Quase metade das famílias mais ricas do Brasil é novata na lista da Forbes que classifica as cem maiores fortunas, segundo levantamento feito pelo Imds (Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social), com base no ranking da revista.
O estudo cria comparações entre a lista do Brasil e as da China, Índia e Estados Unidos. Os dois primeiros países são vistos pelo Imds como emergentes com grande desigualdade social (como o Brasil) e o último como desenvolvido.
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De acordo com o levantamento, 46 das 95 famílias brasileiras não estavam na lista na década passada. Isso faz do Brasil o segundo país com mais novas famílias --a China, em primeiro, registrou 62. Os EUA têm 35 e a Índia, 33.
Brasil e China, porém, empatam em relação à qual posição essas novas famílias entraram na lista (53ª, em média). As indianas entraram na 64ª, e as americanas na 65ª.
O instituto explica que a mobilidade das famílias no ranking de mais ricas é explicada, em maior grau, pela dinâmica do ambiente de negócios de cada país. Assim, quanto mais dinâmico o mercado, maior tende a ser a variação ao longo dos anos.
"A China é um país de 'capitalismo' recente induzido pelo Estado, então é natural que nessa fase tenha mais oscilações de bilionários. A associação com prioridades de Estado também explica em parte essa maior mobilidade", afirma Paulo Tafner, diretor-presidente do Imds.
"No caso dos Estados Unidos, a oscilação é muito mais associada a oportunidades de mercado. Por exemplo, as empresas da área de tecnologia dispararam nos últimos dez, 15 anos. Consequentemente, empresários que há 20 anos eram desconhecidos ou eventualmente ainda nem eram empresários ficaram bilionários", diz.
O levantamento também apontou que as cinco famílias mais ricas do Brasil concentram 26,5% da fortuna das 95 famílias da lista; em 2013, eram 34% --o país é o único entre os quatro que registrou queda da concentração. Quando se analisam as dez famílias mais ricas, a proporção cai de 49% para 41,5%.
Nos EUA, a fortuna das cinco famílias mais ricas representa 31% da lista; na China, 21%, e na Índia, 39%.
A Forbes divulga anualmente a lista das 400 pessoas mais ricas dos EUA e das cem da China e da Índia. No Brasil, porém, não há pesquisas com esse volume de dados, e o instituto optou por utilizar os nomes de 2013 e 2022.
Para não se limitar a riquezas pessoais, o estudo levantou dados públicos e construiu uma base das famílias mais ricas dos países. O Imds explica que esse critério é essencial para a mensuração da mobilidade das fortunas do país.
Em 2020, por exemplo, a fortuna do fundador do Banco Safra, Joseph Safra, foi dividida entre seus quatro filhos e sua esposa, o que os fez entrar na lista de mais ricos do país (Joseph morreu em 2020).
"Se não vinculássemos essas pessoas, obteríamos uma falsa mobilidade ao considerar novos entrantes que, na verdade, apenas herdaram uma fortuna", explica o instituto.
"Desse modo, o conjunto de dados apresentará a riqueza da dinastia Safra, que inclui a riqueza de todos os membros dessa família, mesmo que os membros mudem ao longo do tempo."