade, e ela me ajudou muito durante as Olimpíadas. A Baby tinha uma preocupação muito grande comigo”, afirmou.
Segundo o ex-atleta, o cotidiano oposto fez com que os dois se afastassem. “A agenda dela era muito diferente da minha. Sou muito regrado porque o dependente químico não tem rotina, e uma das coisas que tive que aprender foi organizar minha semana. É difícil eu dormir depois da meia-noite porque não quero ter o ritmo de um cara que usa droga e acorda tarde. Cortei esse padrão de comportamento. Ela, [ao contrário], marcava reunião 1h30 da manhã e, por ser muito carinhosa, queria que eu ficasse junto, queria casar e eu não queria. Muitas coisas não estavam se encaixando e terminamos numa boa”.
Dependência química
Walter Casagrande usou drogas por 37 de seus 57 anos. Foram quatro overdoses, a primeira delas com 42. Sofreu vários surtos psicóticos e teve muitas recaídas entre as três internações em clínicas de reabilitação. “O maior inimigo que tive na minha vida fui eu mesmo. É uma batalha interna muito complicada. No início, ficava desconfiado dos meus pensamentos porque eles criavam armadilhas, e tive que mudar isso. Eu me reprogramei”, contou.
Segundo Casão, o uso de entorpecentes começou por uma filosofia de vida. “Não era para ficar louco. A partir de 2003, fui ladeira abaixo usando droga injetável. Falo muito isso nas minhas palestras: a droga não é ruim, se fosse, ninguém se viciava. Ela é mentirosa. Te oferece algumas coisas no início, que te deixa deslumbrado, e depois te domina. O dependente vira um escravo. Muitas vezes, as drogas entram na vida da pessoa para ela lidar com alguma situação que não consegue. No meu caso, eu tinha uma melancolia muito grande todos os dias. Quando usava droga, essa melancolia passava. Só que ela não sumia, a droga só a colocava para baixo do tapete”.
Saída da Globo
Após 25 anos, Casagrande anunciou sua saída da TV Globo, pegando muita gente de surpresa. Na emissora, ele participou de seis Copas do Mundo, três Olimpíadas, várias finais de campeonatos e viajou o mundo inteiro fazendo amistosos. “Tenho um projeto de podcast e não vou sair do esporte. Já estou no UOL, fui contratado como colunista de um jornal, que será anunciado em breve, e quero ir para a televisão. Não falo só sobre futebol. Tenho um trabalho cultural muito forte em São Paulo”.
A pedido de Catia Fonseca, ele escalou seu time perfeito. Entre os escolhidos estavam Galvão Bueno, Neto, Caio Ribeiro, Neymar, Ronaldo, Sócrates, Arnaldo César Coelho, Renato Gaúcho e Tite. Robinho e Tiago Leifert ficaram de fora. O comentarista preferiu não falar sobre o ex-jogador, condenado por estupro na Itália. Já sobre o ex-apresentador do BBB, limitou-se a dizer: “Não temos um relacionamento legal por ideias diferentes”.
Por fim, Casagrande recebeu uma homenagem dos filhos, que declararam amor ao pai e desejaram sorte na nova fase da carreira.