O Bosque de Londrina é, desde o início, um ponto de vital importância para o centro da cidade, embora tenha passado por intensas mudanças. O espaço já foi local de descanso, de festas, de trânsito de pessoas e até terminal de ônibus. Devido ao processo de degradação do local, a região tornou-se uma questão a ser resolvida para as administrações municipais.
A partir disso, o projeto de pesquisa em Ensino “Avaliação de áreas públicas: o Bosque”, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UEL (Universidade Estadual de Londrina) – CTU (Centro de Tecnologia e Urbanismo) – e coordenado pela professora Denise Januzzi, propôs-se saber se os usuários do Bosque Central aprovam o espaço de variadas formas: limpeza, manutenção, aparência, mobiliário urbano, entre outros quesitos.
De praça a terminal urbano - O projeto iniciou com um levantamento histórico da região do Bosque de Londrina, desde sua inauguração, quando foi cedido ao município de Londrina pela CTNP (Companhia de Terras Norte do Paraná), nos anos 1930, até os dias atuais. Ainda nos primeiros anos de vida, o local já havia se tornado espaço de comemorações, quermesses e outras atividades promovidas pela Prefeitura na época.
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Com o tempo, o espaço passou a ter equipamentos de lazer, como brinquedos e academias ao ar livre. Nos anos 1970, tornou-se o terminal municipal de ônibus da cidade, que nesse período já contava com mais de 200 mil habitantes e clamava por formas de mitigar o trânsito de automóveis, já significativo. Para o novo uso do espaço, a Rua Piauí foi alargada e dividida em duas partes.
O Bosque, então, foi todo cercado. Essa nova finalidade do local, segundo o projeto de pesquisa, contribuiu para a degradação acelerada do espaço, com o aumento do trânsito de pedestres e da violência urbana em decorrência do crescimento populacional. “A ideia inicial do Bosque foi se deturpando com o passar do tempo”, resumiu a professora Denise Januzzi.
Opinião dos usuários - O Bosque Municipal divide opiniões, segundo Denise. Já foi tema de muitas discussões a respeito de problemas ambientais (pombos, por exemplo) e sociais (presença de moradores de rua, usuários de drogas e traficantes).
“São muitas questões e a arquitetura responde a algumas delas. O restante deve ser resolvido por uma gestão municipal eficiente, da administração do espaço, da manutenção, pela polícia e pela assistência social”, completou.
Para saber o que os londrinenses achavam do Bosque, o grupo elaborou um questionário online. Na pesquisa, 102 usuários avaliaram quesitos como espaço para lazer ativo e lazer passivo, mobiliário urbano (bancos, lixeiras), segurança, conservação, limpeza, piso e aparência.
“Na maioria dos quesitos, as respostas foram “ruim” ou “péssimo”. Ou seja, a insatisfação era grande”, resumiu. A pesquisa foi feita em meados de março e abril de 2020 e, devido à pandemia, foi feita totalmente online.
Em meio a esse processo, a Prefeitura de Londrina iniciou o projeto de revitalização do espaço, o que trouxe um novo tom à pesquisa.
“Começamos a perceber que boa parte das questões dos usuários estavam sendo resolvidas com a revitalização do espaço, como o piso, a iluminação natural (devido à erradicação de árvores), a questão do cheiro”, explicou. A revitalização do Bosque de Londrina começou em fevereiro de 2021 e segue em andamento.
Mapa de comportamento - Outro passo do projeto, após a aplicação do questionário, foi criar um mapa de comportamento do usuário do espaço. A parte central do espaço é utilizada para trânsito, por fazer a ligação com a Rua Piauí; já as extremidades, são mais aproveitadas para descanso de idosos e adultos.
A academia ao ar livre e as quadras poliesportivas também são utilizadas com frequência. Casais de namorados também marcam presença no Bosque.
De modo geral, a avaliação da revitalização, para a coordenadora do projeto, é positiva. No entanto, a pesquisa evidenciou problemas relacionados à segurança do local: durante o dia, ele é constantemente ocupado, seja por pessoas que transitam ou permanecem no espaço.
À noite, devido à insegurança, é pouco utilizado devido à presença de usuários de drogas e moradores de rua. “Isso demonstra que, por mais que obras de revitalização apareçam como resultados positivos, deve haver uma manutenção do local e uma atuação incisiva da gestão para mantê-lo atrativo”.
Atualmente, o grupo, composto por nove integrantes, entre professores e estudantes colaboradores, está na fase de revisão dos materiais. A pesquisa tem previsão de término em junho de 2022.