O estudante de doutorado em Educação da UEM (Universidade Estadual de Maringá) Vinicius Hidalgo Pedroni, vai defender no próximo dia 16 de agosto, a tese “Ensino de Libras nas Universidades Públicas: uma análise da formação inicial de professores em letras”.
Pedroni é surdo e foi orientado pela professora Elsa Midori Shimazaki, doPPE (Programa de Pós-Graduação em Educação) da UEM, com a corientação da professora a Dinéia Ghizzo Neto Fellini, da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana).
Neste estudo, o estudante buscou analisar as percepções de acadêmicos ouvintes em relação à formação que recebem na disciplina voltada ao ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras), além das contribuições da disciplina para a atuação posterior como docente no ensino regular.
Leia mais:
Vestibular da UEL mantém média e registra 16.338 inscritos
Em Londrina, estudantes de Agronomia cultivam hortaliças para famílias carentes
Curso de Medicina em Arapongas abre inscrições em outubro
Mais da metade dos professores já presenciou casos de racismo em sala de aula
Para efetivar a pesquisa, depois de estudar a teoria histórico-cultural (escopo teórico da pesquisa), a educação da pessoa surda ao longo da história e fazer uma revisão das pesquisas realizadas, ele entrevistou alunos do curso de licenciatura em Letras de três universidades públicas no Brasil.
O resultado mostra que, apesar de ser um avanço, o reconhecimento da Libras como língua por meio do Decreto 5.626, de 2005, e a deliberação, no mesmo decreto, para que o ensino de Libras fosse oferecido obrigatoriamente em todos os cursos de licenciatura e no curso de fonoaudiologia, por ter uma carga horária pequena (60h) ainda não contribui como o esperado para a apropriação da cultura surda e da língua de sinais.
Neste estudo, também foi constatada a carência quanto às oportunidades de vivência e contato com a cultura surda e língua de sinais, fato que impulsionaria a capacidade dos futuros professores de se comunicarem adequadamente com os surdos e compreenderem suas necessidades específicas.
Dados do Censo da Educação Básica 2023, realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), apontam a existência, nas universidades brasileiras, de 4.842 matrículas de estudantes surdos e de 1.397 ingressos.
Uma outra pesquisa indica que o Brasil tem 269 mestres, 97 doutores e 13 pós-doutores surdos. O crescente número se deve a garantia da regulamentação da Lei de Libras em todos os órgãos públicos, que possibilita acesso contínuo na formação dos surdos.
Pedroni tem acompanhamento do Propae (Programa Multidisciplinar de Pesquisa e Apoio à Pessoa com Deficiência e Necessidades Educativas Especiais), da UEM. O Propae presta acompanhamento especializado direto e indiretamente a 140 estudantes, englobando alunos de cursos de graduação e de pós-graduação stricto-sensu (mestrado e doutorado).
Em 2023, recebeu um novo espaço, passando a contar com cinco salas destinadas ao atendimento de estudantes com deficiência. São cinco servidores, nove intérpretes de libras/guia-intérprete, 30 monitores, 10 bolsistas, além de quatro professores.
Os profissionais têm oportunizado aos alunos o acesso a recursos desenvolvidos e/ou adaptados, como impressões em braile e fonte ampliada; textos digitalizados em formato acessível a alunos com baixa visão; acompanhamento de acadêmicos atendidos na realização de avaliações ou atividades de estudos; e remoção de barreiras físicas e atitudinais, promovendo assim, a ampliação do acesso e permanência.
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
O ensino da Libras (Língua Brasileira de Sinais) pode ser dividido na categoria para as pessoas surdas e na categoria para as pessoas ouvintes. Muitas pessoas surdas nunca aprenderam Libras formalmente porque elas normalmente são as primeiras da família com surdez, o que faz com que ninguém do seu entorno tenha contato com o idioma.
O ensino focado nas pessoas da própria comunidade surda costuma ser direcionado para crianças sem o domínio da língua de sinais. Por isso, as escolas devem se preocupar em criar ambientes propícios para o aprendizado da Libras e somente depois para o ensino do português.
Ensinar Libras para pessoas ouvintes é um outro processo, mas também muito importante. O foco do ensino da língua de sinais é promover uma melhor comunicação e acesso à informação para as pessoas da comunidade surda.
Legalmente reconhecida, a Língua Brasileira de Sinais é uma língua espaço-visual, com uma estrutura linguística e gramatical própria, diferente do português. Ela é uma das principais formas de comunicação das pessoas surdas no Brasil. A finalidade dela é promover a comunicação e o acesso à informação das pessoas surdas, para que possam estar integradas à sociedade.
Também é um fator muito importante para a construção da cultura e identidade da comunidade surda brasileira. É por meio dela que muitas vezes as pessoas surdas garantem suas interações culturais e sociais.