No que respeita às crenças religiosas, ocorre com muita frequência de as pessoas não desejarem ser surpreendidas com algo que lhes cause algum despertamento novo. As que se entregam fanaticamente à leitura dos livros sagrados chegam ao temor de que, se pensamentos novos os assediam, estejam se enfraquecendo na fé ou passando por tentações malignas.
São muitos os que não dão oportunidade a que outros entendimentos se instalem, embora também não hajam assimilado plenamente aqueles que por tanto tempo cultuam. Seguem o que a tradição lhes passou, mesmo que em muitos casos cheios de indagações e sem encontrar respostas.
Se tais livros libertam aqueles de coração puro e de consciente livre - que se permitem a avaliação, sem receio, de tudo o que provenha de outras fontes - por outro lado escravizam tantos outros pela interpretação ipsis literis que fazem da letra. Estes perdem, assim, a oportunidade de uma reflexão mais profunda, que poderia lhes expandir os horizontes, aumentar seu poder de fé e induzi-los a uma melhor compreensão de porque existem, porque estão aqui e porque as coisas acontecem.
É preciso extrair das escrituras tradicionais o seu substrato e assim formar-se um entendimento mais cristalino e ausente de conflitos e dúvidas.
Jesus nos conclamava à conformidade com a vontade do Pai, à consciência da nossa filiação a Ele e à fraternidade. Estas as pedras angulares de sua ministração terrena, ou - se querem alguns - de sua Igreja, mas esta deve ser entendida como o ministério do Mestre.
As igrejas cristãs hoje existentes inspiraram-se nas palavras desse inigualável libertador (e também em ensinamentos das escrituras antigas), mas se Jesus deixou uma religião, estribada na fundamentação da Paternidade Divina e da irmandade universal, certo é que não fundou nenhuma igreja.