Ele é feio, mau e bom de briga. Poderia ser Charles Bronson, ou Clint Eastwood, mas é Lobo, tão durão quanto qualquer pistoleiro western. O personagem mais boca-suja do mundo dos quadrinhos ganha minissérie especial, que chega ao Brasil, pelas mãos de seu criador, Keith Giffen. ''Lobo: Sem Limites'', traz de volta toda a violência e humor negro que o tornou popular na transição entre os anos 80 e 90.
Lobo foi criado em 1983, por Keith Giffen e Roger Slifer, em uma aparição na revista Omega Men nº 3. O personagem da DC Comics, que surgiu como uma resposta a Wolverine, da Marvel Comics, tinha características semelhantes, como fator de cura, um lado selvagem e incontrolável e muita habilidade na hora de quebrar alguns ossos.
Mas foi somente em 1990, quando Giffen se uniu ao roteirista Alan Grant e ao ilustrador Simon Bisley, é que o personagem decolou e saiu da sombra de Wolverine. Em ''O Último Czarniano'', lançado por aqui pela editora Abril, os autores mostram a origem do personagem, que matou todos em seu planeta antes de chegar à Terra. Politicamente incorreto, o anti-herói ganhou o título de ''O Maioral'' por não se importar com ninguém, bater em todo mundo e viver rodeado de mulheres.
Além disso, Lobo, que tem mais de 400 anos, sempre gostou de beber e fumar charuto, e a revista passou a integrar o então crescente movimento de produção de histórias adultas. Os desenhos de Bisley, pintados no estilo europeu da revista Heavy Metal (ou Metal Hurlánt), inovaram ao contribuir com uma leitura totalmente descompromissada e divertida, utilizando da ultraviolência e do sexo para banalizar o cenário ''preocupado com o mundo'' dos super-heróis convencionais. Algo semelhante com o que o cineasta Quentin Tarantino costuma fazer em seus filmes.
A popularidade do personagem levou Giffen a escrever as histórias da Liga da Justiça, que passava por períodos negros de reformulação, sem seus personagens principais. Com isso, Giffen usou do humor para tornar heróis de segunda categoria em sucesso de vendas. Chegou, inclusive, a utilizar Lobo nas histórias da Liga. O Maioral até mesmo detonou o Superman em um quebra-pau memorável. O auge do personagem foi no lançamento de ''Lobo está Morto'', produzido pela mesma equipe da primeira série, e também publicado no Brasil pela editora Abril. Foi quando Lobo morreu, foi para o Céu, para ser expulso, e depois azucrinou a vida de todo mundo no Inferno. Acabou, com um acordo, voltando para a Terra como imortal.
Depois disso, Lobo ganhou uma série mensal e Giffen, seu pai, disse que não voltaria a escrever histórias sobre o personagem. Como era de se esperar, fãs e o autor sentiram falta do Maioral, que continou tendo alguns bons momentos, mas sem o mesmo ''brilho'' das primeiras produções. Então, o escritor decidiu voltar com ''Lobo: Sem Limites'', ao lado do ilustrador Alex Horley, seguidor de Bisley.
O resultado é a história mais divertida do personagem desde ''Lobo está Morto''. Na trama, Lobo muda um pouco o cotidiano de caçador de recompensas e decide ir atrás do fundo de aposentadoria do único morador da Czarnia, ele mesmo, já que matou todo o restante da população. Giffen continua afiado e não deixou para trás o vocabulário fértil e de baixo calão do personagem, além do humor negro.
Horley, que fez sucesso ilustrando cartas de baralhos colecionáveis da série ''Magic: The Gathering'', não desaponta e consegue trazer belas imagens pintadas, num estilo muito parecido com o de Bisley. Ele aproveita o clima Heavy Metal: abusa do cenário cyberpunk e de mulheres voluptosas e cheias de má intenção vestindo pouco coisa.
A minissérie ''Lobo: Sem Limites'', é editado pela Panini Comics e tem distribuição setorizada, ou seja, pode ser encontrada em lojas especializadas e deve chegar até o final de julho nas bancas paranaenses. A publicação é dividida em três partes, no formato americano (17cm x 26cm), com 52 páginas, ao preço de R$ 3,90 cada.
Música+Quadrinhos: Brujeria+Lobo: Sem Limites