Conforme escrevi na FOLHA DE LONDRINA, árabes e judeus devem ter começado a desentender-se logo depois que Sara, esposa de Abraão e incapaz de ter filhos, permitiu-lhe coabitar com a escrava Hagar. Dessa relação nasceu Ismael, que formaria uma grande tribo. Já velha, Sara viria a receber o aviso de que também conceberia um filho de seu ancião marido, e ele nasceu sob o nome de Isaque, que também geraria, pela descendência, uma grande nação.
Não tardaria que Hagar e Sara entrassem em conflito, o mesmo acontecendo com os dois irmãos, filhos do mesmo pai mas de mães diferentes. Ismael começou a caçoar de Isaque, e Hagar e o filho foram mandados embora e vagaram no deserto. A narrativa é fundamentada no que está escrito, já a hipótese de ser esta uma das causas da contínua rivalidade das descendências, até os dias atuais, é um exercício de suposição. Mas faz algum sentido.
Sobre os filhos de Israel que entraram no Egito e foram fecundos, multiplicando-se, o rei egipcio viria a dizer à sua gente: O povo dos filhos de Israel é mais forte do que nós. Usemos a astúcia, para que não se multiplique ainda mais e seja o caso de, vindo a guerra, se ajunte com os nossos inimigos e peleje contra nós. E colocou sobre eles feitores de obras para os afligirem e lhes fazer amarga a vida. E às parteiras recomendou que quando atendessem ao parto das hebreias, matassem os que nascessem homens. Imagino que também aí juntaram-se débitos cármicos.
Judeus e árabes, na grande maioria não se odeiam, e em países estrangeiros eles convivem bem entre si, inclusive no Brasil. Mas certamente os hostís amargam pesadas contas do passado, porque - sem disso terem consciência - perdem a oportunidade de, afinal, perdoar-se. Porém não o fazem e assim vão adiando o processo e repetindo erros anteriores. Cinco mil anos são pouco tempo para esses renitentes, e assim comandam matanças, vão-se desta vida e retornam, até que um dia o resgate se cumpra.
Mais do que disputa territorial, deve haver de tudo um pouco na razão das sangrentas batalhas entre judeus e árabes, como agora ocorre na Faixa de Gaza: memórias remotas do passado, carmas não curados, ausência de amadurecimento para perdoar, atraso espiritual e a presença oportuna dos magos negros, que também povoam a Terra e agem nesses pontos de fraqueza humana. Coisas muito loucas. Mas o que são esses ódios e guerras senão loucuras?!