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O verdadeiro samurai retorna ao Brasil

14 out 2004 às 11:00
Ito Ogami parte em sua jornada de vingança e violência ao lado do filho, Daigoro - Reprodução
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Se você ainda não leu uma edição sequer de ''Lobo Solitário'' (Lone Wolf and Cub), esqueça tudo o que sabe sobre samurais. Principalmente se achou ''O Último Samurai'', com Tom Cruise, um bom filme sobre o assunto. A chance de conhecer a verdadeira história de honra e violência dos grandes guerreiros do Japão feudal estará nas bancas brasileiras, a partir deste mês, através da Panini Comics. A editora promete trazer na íntegra uma das séries orientais mais respeitadas e cultuadas de todos os tempos.

Em primeiro lugar, é necessário situar aqueles não habituados ao Japão feudal descrito nas páginas das revista de ''Lobo Solitário''. Essa época é marcada pela violência, pela lei do mais forte, equivalente ao Velho Oeste norte-americano. Porém, sem tantos chapéus, balas e falatórios. O silêncio é cortado, na maioria das vezes, por lâminas de espadas e shurikens (estrelas ninja) e por palavras de honra. Nesse período, muitas famílias formaram clãs de guerreiros incomparáveis e mantiveram essa tradição por décadas adiante.

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É nesse contexto que nasce a lenda do samurai Itto Ogami, habilidoso e muito inteligente no manuseio da espada. ''Lobo Solitário'' começa narrando a organização política do Japão feudal, comandado por Shogun, que tinha poder sobre o imperador e sobre os outros senhores feudais. Shogun escolhe três famílias para auxiliar seu comando. Os Kurokawa são designados ninjas, os ''espiões de jardim''; os Yagyu, assassinos que partem em busca dos conspiradores; e os Ogami, que herdaram dos Yagyu o papel de executores, responsáveis pela morte dos senhores feudais arrependidos de traição.

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Os Yagyu, inconformados pela perda do títulos de executores, forjam provas de traição contra os Ogami e assassinam a esposa de Itto, que, antes de morrer, dá a luz ao pequeno Daigoro. Em seguida, Itto Ogami é questionado em sua posição, é testado em um combate com o jovem Retsudo Yagyu. O resultado da luta é surpreendente e enfurece todo o império de Shogun, que passa a caçar o samurai renegado. Ogami parte então para uma viagem sem volta, em busca de vingança e redenção, ao lado de seu pequeno filho, Daigoro, que muitas vezes é carregado em suas costas, mesmo durante as batalhas.

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A série influenciou centenas de outras produções no Japão -quadrinhos, livros, filmes e jogos de videogames- e também está presente de forma marcante no Ocidente. Wolverine, por exemplo, traz em sua personalidade muitos traços do Lobo Solitário (como seu código de honra pessoal e o lado zen budista), incorporados quando Frank Miller produzia suas histórias. Aliás, as principais criações de Miller -Elektra, Ronin, Cavaleiro das Trevas e Sin City- trazem referências, sejam elas textuais ou gráficas, ao universo criado por Koike e Kojima.


No cinema e na tevê, além das várias adaptações de ''Lobo Solitário'', é possível reconhecer elementos da trama de Ogami em Kill Bill, que teve o segundo volume lançado na sexta-feira no Brasil. O diretor Quentin Tarantino, fã confesso de quadrinhos e artes marciais, com certeza fez menções às espetaculares sequências de luta da revista, como no primeiro volume, quando A Noiva combate sua oponente na neve. O criador do desenho animado ''Laboratório de Dexter'', Genndy Tartakovsky, também homenageou ''Lobo Solitário'' em dois episódios de ''Samurai Jack''. Em um deles (episódio XIX), Jack encontra Ogami e Daigoro e em outro (episódio LII), o próprio Jack carrega uma criança nas costas durante suas lutas, assim como Ogami fez com Daigoro.

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A história foi publicada no Japão, a partir de 1963, pelo escritor Kazuo Koike e pelo desenhista Goseki Kojima. A série, semanal, teve 114 capítulos em 14 edições e chegou ao Ocidente a partir da década de 70, lançada no Brasil, em 89, pela editora Cedibra e depois pela editora Nova Sampa, em 92. Porém, em nenhuma das duas ocasiões ''Lobo Solitário'' teve tratamento digno, já que foi lançado sem periodicidade fixa e sem a continuidade original.


Nos Estados Unidos, a série teve o tratamento adequado, primeiramente pela First Comics, em 87, e, recentemente, pela Dark Horse Comics. Foi publicada em 28 volumes, com aproximadamente 300 páginas cada um, sempre com um capista de peso, como Frank Miller, Bill Sienkiewicz e Matt Wagner. A idéia da Panini Comics é lançar aqui do mesmo jeito, no formato 13 x 18cm, com 308 páginas, mensal, ao preço de R$ 12,90. A distribuição é setorizada e por isso pode ser encontrada no Paraná somente em lojas especializadas. Ou um mês depois, nas bancas.

Música+Quadrinhos: Trilha sonora de Kill Bill Vol. 1+O Lobo Solitário


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