Quadrinhos

Lobo Solitário chega ao seu último número no Brasil

10 abr 2007 às 11:00


Curitiba - Pode não parecer grande coisa, mas os leitores de quadrinhos têm muito o que comemorar neste mês. A série Lobo Solitário, editada pela Panini Comics, chega ao seu último número, depois de 28 volumes publicados mensalmente sem interrupção em solo tupiniquim.

Lobo Solitário, com roteiros de Kazuo Koike e desenhos de Goseki Kojima, narra a trajetória do samurai Itto Ogami e seu filho, Daigoro, no chamado ''meifumadô'', que em japonês significa o ''caminho do inferno''. Tal saga de massacre e vingança começa após Ogami ser alvo de uma conspiração na luta pelo poder do Japão feudal.


O ''meifumadô'' inicia então com Ogami buscando vingança pela traição e morte de sua esposa. Todos que entram em seu caminho acabam saboreando sua mortal espada. E o caminho é longo, afinal de contas, são mais de oito mil páginas narrando essa aventura.


O roteiro, com influências da lendária saga de Musashi, impressiona pela pesquisa sobre como era o Japão feudal, a organização social e econômica, detalhes sobre o ''bushido'' (o código dos samurais) e outras artes marciais. Além disso, Koike consegue balancear bem o romance de um homem eternamente atormentado pela sede de vingança vivendo por um código de honra próprio, ao lado do pequeno filho, que cresce em meio à violência.


A arte de Kojima é igualmente técnica, com ritmo adequado nas cenas de ação -inclusive com minúcias sobre os movimentos de artes marciais- e certa poesia visual em passagens contemplativas. O estilo de narrativa do desenhista ajudou o oriental e confirmar sua identidade na Nona Arte e abriu caminho para outras obras da Terra do Sol Nascente no Ocidente.


Não é a toa que o material, publicado nos anos 70 no Japão, ganhou o mundo e influenciou inúmeras outras produções. Só para citar algumas, obras de Frank Miller, como Demolidor, Wolverine, Ronin, entre outros, estão cheias de referências de Lobo Solitário. Tartarugas Ninja, Samurai Jack, o esquecido Nômade, da Marvel Comics, e Kill Bill, de Quentin Tarantino, que tem na Noiva e sua filha uma verdadeira versão feminina de Itto Ogami e Daigoro, foram mergulhados no universo de Lobo Solitário antes de ganharem vida própria.


Lobo Solitário chegou aos Estados Unidos em 1987 e, mesmo em um mercado comercialmente mais estável que o Brasil, sofreu interrupções na época, para voltar na íntegra a partir de meados de 90, pela editora Dark Horse. Em comemoração, Frank Miller (300 de Esparta) e Bill Sienkiewickz (Demolidor, Elektra, Viúva Negra) fizeram várias das capas da republicação, que chegou ao Brasil no mesmo formato pela Panini Comics. Antes da Panini, a série passou por um momento irregular em outras editoras nacionais, que publicaram poucos volumes a partir de 88.


O final de uma extensa série de 28 volumes não só é motivo de comemoração pela qualidade de um trabalho tão importante esquecido por muitos por aqui, como também é um marco no mercado editorial tupiniquim, já que nunca antes uma série fechada desse tamanho havia sido publicada mensalmente sem interrupções ou atrasos. Cabe agora ao leitor que acompanhou tudo até agora finalmente completar sua coleção. E, para quem ainda não conhece, buscar cada edição. Afinal de contas, agora estão todos por aí.


Serviço - Lobo Solitário nº 28, da Panini Comics, tem formato 13 x 18 cm, 320 páginas e custa R$ 12,90.

O material citado acima pode ser encontrado em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.


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