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Contraste em história étnica

31 dez 1969 às 21:33
Final da história tem uma interessante convergência - Reprodução
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Curitiba - Estamos em plena comemoração do 100 anos da imigração japonesa no Brasil e o momento não poderia ser mais oportuno para contar uma história étnica entre os dois povos. O relato é o mote de ''O Catador de Batatas e o Filho da Costureira'', de Ricardo Giassetti e Bruno D'Angelo, em lançamento da editora nipo-brasileira JBC.

Ikemoto, descendente de samurais, acaba vendo no Brasil a esperança de um futuro melhor após a guerra russo-japonesa e a Reforma Meiji. Em busca por melhores condições de vida, decide então embarcar no Kasato Maru rumo a solo tupiniquim. Já o órfão negro Isidoro, neto de escravos, luta pelo ganha-pão em uma fazenda de café, sob os cuidados de Dona Nâna. O que há de comum na história de pessoas tão distintas? A resposta vem em forma de quadrinhos, com muita sensibilidade e um final interessante.

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O roteiro de Giassetti, criador do bacana Mojo Books (site que explora o universo musical por meio da literatura), mantém o interesse do leitor por duas razões em especial: o escritor respeita as etnias, com uma trama cheio de detalhes sobre cada uma delas, e promove mudança de estilo de narrativa, oferecendo também uma proposta bilíngue no relato de Ikemoto.

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D'Angelo, bastante conhecido no mercado paulista devido aos seus trabalhos como ilustrador e um pouco esquecido por aqui, conta a história também com essas duas propostas. A de Ikemoto segue mais o desenho em grande contraste, abusando das penas e pincéis, bem ao estilo nipônico tradicional, quase feudal. Na arte de Isidoro, buscou as imperfeições, o exagero de traços e hachuras, tudo em prol da caracterização de um ambiente mais tosco, rústico, como o que o personagem vive.

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O resultado é belo e vai agradar especialmente quem gosta desse tipo de tema e narrativa. Entretanto, não é para todos os gostos. Quem prefere a plasticidade e a facilidade que as histórias de super-heróis oferecem é melhor então passar longe desta edição.



JOGOS DE PODER

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Escolhas malditas. É basicamente sobre isso que trata a série ''Jogos de Poder'' (Queen & Country), escrita por Greg Rucka e ilustrada por Steve Rolston, que chega ao Brasil pela Devir Livraria.


''Jogos de Poder'' segue a trilha de ''Whiteout - Mistério no Gelo'', do mesmo roteirista, inclusive com a mesma personagem. Desta vez, Tara Chance, integrante da Seção Especial do Ministério Britânico de Inteligência, precisa fazer o serviço sujo do governo, como assassinar um general da máfia russa para impedí-lo de negociar armas e drogas. É aí que entram as tais escolhas malditas, em uma reflexão sobre essas decisões em um mundo cheio de segredos.

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A questão moral e a personalidade da protagonista são o charme na tradicional história de intriga e conspiração internacional, temas os quais Rucka é mestre em dissecar. Por isso, seu roteiro, apesar de não apresentar grandes inovações ao gênero, é bem regular e equilibrado, com ação e cérebro na dose certa.


Os desenhos de Rolston são um tanto quanto cartunescos para proposta mais ''séria'' e a maior reclamação dos críticos é justamente com relação a uma arte mais realista (tanto é que os próprios autores brincam com isso no material extra presente na edição). Apesar de dar conta do recado, desenhos mais sombrios, que explorem melhor o claro e escuro em preto-e-branco, como os de Tim Sale (capista de ''Jogos e Poder'' e ilustrador de diversos especiais com Jeph Loeb, a exemplo de ''Demolidor: Amarelo''), talvez fossem mais adequados para o tom de Rucka.

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''Jogos de Poder'' ganhou o Eisner de Melhor Nova Série e, a exemplo de ''Whiteout'', pode estar em breve no cinema. Isso chega a incomodar parte do público e alguns autores, como Alan Moore, que chamou muitas das novas produções como ''storyboards elaborados para adaptações''. Bem, cabe ao leitor decidir se essa é mesmo a melhor definição para a publicação.



HARD BOILED

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É a terceira vez que o material de Frank Miller e Geof Darrow chega ao Brasil. E a vontade de ter a publicação em uma edição decente por aqui não acontece à toa. ''Hard Boiled: À Queima-Roupa'' é um show visual de criatividade e paciência do ilustrador sob a visão violenta e hardcore do roteirista criador de ''Sin City'' e ''300 de Esparta'', em uma história de ficção científica.


''Hard Boiled: À Queima-Roupa'' é baseado em três narrativas convergentes: a do investigador de seguros Carl Seltz, marido e pai exemplar; a do cobrador de impostos Nixon, pouco paciente e chegado em sair por aí distruindo munição em quem estiver pela frente; e a do robô Unidade Quatro, uma máquina de matar, é também um alento para os operários mecânicos escravizados. Tudo isso em um ambiente cyberpunk na Los Angeles de 2029.

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A narrativa de Miller, que nesta época andava ainda mais violenta do que ultimamente, confunde o leitor e sugere estados de percepção diferentes para entender até onde o futuro pode nos levar. Enquanto isso, Darrow faz um espetáculo à parte, ao promover, com centenas de detalhes, esse universo em questão. O ilustrador de Matrix, ''paralisa'' o tempo para que todos possam ver com riqueza o microverso sci-fi criado pelo roteirista.


''Hard Boiled'' passou por duas péssimas tentativas de publicação no Brasil antes de chegar com qualidade aos leitores. Passou pelas editoras Atitude e Pandora Books, em 1999 e 2002, respectivamente, e agora ganha edição colorida com boa tradução pela Devir Livraria.



SUPREMO


Nunca uma obra que saiu da mente ''criativa'' de Rob Liefield chegou tão longe na história dos quadrinhos. Não com as pernas próprias, claro. Somente devido à intervenção do mago maldito Alan Moore é que o personagem que seria apenas mais uma cópia barata do Superman conseguiu cravar seu nome, ainda que de forma modesta, entre as boas tramas de super-heróis das últimas duas décadas.


A Devir Livraria publica o último volume de Supremo, que faz uma paródia à fase noventista dos super-heróis e homenagens a outros períodos significativos dos seres vestidos de colante nas décadas recentes. A edição compila as cinco derradeiras tramas de Moore frente ao título, que depois disso voltou ao limbo das ''criações'' de Liefield.


Os desenhos nunca foram o forte de Supremo (e chegam a fazer parte das ''paródias'') e a edição serve mesmo para quem gosta de reconhecer ou ''caçar'' as referências que Moore inteligentemente espalha pelas páginas. Ao final, uma bela coleção, com encerramento na hora certa.



YUKON HO!


''Nada de regras para nós!/O tempo sem neve acabou/Já vão tarde os bocós!/Estamos partindo! Yukon Ho!'' A estrofe faz parte do hino entoado por Calvin e Haroldo na abertura da mais nova edição da Conrad Editora, que pretende publicar a série completa pela primeira vez no Brasil.


Para quem estava em outro planeta nas duas últimas décadas, Calvin e Haroldo, criação de Bill Waterson, narra os delírios infantis de uma criança superativa e seu tigre de pelúcia. Produzida entre 1985 e 1995, os quadrinhos tornaram-se referência entre as tiras cômicas, publicadas em mais de 2,4 mil jornais ao redor do globo.


Em ''Yukon Ho!'', Calvin e Haroldo declaram guerra à mesmice e às chatices dos adultos, como comer legumes e seguir regras rígidas. A explosiva imaginação de Calvin é a grande responsável por sequências que garantem risadas entre o humor pastelão e sofisticado, sempre de forma sensível e inteligente. Os traços de Waterson são tão divertidos quanto seus roteiros, com o estilo cartunesco e dinâmico dos desenhos animados.


Nesta edição, juntamente das impagáveis transformações de Calvin em outros seres, como um camaleão, uma baleia ou um dinossauro, o leitor poderá conferir também Max, tio do garoto, mais tarde rejeitado e esquecido por Waterson. Além de uma hilária batalha de transfiguração entre o guri e seu tigre de pelúcia.


''Yukon Ho!'' já foi publicado pela Cedibra no Brasil, há quase vinte anos, e volta com o formato original estadunidense e nova tradução. Com a veiculação deste quarto volume de toda a obra de Waterson, a Conrad Editora segue com o objetivo de trazer a série completa com a impressão de dois álbuns por ano, com revisão na arte e no texto.



SERVIÇO

- ''O Catador de Batatas e o Filho da Costureira'' tem 112 páginas em preto-e-branco no formato 13,5 x 20,5 cm e custa R$ 24,90.


- ''Jogos de Poder'' tem 128 páginas em preto-e-branco no formato 16,5 x 24 cm, a R$ 26.


- ''Hard Boiled - À Queima-Roupa'' tem 128 páginas coloridas no formato 21 x 28 cm e sai por R$ 49.


- ''Supremo - Volume 4: A Era Moderna'' tem 192 páginas coloridas no formato 16,5 x 24 cm, a R$ 47.


- ''Yukon Ho!'', com Calvin e Haroldo, tem capa cartonada colorida, com 128 páginas em preto-e-branco no formato 21,5 x 22,5 cm, e custa R$ 29,90.

O material citado acima pode ser encontrado em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.


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