Curitiba - O álbum não é um lançamento mas merece ser mencionado por aqui, mesmo com certo atraso. 100%, de Paul Pope, pode ser considerado uma das edições mais legais que chegaram por aqui este ano. O volume, que reúne os capítulos desenvolvidos pelo artista para o selo Vertigo/DC Comics, foram compilados pela editora Opera Graphica.
A história entrou no subselo Paradox, dedicado à ficção científica. Para isso, Pope apenas usou um cenário futurista -com brigas e danças esquisitas, que exploram o visual do estômago dos participantes- e aproveitou a clássica trama "garota encontra garoto/garoto perde garota", que sempre dá certo.
O conteúdo é simples, gira em torno de três casais, e o que chama a atenção são a narrativa e a arte-final. Primeiro porque Pope é um grande contador de histórias, como muitos já haviam conferido em seus trabalhos alternativos e em Batman Preto-e-Branco. Fluidez, instintividade na composição dos planos, sincronia e harmonia na distribuição das informações gráficas e textuais são algumas de suas habilidades.
A arte-final é uma verdadeira aula. Ainda que o autor diga que esse é seu momento de "diversão", é justamente ali que seu trabalho ganha vida. As pinceladas vão dançando em seu material bruto e transformam um punhado de rabiscos em lápis em cenários animados, contrapondo o simple e o complexo, sempre privilegiando a narrativa. Isso é possível porque ele consegue o equilíbrio e valoriza com as retículas de cinza, com o apoio de John Workman.
Recomendado para os amantes da nona arte e também para os iniciantes e o público feminino. A narrativa solta e o teor dramático devem agradar em cheio as meninas. Taí a dica de um presente para as namoradas.
O Livro do Vento - Para quem não sabe, o Lobo Solitário praticamente reinventou os quadrinhos no Japão -e no resto do mundo- e trouxe à tona, principalmente para os ocidentais, uma parte da história da Terra do Sol Nascente. O período dos samurais é equivalente ao Velho Oeste americano e O Livro do Vento , lançado por aqui pela Panini Comics, explora um pouco mais essa época, de uma forma um pouco mais fiel à verdadeira história do país.
Em Lobo Solitário, os autores exploram a vendetta de Itto Ogami contra a família Yagyu durante o Japão feudal com inúmeras citações à história do país mas com boa dose de ficção, para apimentar a longa e tortuosa caminhada do matador e seu filho Daigoro.
Já em O Livro do Vento, a história do Japão é seguida mais de perto, justamente através do clã inimigo de Ogami: a família Yagyu. O que acontece em seguida é uma história de honra e tradição, bem ao estilo oriental, acerca dos manuscritos secretos dos Yagyu.
Os desenhos de Jiro Taniguchi são muito competentes e oscilam entre o simples e o rebuscado. A narrativa segue aquele padrão oriental de páginas de conversa, mais amplas e cadenciadas, e seqüências de ação com espadas. O roteiro de Kan Furuyama é amarradinho e a edição ainda traz vários dados sobre a história do Japão e notas da tradução, para auxiliar o leitor.
Só queria ver a arte desse pessoal em um papel de mais qualidade, colorido e em tamanho maior. Mas acho que isso nem no Japão tem.
Serviço: 100% tem 240 páginas, no formato 17 x 26 cm e custa R$ 49. O Livro do Vento tem formato 13,8 x 20 cm, com 244 páginas e sai por R$ 14,90.
Ambas as edições podem ser encontradas em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.
Música + Quadrinhos: The Breeders+100%