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Mulher de garra

'Eu vou lutar sempre que eu puder': conheça Rute, astrofísica e professora

Isabella Alonso Panho - Redação Bonde
15 mar 2020 às 17:20
- Isabella Alonso Panho
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O Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de março, é cada vez mais lembrado como uma data para evidenciar as lutas da mulher por igualdade e respeito. Em homenagem às mulheres, o Portal Bonde selecionou mulheres que se destacam em suas atividades para a série Mulheres Reais. Ao longo de março, a equipe do Bonde vai apresentar as histórias incríveis dessas batalhadoras que atuam em diversos segmentos da sociedade londrinense e fazem a diferença.

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Quem pensa que Física não é lugar de mulher, não conheceu Rute.

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Natural de Campinas, Rute Trevisan nasceu em 1950. Inicialmente, pensava em cursar arquitetura, mas o pai, que não queria que a filha morasse longe, incentivou-a a estudar física, graduação que havia acabado de ser inaugurado na universidade mais próxima da sua casa, a Unicamp.

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Ela relembra que, desde os tempos de graduação, sempre havia muito mais homens do que mulheres: "Éramos em quatro meninas numa sala com mais 30 rapazes. Na minha vida, sempre foi assim.” Isso deflagrou uma longa trajetória dedicada à física.


Na casa de seus vinte anos, veio a primeira filha, Andressa. Na época, Rute fazia mestrado e não teve licença-maternidade. Com muita luta e esforço, terminou a década de 1970 mestre e mãe.

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O doutorado, que veio poucos anos depois, tornou-a astrofísica pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Nesse meio tempo, Rute veio para Londrina, onde tornou-se professora do Departamento de Física da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Prestou o concurso para docente grávida.


Já no campus, começou a perceber uma defasagem grande nas escolas. "As professoras tinham formação em pedagogia, mas havia uma lacuna: não sabiam como dar aula de astronomia”, recorda. Isso despertou em Rute a paixão pelo ensino da Física.

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Não foi, contudo, um caminho fácil. "Existe um grande preconceito quanto à extensão e ensino no Brasil inteiro”, pondera. O ensino de física, ao lado da pesquisa, é ainda visto como uma área de menor importância. Rute, através do seu trabalho nesta área, fundou uma Secretaria de Ensino de Astronomia na SAB (Sociedade Astronômica Brasileira), viajando a diversos lugares do Brasil – e do mundo – com a bandeira de tornar a astronomia uma ciência acessível, sobretudo para crianças.


"Eu nunca visitei um país para passear. Agora que me aposentei, vai dar [para fazer isso]”, diz a astrofísica, citando trabalhos feitos em países como Índia, França e Itália. Isso sem contar as diversas parcerias com pesquisadores do mundo todo, inclusive da NASA, a agência espacial norte-americana.

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O céu em Londrina


Um dos frutos mais importantes do trabalho desenvolvido por Rute é o Planetário de Londrina, que funciona ao lado do Terminal Urbano Central. Inaugurado em 2007, atende cerca de 20 mil crianças por ano. Dentro do Planetário, há uma cúpula onde pode ser projetado o céu de qualquer região do mundo. Com muito carinho nos olhos, Rute define: "É como se fosse um filho meu.”

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Mesmo aposentada há mais de dez anos, continua se dedicando ao ensino de astrofísica. Em fevereiro de 2020, poucos dias antes da entrevista que deu origem a este perfil, Rute havia lançado seu sétimo livro, um e-book voltado ao ensino de astrofísica para crianças, pela Eduel.


Mãe de três filhos, avó de quatro crianças, ela olha para sua trajetória e lembra que nunca foi de desistir de nada. Peço um recado final, ela fala da estrada na educação e diz "Eu vou lutar sempre que eu puder”.

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(*Sob supervisão de Luís Fernando Wiltemburg e Larissa Ayumi Sato)


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