Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade

Paranaenses no HQMix, Seto, Baraldi e resenhas

31 dez 1969 às 21:33

Cláudio Seto
- Marcos Borges
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Curitiba - O quadrinho paranaense vive um bom momento. Nunca tantos autores e produções daqui ganharam destaque Brasil afora e mantiveram a regularidade de publicações como agora. As evidências estão aí, nas lojas especializadas, nos eventos e lançamentos de independentes, e também no Troféu HQMix, a principal premiação da nona arte no Brasil, que neste ano conseguiu ultrapassar a rodovia Régis Bittencourt e conta com 12 indicações paranaenses, um recorde para a arte sequencial de nosso Estado. De quebra, o homenageado da vez é o pesquisador e desenhista Cláudio Seto, paulista radicado em Curitiba já há bastante tempo.

O Troféu HQMix foi criado em 1988, pelo então editor Gualberto Costa, hoje dono da HQMix Livraria, reduto obrigatório para fãs da nona arte em São Paulo, e pelo cartunista JAL. De lá pra cá, ganhou notoriedade, superou o Prêmio Ângelo Agostini, outra premiação do quadrinho nacional, e pode ser considerado a mais importante do setor no Brasil atualmente.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Os quadrinhistas Leonardo Melo e André Caliman, que em Curitiba organizam mensalmente o encontro de interessados por arte gráfica denominado ''Pow-Pin-Buf!'' em um bar da Capital, estão presentes em três indicações.

Leia mais:

Imagem de destaque

Uma homenagem ao grande personagem de Eisner

Imagem de destaque

Rafael Sica lança ''Ordinário'' em Curitiba

Imagem de destaque

Super-heróis se adaptam ao século XXI

Imagem de destaque

Melhores de 2010


Leonardo concorre na categoria ''Roteirista Revelação'' e André em ''Site de Autor'', com o endereço www.andrecaliman.com. A dupla também pode faturar junta o prêmio de ''Publicação Independente de Grupo'', com a quarta edição de ''Quadrinhópole'', que, se ainda não mantém o mesmo nível de qualidade de uma para outra, pelo menos tem sido lançada com regularidade.

Publicidade


Quem também concorre como melhor ''Site de Autor'' é o curitibano José Aguiar, um dos que não se cansam em colocar em evidência os trabalhos paranaenses em seu endereço virtual, o www.joseaguiar.com.br.


Apesar de seu nome não constar oficialmente na lista, o artista também concorre em ''Exposição'', com ''Viajando em Quadrinhos pela França e Alemanha'', em Icaraí (RJ); e em ''Evento'', com os 25 anos da Gibiteca de Curitiba. Aguiar foi atuante em ambos os eventos e só não tem entre os indicados seu mais novo trabalho, ''Quadrinhofilia'', porque foi publicado este ano e a premiação envolve o material lançado entre janeiro e dezembro de 2007.

Publicidade


A lista de paranaenses engorda com o humor do cartunista Benett, em ''Salmonelas'', que concorre a melhor ''Tira Nacional'', e a indicação de ''Site Sobre Quadrinhos'', com a presença do www.bigorna.net, tocado pelos londrinenses Eloyr Pacheco e Humberto Yashima. O consagrado traço de Solda não compete, mas suas críticas bem-humoradas e interessantes notas do cotidiano do blog cartunistasolda.blogspot.com estão no rol de indicados em ''Blog/Flog de Artista Gráfico''.


O cartunista da Folha de Londrina, Marco Jacobsen, curte um pouco mais do sucesso de seu álbum de coletâneas e trabalhos inéditos, ''Confesso'', apontado entre os melhores na categoria ''Publicação de Cartuns''. O ilustrador Paixão também foi lembrado em ''Chargista'' e os quadrinhistas Plínio e Antônio Éder, que atualmente adaptam uma radionovela para a nona arte em ''Dinossauro do Amazonas'', buscam o troféu de ''Publicação Independente de Autor''.

Publicidade


Resta agora torcer para que os representantes paranaenses saiam vitoriosos no dia 23 de julho, quando a festa de entrega dos troféus acontece no Sesc Pompéia, em São Paulo. E ainda dá tempo de votar: a cédula não é nada prática mas basta ver os indicados no site www. hqmix.com.br e enviar os preferidos para o email do mesmo, até o dia 10 de julho.


CLÁUDIO SETO

Publicidade


O primeiro contato já seria o suficiente para qualquer um associar Cláudio Seto ao Japão, afinal de contas seus traços orientais e a maneira de se vestir remetem a um samurai. E ele é mesmo. E não somente isso. Jornalista, chargista, ilustrador, escritor, fotógrafo, pesquisador, bonsaísta... Um verdadeiro agitador cultural, sempre disposto a exaltar as raízes nipônicas por aqui. No próximo dia 6, lança o livro ''Lendas do Japão'' em Londrina e em julho recebe homenagem do Troféu HQMix por ser um dos introdutores do mangá no Brasil.


Cláudio Seto nasceu Chuji Seto Takeguma, em 1994, em Guaiçara, no interior paulista. Começou a trabalhar como desenhista industrial e publicitário e mudou o nome para Cláudio para poder receber o diploma no primário. A partir de 1967, produziu os quadrinhos ''O Samurai'' e ''Ninja, o Samurai Mágico'', pela editora Edel. Para muitos, seus trabalhos iniciais prenunciaram a invasão mangá no Brasil.

Publicidade


De lá pra cá, Seto incursionou pela política -foi eleito vereador de Guaiçara por duas vezes-, pelas artes plásticas, pelo jornalismo paranaense. Atualmente, toca seus projetos em Curitiba, onde mora com sua esposa e os três filhos. Uma de suas muitas ocupações é registrar lendas japonesas, muitas delas antes preservadas apenas por meio de contos orais.


''Eu tenho mais de 200 lendas escritas e ilustradas. O livro é, na verdade, a primeira edição com uma coletânea das lendas publicadas no jornal Nippo Brasil'', diz Seto. O livro a que se refere é ''Lendas do Japão'', com lançamento em São Paulo, Curitiba e Londrina, e que reúne 15 lendas japonesas em um formato acessível, quase didático, cheio de ilustrações, produzidas pelo próprio autor.

Publicidade


''Comecei a escrever as lendas em 2002, pensando mesmo na publicação de livros. Muitas delas eu tinha anotado, tenho muitos livros sobre lendas japonesas. Todas vêm de lendas que existem, uma ou outra coisa é que adaptei'', diz Seto ao afirmar que foram necessárias apenas algumas alterações para tornar a leitura mais prazerosa e compreensível para leitores do ocidente.


Seto está sempre presente nas comemorações nipônicas em Curitiba, já que o mesmo é membro da Sociedade Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira em Curitiba. O pesquisador lançou em 2002 o livro ''Ayumi -Caminhos Percorridos'', um relato sobre a história da imigração japonesa no Estado, publicado pela Imprensa Oficial do Paraná, e prepara mais um, agora com 900 páginas, realizado mais uma vez com a parceria da jornalista Maria Helena Uyeda.


''O livro ''Hai-Ne'' vai ter 900 páginas em dois volumes e foi escrita a quatro mãos. Deve sair esse mês ainda. É um livro sobre a história da imigração, diferente de umas publicações picaretas de qualquer professorzinho de faculdade que escreve o que quer'', irrita-se Seto ao se referir à escassez e imprecisão de material sobre o assunto.


Aliás, a falta de conhecimento da população, tanto de descendentes quanto de outras etnias, sobre a história dos imigrantes em plena celebração de Imin-100 é alvo de crítica por parte de Seto. ''A própria colônia (japonesa) não estava preparada para o Imin. O que tem de escolas e gente procurando a colônia para saber sobre a história da imigração... Só que nem mesmo a colônia tem nada sobre essa história'', constata.


Seto também não concorda com o foco de muitas homenagens, que têm em primeiro plano o Japão, ao invés do cotidiano das colônias. ''As pessoas estão procurando e mostrando muito a imagem do Japão e tudo mais. Mas e a colônia? Não mostram muito o que está acontecendo na colônia e sua história.''


Premiado pela segunda vez ao Troféu HQMix, Seto minimiza a homenagem. ''Já fui homenageado uma vez, no começo do HQMix. Acho essa (nova) homenagem é culpa do momento, coisa do centenário''. E aproveita também para reclamar de quem costuma generalizar qualquer trabalho feito por nipodescendentes como mangá.


''Tem muito disso, das pessoas pessoas relacionarem o que faço com o mangá. Mas eu não faço mangá, assim como o Júlio Shimamoto, que é um representante japonês nos quadrinhos, também não faz. Qualquer descendente ou japonês que desenha já chamam o trabalho de mangá, mas não é assim, o Shimamoto tem influência européia.''


Apesar das críticas, as comemorações, que se intensificaram nas últimas semanas, trazem, segundo Seto, um bom momento para a colônia japonesa e também para a população em geral. ''O pessoal está mais preocupado com o Japão por causa do momento. Acho que há um interesse geral por causa do centenário (da imigração japonesa). O ''Almanaque do Centenário da Imigração Japonesa'', que estava nas bancas há pouco tempo, agora está esgotado'', destaca. ''O momento é bom porque o pessoal também pode ver outro lado da cultura japonesa. Antes, o que se mostrava era só história de luta e sofrimento. Hoje mostra-se mais a comida, a escultura, a cultura japonesa mesmo'', complementa.


A invasão japonesa e sua cultura baseada na espiritualidade, na filosofia e na sabedoria é, de acordo com o pesquisador, um processo natural do conhecimento humano. ''Isso (a popularização da cultura japonesa no Brasil) já vinha acontecendo há muito tempo. É o processo ''Ineyo'', que na China o pessoal chama de Yin-Yang, aquela coisa dos opostos. O Ocidente avançou muito na parte técnica e o Oriente na espiritualidade. Agora, o que está acontecendo é o inverso: à medida que um procura a tecnologia o outro busca a filosofia'', reflete Seto.


LEÕES DE BAGDÁ


Em 2003, quatro leões famintos escaparam de um zoológico em Bagdá, durante bombardeio estadunidense no Iraque. Para muitos, especialmente o governo norte-americano, a morte dos animais foi apenas mais uma baixa de guerra. Para o escritor Brian K. Vaughan e o ilustrador Niko Henrichon foi a ''desculpa'' perfeita para criticar o conflito por meio de uma fábula moderna.


A história gira em torno do momento em que Zill, o macho alfa; a jovem e fogosa leoa Noor e seu filho Ali; e a veterana e caolha Safa se vêem livres das grades após explosão decorrente de uma bateria de bombardeios ao Iraque. Receoso, o grupo escapa na luta pela sobrevivência e paz.


Ao longo da narrativa, o leitor conhece um pouco mais sobre o difícil passado de Safa, as preocupações de Zill, o temperamento de Noor e as esperanças de Ali. Outros personagens, como pássaros, tartarugas, macacos e um assustador urso estão no caminho da trupe, que precisa primeiro resolver seus próprios problemas antes de pensar em um contexto maior.


O roteiro de Vaughan, elogiado por ótimos trabalhos em ''Y: The Last Man'' e ''Ex Machina'' (ambos devem ser adaptados para as telonas muito em breve) e no material desenvolvido para capítulos recentes da telessérie ''Lost'', consegue usar de metáforas e da zoomorfização (há uma certo moralismo em tratar animais como humanos e vice-versa) para realizar um trabalho sensível sem ser piegas. Os personagens levam a história a um anticlímax chocante.


Já os desenhos de Niko captaram um estilo cartunesco mas não tão infantil - há cenas bastante violentas - e o artista manipulou com propriedade as cores para retratar a inocência e a beleza, que aos poucos vão dando lugar ao drama da guerra. O ilustrador, aliás, usou como referência os relatos e fotos de blogueiros e soldados no Iraque, cidadãos e repórteres que acompanharam o conflito de perto.


Ao final, o que poderia ser simplesmente um ''Rei Leão vai para a guerra'' tornou-se uma das melhores publicações de 2005, inclusive eleito como tal pela revista Entertainment Weekly. Não exatamente pela beleza plástica e sim pela reflexão que promove. Como deve um quadrinho de qualidade.


MÁRCIO BARALDI



Humor e rock'n'roll. Poucas vezes no Brasil as duas coisas andaram de mãos dadas em uma união tão adequada quanto nos traços do cartunista Márcio Baraldi, que completa 25 anos de carreira exibindo vontade de um guri fanzineiro e a energia de um roqueiro que conhece bem o seu palco. Seu álbum mais recente, ''Humortífero'', publicado em parceria entre a editora Opera Graphica e a revista Metal Head, é concorrente ao Troféu HQMix, premiação dos quadrinhos nacionais, como "Melhor Publicação de Humor" deste ano.


Baraldi é figura fácil de encontrar nos eventos de quadrinhos em São Paulo, seja pelo seu bom humor ou pelo jeitão irreverente de apresentar seu trabalho para os leitores e colegas de profissão. Mesmo depois de emplacar seus mais famosos personagens -Roko Loko e Adrina Lina, dois fãs de rock com aquela ''dureza'' tupiniquim- em todo o Brasil, com tiras publicadas em revistas como Rock Brigade, Metal Head e Dynamite, o artista continua apostando na forma mais trabalhosa de chegar ao público do underground: na divulgação boca-a-boca e nas vendas corpo-a-corpo.


O resultado? O cara conseguiu imortalizar suas criações em forma de miniaturas colecionáveis, publicou quatro álbuns pela Opera Graphica Editora e até mesmo viabilizou um jogo de computador, com direito a camiseta. Bastante, principalmente pra quem sempre manteve a veia alternativa sem mudar o estilo de seus quadrinhos: despretensiosos, sem papas na língua, tosco quando preciso e sempre engraçado.


Exemplo disso estão em duas edições que resumem bem o ''conjunto da obra''. ''Roko Loko e Adrina Lina'' usam e abusam de referências ao mundo do rock (uma aula para os roqueiros iniciantes) em suas tirinhas, cheias de brincadeiras com a nona arte. Exemplo disso é o impagável encontro dos mutantes X-Men com o grupo ''Os Mutantes'' ou as ironias com artistas nacionais, nas piadinhas com ''Chaetano Veloso'', ''KLBosta'', entre outros.


Em ''Humortífero'', a premissa segue a mesma: desenhos simples e bem coloridos, icônicos e diretos no assunto, cartunescos em tom de paródia. Sínteses bem sacadas que conseguem em pouco espaço fazer rir, com participações pra lá de especiais, com grandes figuras da história do rock, entre eles Raul Seixas, Kiss, Ramones, Sex Pistols, Danzig, Ian Curtis, e por aí vai. Sobra até para os amigos das bandas nacionais, que vez ou outra ganham uma homenagem gráfica.


O material por sí só já seria motivo suficiente para os roqueiros irem às bancas procurar por quadrinhos que vestem tão bem quanto qualquer camiseta preta de banda. No entanto, sua adoração pela música e os quadrinhos e a aproximação com quem está ''vendo a banda tocar'' são tão intensas que fica impossível suas histórias serem ignoradas, mesmo à primeira vista. Mesmo pra quem não é fã de guitarra.


DELIVERY SERVICE OF CORPSE


Chega às bancas a segunda edição das necroaventuras do grupo de Serviço de Entrega de Corpos, composto por Numata, Kurô, Makino, Aosagi e Yata, jovens com capacidades incomuns de lidar com os mortos.


Nesta edição a trama traz em ritmo de seriado de horror teen o envolvimento do protagonista com uma organização que, ao longo da aventura, vai se mostrando cada vez menos confiável. O roteiro de Eiji Ohtsuka mantém o mistério e o interesse do leitor aceso por toda a trama e também inclui pitadas humor (negro) e erotismo em alguns dos quadros, bem ilustrados por Housui Yamazaki, que segue a escola clássica de traços realistas em cenários e cartunescos nos personagens. Apesar da premissa adolescente, a usual dobradinha sexo e violência faz com que a publicação seja sugerida para o público adulto.



SERVIÇO


- ''Os Leões de Bagdá'', publicado pela Panini Comics, sai no formato americano (17 x 26 cm), com 140 páginas coloridas e capa dura, a R$ 19,90.


- Lançamento do livro ''Lendas do Japão'', de Cláudio Seto, sai pela Devir Livraria. Dia 6 de julho, às 17h, em Londrina. Na Livrarias Porto Megastore do Catuaí Shopping Center. Entrada franca.


- ''Roko-Loko e Adrina Lina'' , da Opera Graphica Editoratem formato 21 x 28 cm, em 52 páginas coloridas ao preço de R$ 12. ''Humortífero'' sai no mesmo formato, com 48 páginas coloridas, a R$ 10. Mais informações sobre o trabalho do autor estão no site www.marciobaraldi.com.br.


- ''Delivery Service of Corpse: Volume 2'' é publicado pela Conrad Editora no formato 13,4 x 20,2 cm, com 208 páginas em preto-e-branco, a R$ 12,90.

O material citado acima pode ser encontrado em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo