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Nova editora estréia com dois títulos

28 mar 2006 às 11:00

Série Walking Dead fez bastante sucesso nos Estados Unidos e chega ao Brasil em maio como Os Mortos-Vivos
- Reprodução
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Curitiba - Boas notícias para os leitores e o mercado brasileiro. Desponta mais uma editora de quadrinhos no pedaço. A HQ Maniacs, formada por gente que vinha tocando um site especializado no setor, estréia nas prateleiras nacionais com duas publicações. A primeira é Invencível, de Robert Kirkman e Cory Walker, da Image Comics, já à venda nas lojas especializadas, e a segunda é Os Mortos-Vivos, prevista para maio.

Invencível vem para ocupar o espaço que aos poucos foi desaparecendo do mercado editorial, tanto norte-americano quanto brasileiro: aquele material despretensioso sobre super-heróis juvenis, ainda aprendendo a lidar com os poderes, salvando o mundo e fazendo a lição de casa para não bombar na escola. Coisa que adoramos ver nos primeiros dias de Peter Parker como Homem-Aranha.

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A introdução do personagem no Brasil traz o primeiro arco encadernado, denominado Negócios de Família. É isso mesmo do que se trata: Omni Man, uma famoso super-herói mundial, tem um filho que começa a desenvolver poderes. O rapaz, Mark Grayson, é o protagonista da série e passa então a viver com os dons ao lado dos pais, sem muita culpa, drama e medo de viver uma dupla identidade, como nas histórias convencionais do tipo.

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Robert Kirkman tem um estilo rápido e enxuto, com aquela pitada de clássicos dos super-heróis -como intrigas amorosas em supergrupos e alienígenas para explicar a existência de superseres- e deixa espaço para Cory completar a narrativa com bastante dinamismo, sequências suscintas e traços econômicos. A Image Comics, a exemplo da extinta Malibu, tem uma boa tradição de coloristas. Invencível segue o padrão com o belo trabalho de Bill Crabtree.

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A edição nacional tem uma boa impressão, oriunda diretamente das reproduções digitais da Image, ao invés de infames páginas scanneadas. O formato segue a tendência de livros e republica o tradepaperback americano. Um tipo diferente -fasciculado, sem capa dura, no formato americano tradicional- talvez levasse a proposta de ''entretenimento despretensioso'' mais à risca.


A lombada quadrada ficou um tanto esquisita. Para não ''comer'' pedaços das páginas, o pessoal colocou cola a mais para compensar a diferença de espaço. A tradução é boa mas pode melhorar, sem a repetição constante de palavras -como o excesso de ''mas'', o que empobrece o texto-, e alguns balões ficaram sobrecarregados, o que também seria solucionado por um resumo mais adequado da conversa em português. Isso tudo, claro, não compromete a diversão e deve irritar somente os fanboys.

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Editora de maníacos por quadrinhos - O editor-chefe da HQ Maniacs, Carlos Eduardo Alves da Costa, de 31 anos, conversou um pouco com a coluna de Quadrinhos do Bonde a respeito da proposta da nova empresa. Costa, fanático pela Nona Arte -começou a ler com sete anos e tem uma ''modesta'' gibiteca de mais de dez mil exemplares-, adiantou que o primeiro ano deve ser apenas para conquistar público, sem a preocupação imediata com o retorno financeiro.


''Não vamos ganhar nada em um ano. Tudo foi feito pelo pessoal da HQ Maniacs, a não ser a diagramação. Se vendermos 70% da tiragem, já ficamos bem, pagamos os custos. Com um ano, ganhando público, aí sim vamos pensar em um valor para nos pagar. É algo que nunca foi feito por uma editora no Brasil, e por que o leitor não pode confiar na gente?'', questionou, com uma manobra arriscada, norteada mais pela paixão pelos quadrinhos, segundo o editor-chefe.

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Deixar o lucro em segundo plano e ganhar leitor imeditatamente causou até mesmo redução no preço das edições, inclusive nos próximos lançamentos. ''Vamos ter agora um preço promocional, que vai durar em um período de 45 a 60 dias do lançamento de cada edição. Invencível, por exemplo caiu de R$ 36 para R$ 25 com isso'', explicou.


Isso só é possível graças ao esforço da equipe, composta basicamente pelo mesmo pessoal que arca com os custos do site www.hqmaniacs.com.br há quatro anos, aliado à distribuição setorizada, realizada pelo HQ Club da Comix -que leva as revistas para lojas especializadas cadastradas em cooperativa por todo o Brasil- e através de acordo com algumas bancas, além do próprio formato de edição escolhido.

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''Alguns não entenderam a nossa proposta, a maioria dos álbuns publicados hoje em dia no Brasil são assim. A Devir publica livros, a Opera Graphica publica livros e a demanda do próprio leitor pede isso. Preferimos dar uma caprichada, com capa envernizada e com orelhas, diferente do americano, que não tem. Mas mesmo assim o pessoal achou caro. Só que esse tipo de formato é que possibilita a gente fazer mais barato'', disse Costa.


Inicialmente, não há uma linha editorial definida e os futuros lançamentos devem ser escolhidos a partir do que a Image Comics tem a oferecer. ''Tínhamos interesse em Danger Girl, que já estava com a Devir, e em WE3, que está com a Panini. Desistimos de negociar com a DC Comics porque é difícil uma editora nova fazer negócio com a DC. Pelo contato, sabíamos que Kirkman (roteirista de Invencivel e Os Mortos-Vivos) está estourando lá fora'', comentou, sobre a escolha para os lançamentos.

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Costa não descartou trazer valores nacionais sendo publicados nos Estados Unidos, como o vindouro título mensal Casanova, da Image, com desenhos de Gabriel Bá. ''Pela Image, nosso caminho está aberto. Independente de brasileiro ou não, queremos material de qualidade.'' Os Mortos-Vivos está previsto para maio, com mais um volume de Invencível para ser lançado em junho. ''Queremos também trazer um título interrompido no Brasil'', adiantou, misterioso, o editor-chefe da HQ Maniacs.


Para finalizar, Costa afirmou que a opinião de leitor e consumidor -sempre bem informado e em busca de novidades-acima dos interesses editoriais, acabam sendo primordiais para a linha da HQ Maniacs. ''Escrevemos matérias sobre o que está rolando lá fora, a gente tá no meio. Sabemos o que acontece, pegamos o material que chega, damos uma olhada'', concluiu.

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Spawn - Coroado com o então inigualável talento de Todd McFarlane -que no início dos anos 90 preferia ser um ótimo desenhista, com visão inovadora de design, ao invés de um produtor aventureiro- Spawn chegou ao mercado norte-americano em um tempo de mudanças. Várias artistas, entre eles Jim Lee, Jim Valentino, Erik Larsen, Rob (argh!!!) Liefield e Todd McFarlane, estavam descontentes com o tratamento recebido pelas duas maiores editoras, a Marvel e a DC Comics.


Assim nasceu a Image Comics, que cumpriu seu papel, introduziu nova geração de escritores e desenhistas no ramo comercial e não apenas artístico. Savage Dragon e Spawn resistem até hoje, desde a gênese da editora, no início dos anos 90. No entanto, os títulos, já bastante desgastados, precisam de reformulação. Para ter uma idéia, a Cria do Inferno, de McFarlane, encerrou sua participação no mercado nacional pela editora Abril recentemente, no número 150.


A recém-chegada Pixel Quadrinhos, que une visionários editores da Futuro Comunicação e Ediouro, promete trazer o mais novo capítulo do Soldado do Inferno, a partir do número em que a revista morreu pela Abril. Assim, a Pixel vai trazer Spawn a partir do número 151, e com novo preço. O número de páginas continua o mesmo, 32, e o leitor agora vai economizar 45 centavos, com a queda de R$ 5,95 para R$ 5,50.


A nova fase, com o argumento de David Hine (District X) e desenhos de Philip Tan (Uncanny X-Men) faz parte do projeto de revitalização do anti-herói. Os roteiros, que ainda sobrevivem da supersaturada exploração de elementos introduzidos por Neil Gaiman, Frank Miller e Alan Moore no início da série, devem avançar para um outro nível. McFarlane ainda prevê novo desenho de Spawn, em produção, e mais uma adaptação cinematográfica, que promete ser uma daquela ''pérolas'' do mundo B hollywoodiano, de acordo com os relatos das idéias do próprio criador do personagem.



Serviço: Invencível tem formato 16,5 x 24 cm e 120 páginas, ao preço promocional de R$ 25. O valor sobe para R$ 36 após 60 dias. Spawn volta a ser publicado no formato americano, com 32 páginas, a R$ 5,50.


O povo quer saber: Todas as revistas que devem sair no Brasil vão utilizar o formato livro daqui pra frente?


A revistas citada acima podem ser encontradas em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.

Música+Quadrinhos: Lagwagon+Invencível


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