As legiões de devotos são diferenciadas entre si, e cada qual alinha-se com a igreja onde se sente melhor e identifica-se com o pregador que mais facilmente consegue motivá-lo. Até certos tipos físicos e étnicos semelhantes têm uma tendência de agrupar-se numa mesma comunidade religiosa. Parece então que, independente da fé, isto tem a ver também com afinidades de nivelamento social e cultural.
Deus não faz tais distinções, mas aqui nesta profundeza dimensional terrena os sistemas de crenças ainda se dividem em corporações, em muitos casos antagônicas umas às outras, numa indisfarçável corrida de hegemonia e dominação. Está longe, portanto, o ideal de unificação das religiões, no sentido de um só entendimento acerca das verdades e desígnios divinos e das razões comuns de nossa vivência neste planeta.
Sim, até agora não houve caminho melhor senão o das religiões para manter no homem a crença num poder divino superior, mas o alcance pleno da espiritualidade está ainda distante. A religiosidade o mantém atrelado à igreja, enquanto a espiritualidade o envolve na gravitação das dimensões celestiais. A pobreza espiritual é ainda grande, mesmo com os templos cheios e as vozes tonitruantes dos pregadores ecoando dentro dos lares por via da mídia eletrônica.
Diferente da religiosidade - que é dogmática, segundo cada doutrina - a espiritualidade nos introduz, espontanea e imperceptivelmente, nos universos da fraternidade, do altruísmo, do compartilhamento, da generosidade, da corresponsabilidade, sem maledicência, sem rancores e sem disputas predadoras. Salvo exceções já bem distintas, as igrejas - elas que detêm grande poder de influência e, por isso, com maior responsabilidade - fariam bem em rever certos conceitos e reavivar nos fieis, tanto quanto as questões da fé, aqueles valores mais elevados do comportamento humano. Deus com certeza se agradaria muito com disso.