Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade

Spiegelman ataca Bush em ''À Sombra das Torres Ausentes''

23 set 2004 às 11:00

O autor volta com criticas mais ácidas do que em "Maus"
- Divulgação
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade


De uma coisa os leitores de quadrinhos não podem reclamar. O ano ainda nem acabou e as bancas, lojas especializadas e livrarias estão cheias de bons lançamentos, para todos os gostos, desde a reimpressão de ''Reino do Amanhã'' (Panini Comics), passando por ''Mundo Pet'', de Lourenço Mutarelli (Devir), até ''A Metamorfose: de Franz Kafka'', adaptado por Peter Kuper (Conrad). E a editora Companhia das Letras traz este mês ao Brasil um dos álbuns mais esperados da década: ''À Sombra das Torres Ausentes'', obra do jornalista e quadrinhista Art Spiegelman, autor do premiado romance gráfico ''Maus'' e que não produzia um livro desde o início dos anos 90.

Will Eisner mostrou porquê os quadrinhos podem ser considerados arte. Robert Crumb exaltou o poder contestador da linguagem. Mas foi Spiegelman que calou os risos de quem ainda achava que os infantis ''gibis'' não poderiam ser tão influentes, densos, consistentes e poderosos como meio de comunicação.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Arthur Spiegelman, natural de Estocolmo, Suécia, nasceu em 1948 e é filho de judeus, sobreviventes dos campos nazistas de Auschwitz. O autor cresceu nos Estados Unidos, onde estudou no State University of New York e desenvolveu seu talento como escritor, desenhista e designer. Depois de um período ilustrando envelopes de cartões colecionáveis, Spiegelman sentiu-se impulsionado pelo crescimento da cena underground dos quadrinhos norte-americanos (sob forte influência dos trabalhos de Harvey Pekar e Robert Crumb). Ele decidiu, então, publicar material adulto, mais engajado e em tom provocador, em ''The Complete Mr. Infinity'', de 1970.

Leia mais:

Imagem de destaque

Uma homenagem ao grande personagem de Eisner

Imagem de destaque

Rafael Sica lança ''Ordinário'' em Curitiba

Imagem de destaque

Super-heróis se adaptam ao século XXI

Imagem de destaque

Melhores de 2010


Já casado com uma editora, Françoise Mouly, em 77, começou a trabalhar no que seria sua obra máxima, capaz de mudar o rumo das histórias em quadrinhos em todo o mundo. No início de 80, ele fundou a revista anual ''Raw'', que abrigava produções independentes de novos talentos e anos mais tarde, mais precisamente em 1986, o autor lançou ''Maus'', que abriu caminho para obras mais adultas nos quadrinhos de super-heróis, como ''Watchmen'' (Alan Moore) e ''O Cavaleiro das Trevas'' (Frank Miller), em 87.

Publicidade


''Maus'' narra, do ponto de vista do autor, em tom autobiográfico, a luta pela sobrevivência dos judeus (ratos), diante dos nazistas (gatos). O formato de livro, a narrativa fluente com arte apenas em nanquim, mais tosca (para contrariar a arte ''bonitinha'' das histórias de super-heróis), e a autenticidade do romance gráfico cativou fãs de quadrinhos, cinema, críticos, escritores, desenhistas e toda a comunidade cultural da época. Em 91, Spiegelman lançou ''Maus II'' e, depois de ganhar o prêmio Pullitzer, afastou-se da nona arte e passou a dedicar seu tempo para artigos e desenhos da revista ''New Yorker''. Recentemente ele participou, a pedido da mulher, da coletânea ''Little Lit'', lançada no Brasil também pela Companhia das Letras.


Um incidente em especial trouxe de volta o inquieto artista para as pranchas de quadrinhos. Os atentados de 11 de setembro de 2001 também abalaram o autor, que assistiu de perto à queda das Torres Gêmeas, na rua de sua casa, em Manhattan. Depois disso ele decidiu escrever artigos mais contestadores e levou seus relatos para as páginas do àlbum ''À Sombra das Torres Gêmeas'', que compila suas produções do semanário judaico Forward de Nova Iorque e do jornal alemão Die Ziet, a partir de 2002.


A obra, que já vendeu mais de 2 milhões de cópias só nos Estados Unidos, faz críticas ácidas ao presidente Bush e sua investida contra o Iraque, além de refletir a paranóia que tomou conta dos norte-americanos. O formato escolhido pelo autor, em páginas duplas, faz menção às primeiras histórias em quadrinhos produzidas no final do século XIX e é claramente inspirado em clássicos como ''O Menino Amarelo'', ''Os sobrinhos do Capitão'' e ''Krazy Kat''.

''À Sombra das Torres Ausentes'' chega ao Brasil com papel cartonado, em 44 páginas, no formato 25,4 x 35,6 cm. O álbum pode ser encontrado em livrarias e lojas especializadas com o salgado preço de R$ 78, mas vale cada centavo, ainda mais vindo de um autor tão talentoso que não publicava algo do tipo há mais de dez anos.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo