As restrições provocadas pela quarentena do novo coronavírus fizeram com que moradores passassem a ficar mais tempo em casa, ou seja, dentro dos prédios. Mas para ter uma boa convivência e até preservar a saúde, especialistas recomendam seguir as regras de cordialidade e ter empatia.
Para Roberto Graiche Júnior, presidente da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), a primeira coisa a ser feita é ler a convenção e o regulamento interno do condomínio para saber o funcionamento e os detalhes do local. "É preciso ter consciência de que aquele espaço não é só seu", afirma.
Paulo Werneck, 44, é síndico de um condomínio com 1.600 moradores na Vila Andrade (zona sul de SP). Ele conta que a maioria das reclamações durante a quarentena foi resolvida com diálogo e bom senso. "Apesar de ter gerado muitos conflitos, acho que as pessoas aprenderam a conviver melhor neste período", diz.
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O advogado especialista em direito condominial Alexandre Callé explica que o artigo 1.336 do Código Civil determina que os condôminos utilizem as áreas conforme a sua destinação e sem prejudicar o sossego, saúde e segurança dos demais. Segundo ele, além do comportamento dos condôminos ter mudado, a rotina do síndico e dos funcionários também mudou.
Baseado nas regras e nas medidas tomadas durante a pandemia, os especialistas explicam que os condôminos devem utilizar máscara, respeitar o distanciamento, seguir eventuais processos de agendamento e rodízio para uso das áreas comuns, não ultrapassar a capacidade do elevador, limpar os equipamentos após utilizar (como na academia) e cumprir os horários de obras.
"Apesar das coisas estarem começando a abrir, a gente ainda está convivendo com o vírus", diz Graiche.
Callé afirma que as medidas devem ser informadas aos moradores. "As pessoas estão tendo que achar um jeito de conviver juntas. Uma respeitando a outra."
Em caso de conflitos, a orientação dos profissionais é resolver com o diálogo. Caso haja abusos e a conversa não seja suficiente, o síndico deve mediar e aplicar advertências e multas conforme a necessidade.
Comportamento nos condomínios
Mudanças na pandemia:
Com a flexibilização, algumas atividades já voltaram a ser feitas fora de casa e os condomínios têm reduzido as restrições
Ainda assim, há pessoas trabalhando, estudando e se divertindo em casa ou nas áreas comuns dos prédios
Essa concentração de pessoas só funciona quando há uma boa convivência entre vizinhos
É importante ser tolerante, respeitar o espaço e o direito do outro
Leia o regulamento e convenção do condomínio
O art. 1336 do Código Civil norteia os condôminos a utilizarem áreas sem prejudicar a saúde, sossego e segurança dos demais
Lembre que o vírus continua circulando e a pandemia não acabou
Baseado nisso, há a etiqueta pessoal
Siga as cautelas sanitárias
Evite aglomerações
Use máscara em todas as áreas coletivas
Higienize as mãos com álcool em gel ao tocar em botões, maçanetas, pegar encomendas etc
Quando houver tapete com água sanitária, limpe os pés
Caso contraia Covid-19, procure comunicar a gestão condominial para que os procedimentos de higiene e limpeza sejam intensificados
ATENÇÃO: informar a situação não é obrigatório e o condomínio não deve revelar a identidade da pessoa sem permissão
Nas áreas comuns
Tenha consciência de que aquele local não é só seu
O uso deve ser dividido igualmente por todos
Mantenha ambientes ventilados
Respeite eventuais agendamentos e rodízios
Higienize objetos e equipamentos antes e depois do uso
Elevadores
Respeite o limite de capacidade
Dependendo do tamanho, é recomendável reduzir a capacidade em torno de 40%
Há prédios que permitem apenas uma família ou duas pessoas por vez, por exemplo
Relação entre vizinhos
Tenha empatia e saiba que as pessoas têm atividades diferentes em suas unidades
É importante respeitar o horário de obras, compreender eventuais barulhos etc
Ao fazer algo, vale pensar se a mesma situação te incomodaria
Em caso de exageros, procure ajuda do síndico
Conflitos
Se houver problemas, procure resolver por meio da conversa
Lembre que as mudanças exigem adaptação e leva um tempo até que isso aconteça
Caso haja desrespeito das regras e o diálogo não funcione, o síndico pode aplicar advertências e multas conforme a situação
A gestão do condomínio deve manter os moradores informados sobre as regras, com mensagens e até avisos nas entradas
Fontes: Alexandre Callé, advogado especializado em condomínios e sócio da advocacia Callé e Roberto Graiche Júnior, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC)