O sonho da casa própria, a mudança para um imóvel novo, o investimento. Tudo planejado com recursos financeiros na ponta do lápis.Cinco anos de alta e os preços não param de subir. Os preços esquentaram, ou melhor, subiram muito. Subiram até o
Céu
, mas o comprador vive lá em baixo, uminferno.
Se os preços subiram e os compradores ganharam, houve valorização, o que parece ser bom para todos, mas não é.Todo cuidado é pouco, a moda agora é vender e não entregar no prazo, afinal de contas o brasileiro é tranqüilo, não faz arruaça, muito menos panelaço como aqueles que acontecem na Argentina.
Será mesmo que o brasileiro é uma ovelha, calmo ao ser tosquiado e sem reclamar se for abatido?
O aquecimento do mercado imobiliário está cozinhando aqueles incautos que compraram imóveis na planta com a promessa de entrega em até dois anos.
Eu gostaria de ver os compradores saírem à rua e demonstrarem sua insatisfação, com faixas, dando nome aos bois, ou melhor, às construtoras. Que unidos fizessem campanhas em frente aos novos empreendimentos, esses com Stand novo, prospectos bonitos e corretores afiados em seus discursos e promessas.
São vários níveis de inferno que os compradores estão passando:
No
andar menos um
, estão aqueles que pagam aluguel, não moram onde pagaram em dia e desperdiçam um recurso precioso que deveria ser usado em educação ou lazer.No
andar menos dois
, encontram-se os casais que chegam de lua de mel para morar com os pais ou no velho apartamento, porque a construtora atrasou.No
andar menos três
, a coisa está feia. Uma família grande morando em um lugar pequeno olhando para o prospecto do seu apartamento com quartos e espaço para todos.No
andar menos quatro
, amortecidos e sem dormir estão aqueles que venderam seu imóvel para investir em um novo apartamento, agora estão sem o velho e com a promessa adiada de um novo.No
andar menos cinco
, desesperados estão os investidores, aqueles que compraram apartamentos na planta e a planta não vingou, a entrega foi adiada mais de uma vez e o apartamento precisa ser vendido. O investidor não quer assumir o financiamento, quer obter um bom lucro na venda.E por fim, no
andar menos seis
, enganados compradores mudam-se para apartamentos mal acabados, com defeitos, vazamentos, rachaduras, infiltrações e uma quantidade de problemas que vão se acumulando.Para não entrar no
inferno
e chegar aoCéu
, a estrada é estreita e o caminho é longo, é preciso pesquisar sobre a construtora e seus donos, descobrir se o nome da empresa é novo mas os sócios são velhos conhecidos, quantas e quais são as reclamações que existem, procurar outras obras da mesma construtora e falar com os moradores, ver outros projetos em fase de entrega e falar com os compradores, perguntar para a concorrência o que ela sabe a respeito. Mesmo assim você não está livre de passar um calor.Bom seria se o Governo Brasileiro fosse mais austero, da mesma forma que exige dos bancos, criando um Fundo Garantidor das Construtoras, impondo multas pesadas e exigindo que os novos empreendimentos somente possam ser aprovados se não houver pendências com outros empreendimentos.
Se você está no inferno passando sufoco, reúna os outros prejudicados e vão à luta! Procurem seus direitos, programas de TV, rádios, jornais, revistas, façam anúncios contra a construtora em outdoors, blitz nas obras e tudo
o que for preciso para levar a sua família para o Céu, o lugar onde você merece estar.
Altemir Farinhas
Palestrante e Especialista em Finanças Pessoais
Autor do Programa de Educação Financeira
Twitter: ProfFarinhas
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