Juntamente com outros grandes nomes do quadrinho nacional - como Julio Shimamoto, Álvaro de Moya, Edgard Guimarães, Sônia Bibe Luyten, só pra citar alguns -, Flávio Colin realizou um trabalho singular e extremamente importante para a difusão e o desenvolvimento dos quadrinhos em território nacional.
Flávio Barbosa Mavignier Colin morreu aos 72 anos no último dia 13 de agosto, vítima de um enfizema pulmonar.
O autor começou sua carreira logo aos 20 anos, na extinta editora RGE - Rio Gráfica Editora e, ainda na década de 50 (quando o quadrinho brasileiro engatinhava), chegou a produzir a versão em HQs do seriado Vigilante Rodoviário, um hit da tevê na época.
Na década de 70 teve reconhecimento do grande público ao produzir histórias de sucesso nas revistas de horror e suspense como Sobrenatural, Calafrio e Mestres do Terror. A partir dessa época, Colin passou a aprimorar ainda mais seu já bem-sucedido estilo e começou a definí-lo em algo mais "brasileiro", semelhante às ilustrações de literatura de cordel. Suas ilustrações e a narrativa eram bastante peculiares pela forma como privilegiava as ações de forma complexa mas com desenhos simples e bem executados.
Em seus últimos anos, Colin dedicou-se à fazer trabalhos históricos, como A Guerra dos Farrapos, A História de Curitiba e Fawcett, com o qual ganhou o prêmio Agostini de melhor desenhista de 2000. Especialmente nestes trabalhos, Colin se destacou pelo trabalho de pesquisa na construção de cenários, figurinos e estruturas para histórias de época.
Lembro-me bem, que em um dos grupos de trabalho de quadrinhos de um congresso de comunicação (especificamente o Intercom) cheguei a discutir entre colegas, palestrantes, quadrinistas - entre eles, Edgar Franco, Gazy Andrauss e Flávio Calazans - qual seria o estilo brasileiro de fazer quadrinhos.
Na ocasião, lembrei que os norte-americanos, os europeus e os japoneses tinham um estilo bem definido. Nenhum de nós chegou a um consenso sobre o que poderia definir a HQ brasileira. Mas confesso que a primeira coisa que me veio em mente foram os trabalhos de Flávio Colin.
E, com certeza, Colin vai deixar saudades.