Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Comunidade LGBTQIA+

Entenda por que hoje é o dia internacional contra a homofobia e a transfobia

Folhapress
17 mai 2021 às 16:33

Compartilhar notícia

- Freepik
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

O 17 de maio é um dia de resistência para uma parcela da população. Ele lembra uma decisão tomada há 31 anos que mudou o modo de vida de pessoas LGBTQIA+ em todo o mundo.


Naquele 17 de maio de 1990, a OMS (Organização Mundial da Saúde) retirou o homossexualismo (o sufixo "ismo" refere-se a uma doença na medicina) de sua listagem de enfermidades.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Antes da mudança, a homossexualidade (o sufixo "dade" significa comportamento) estava no mesmo patamar de transtornos como a pedofilia.

Leia mais:

Imagem de destaque
No dia 7

Novo Posto de Passaportes da PF será inaugurado no Londrina Norte Shopping

Imagem de destaque
Luto

Morre Ana Maria Steinmetz, mãe do arcebispo de Londrina, dom Geremias

Imagem de destaque
RenovaBio

Câmara aprova projeto que estende receita de créditos de descarbonização a produtores independentes

Imagem de destaque
IBGE

Desemprego tem menor taxa da série histórica para terceiro trimestre


A decisão da maior organização que lida com questões relacionadas à saúde no mundo virou um marco e também o Dia Internacional contra a Homofobia e a Transfobia.

Publicidade


Em 1973, a Associação Americana de Psiquiatria já havia banido a homossexualidade de sua lista de distúrbios.


No Brasil, em 1985, o Conselho Federal de Medicina também havia tomado a mesma medida após ser pressionado por um abaixo-assinado promovido por ativistas do Grupo Gay da Bahia, que reuniu assinaturas de artistas, como Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Publicidade


A despatologização da homossexualidade promovida pela OMS representa muito porque, de certa forma, uniformiza a questão no mundo. No último catálogo de classificação de doenças da entidade, de 2019, pessoas transgênero também deixaram de ser tratadas como se tivessem um distúrbio.


No entanto, a decisão da OMS criou um campo de disputa por parte de um grupo de psicólogos cristãos no país, que viram numa brecha deixada pela organização a possibilidade de promover tratamentos que ficaram conhecidos como "cura gay".

Publicidade


Ficou em aberto a possibilidade de as pessoas que não se sentiam confortáveis com a sua homossexualidade, a oportunidade de elas passarem por um tratamento. Essas pessoas tinham, segundo a OMS, orientação sexual egodistônica.


E foi nessa brecha que esses grupos de psicólogos conseguiram promover as terapias que prometiam fazer a reversão sexual em pessoas LGBTs no Brasil.

Publicidade


Numa ofensiva na Justiça, os psicólogos obtiveram decisões liminares que os ampararam nos supostos tratamentos de "cura gay", uma vez que o próprio conselho que regulamenta a atuação da categoria no país proibia esse tipo de prática nos consultórios.


A resolução 001, de 1999, do Conselho Federal de Psicologia, entende que não é possível curar uma doença que não existe, caso da homossexualidade e da transexualidade.

Publicidade


"Movimento Psicólogos em Ação", o mais engajado na promoção da "cura gay", também se alinhou a políticos evangélicos para tentar legalizar as terapias de reversão sexual por meio de projetos de lei –a maioria das propostas apresentadas na Câmara Federal foi derrubada.


Mas a "cura gay" foi um serviço legalmente fornecido no Brasil de setembro de 2017 a abril de 2019 até que a ministra Cármen Lúcia, do STF, barrou a prática por meio de liminar que atendeu a um pedido do Conselho Federal de Psicologia. Em janeiro do ano passado, a ministra suspendeu a tramitação da ação popular movida pelos psicólogos cristãos.

Publicidade


A egodistonia perdeu status de transtorno psíquico em 2019, na última atualização do catálogo de doenças da OMS, que passa a valer em janeiro de 2022.


Para Pedro Paulo Bicalho, presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, o desconforto sentido por uma pessoa LGBTI não é um problema dela, mas social.


"Essa sensação de rejeição [egodistonia] em relação à própria sexualidade é o efeito mais direto que uma pessoa não heterossexual vive na sociedade LGBTfóbica brasileira", diz. "Cabe a nós, psicólogos, tratar a dor causada por isso, mas nunca dizer que ela poderá deixar de ser LGBTI".


Mas o próprio Conselho Federal de Psicologia já disse ter flagrado em inspeções realizadas em comunidades terapêuticas, espaços que funcionam para o tratamento de pessoas com dependência química, LGBTs sem vícios sendo submetidas a tratamentos de reorientação sexual.


Desafios e conquistas dos LGBTIs A partir dos anos 1950
Surgem as divas trans que se tornam grandes estrelas no Brasil e na Europa, como Rogéria, Jane di Castro, Eloína e Fujika, entre outras


1969 - LGBTs de Nova York colocam fim às agressões que sofriam em batidas policiais realizadas num bar da cidade, o Stonewall Inn. O grupo resistiu por três dias em 1969, numa época em que se relacionar com pessoas do mesmo sexo era ilegal em todos os estados americanos.


O movimento estimulou uma marcha sem volta de LGBTs por mais igualdade de direitos em várias partes do mundo e ficou conhecido como a revolta de Stonewall


1973 - A Associação Americana de Psiquiatria bane a homossexualidade de sua lista de distúrbios


1978 - Início do movimento pelos direitos LGBT no Brasil. É fundado, no Rio de Janeiro, o jornal Lampião na Esquina, voltado para as questões da comunidade. Em São Paulo, surge o Somos


1982 - Ocorre a famosa passeata contra o delegado José Wilson Richetti, que realizava batidas policiais no centro de São Paulo contra travestis, gays e garotas de programa sobre o pretexto de moralização social


1983 - Em 19 de agosto de 1983, um protesto realizado por lésbicas e apoiado por grupos feministas pôs fim às discriminações sofridas no Ferro's Bar, centro de SP. O ato ficou conhecido como o "Stonewall brasileiro"


Anos 1980 e 1990 - Anos de pânico: o HIV chega ao Brasil e faz estrago conhecido como "peste gay". Na Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo é organizado o primeiro núcleo de luta anti-Aids. Morrem Darcy Penteado, Caio Fernando Abreu e Cazuza por complicações da doença


1985 - O Conselho Federal de Medicina retira a homossexualidade de sua lista de doenças


1990 - OMS (Organização Mundial da Saúde) retira a homossexualidade de sua lista de transtornos mentais


1992 - No Piauí, Kátia Tapeti é eleita a primeira vereadora trans na história da política brasileira


1995 - As primeiras Paradas do Orgulho LGBT são realizadas em Curitiba e no Rio


1997 - A cidade de São Paulo sedia sua primeira Parada LGBT. Em 2006, a passeata paulistana entra para o Guinness Book como o maior evento do gênero


2001 - O governo de São Paulo promulga a lei 10.948 que penaliza práticas discriminatórias em razão da orientação sexual e identidade de gênero


2002 - O processo de redesignação sexual, a chamada cirurgia de "mudança de sexo" do fenótipo masculino para o feminino é autorizada pelo Conselho Federal de Medicina. Em 2008, passa a ser oferecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde)


2011 -STF (Supremo Tribunal Federal) reconhece a união homoafetiva, um marco na luta pelos direitos LGBT


2018 - STF decide que transexuais e transgêneros podem mudar seus nomes de registro civil sem necessidade de cirurgia


2019 - STF enquadra a homofobia e a transfobia na lei de crimes de racismo até que o Congresso crie legislação própria sobre o tema


2020 - STF declara inconstitucionais as normas que proíbem gays de doar sangue

Com informações do livro Devassos no Paraíso - João Silvério Trevisan. Editora OBJETIVA


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo