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"Imbrochável"

Problemas de ereção atingem cerca de 70% dos homens na idade de Bolsonaro

Danielle Castro - Folhapress
08 set 2022 às 07:38

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- Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A cada década de vida aumenta chance de um homem ter problemas para ter ou manter uma ereção em relações sexuais. Mesmo após 24 anos da descoberta de remédios para impotência, o medo de envelhecer ainda é um problema para alguns, como aponta a fala do presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) nesta quarta-feira 7 de Setembro.


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Também candidato à presidência, Bolsonaro entoou um coro de "imbrochável" após beijar a primeira-dama na presença de milhares de seguidores, como se não ter um problema de disfunção erétil fosse uma "vantagem" eleitoral e de personalidade.

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O artigo norte-americano "Aging related erectile dysfunction" (Disfunção erétil relacionada ao envelhecimento, em português), divulgado na publicação internacional "Andrologia e Urologia Translacional" em 2017, por sua vez, afirma que "a disfunção erétil visitará todo homem em algum momento de sua vida."

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Segundo os autores, médicos de instituições acadêmicas de Los Angeles, na Califórnia (EUA), o que varia é a idade em que isso acontecerá, pois depende de fatores genéticos e externos, como a qualidade de vida. Uma vez instalada, a disfunção "tende a ficar para sempre", segundo o artigo.


A estimativa apontada no estudo é de que aos 40 anos, um homem tem cerca de 40% de chances de ter algum tipo de disfunção erétil e essa prevalência aumenta cerca de 10% a cada década que passa, ligando o transtorno ao envelhecimento normal humano e do sistema vascular.

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Na Turquia, um levantamento publicado no Jornal Turco de Urologia de 2017 feito com 2.760 homens com idade média de 54,2 anos mostra que o quadro pode ser ainda mais grave após os 70 anos de idade.


Nessa faixa etária, 82,9% dos entrevistados relataram episódios de disfunção erétil de moderada a grave, diz o artigo "Prevalence of erectile dysfunction in men over 40 years of age in Turkey" (Prevalência de disfunção erétil em homens com mais de 40 anos na Turquia, em português).

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O médico e sexólogo Gerson Lopes, co-autor do livro "Sexualidade e Envelhecimento", diz que com o passar do tempo as modificações no corpo ficam cada vez mais nítidas e o indivíduo não deve sentir-se mal por isso, mas sim buscar tratamento.


"[Assim] como o envelhecimento geral, o sexual também é inexorável. Nos homens se produz menos testosterona, diminuem as fibras musculares penianas e a sensibilidade adrenérgica aumenta, o que é ruim para a ereção", afirma o médico.

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Lopes lembra que com a idade o sexo não fica pior ou melhor, apenas diferente, uma vez que as ereções podem demorar mais, serem menos firmes ou de duração reduzida. Há também a possibilidade da relação terminar sem orgasmo.


"A frequência do sexo diminui. A condição de se excitar (lubrificação vaginal na mulher e ereção nos homens) e a resposta do orgasmo também se modificam, mas a idade não dessexualiza as pessoas", reforça o sexólogo.

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Para Lopes, a disfunção erétil deve ser encarada como um problema de saúde pública, pois cerca da metade dos homens no Brasil entre 40 e 70 anos apresentam o problema em graus leve, moderado, acentuado ou total.


Nos consultórios, o profissional observa que os pacientes mais velhos - particularmente aqueles com uma vida sexualmente ativa - são os que têm mais dificuldade em lidar com a redução quantitativa da função sexual.

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"Infelizmente muitos homens em vez de se relacionar com a mulher, se relacionam com o pênis deles. Qualitativamente [o sexo] poderia até ser melhor, se eles entendessem que sexo não é só encontro de genitais."


A literatura médica é ampla e também mostra que disfunção sexual em homens mais jovens é menos comum, mas está crescendo em 2022 e pode estar associada a fatores de auto-estima e psicológicos, que precisam ser abordados com menos cobrança.


Com o advento do Viagra em 1998 e, anos depois da Tadalafila, que permitiu uma janela mais longa para ereção (cerca de 36 horas) e mais espontaneidade nas relações, Lopes considera que os homens não devem mais temer a impotência como antes.


"Em matéria de sexo não existe aposentadoria. O que dessexualiza as pessoas são outras coisas, como doenças, medicamentos, o social, mas a idade em si não", afirma o especialista.

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