Pouco a pouco, o mercado e os profissionais da construção compreendem a importância da impermeabilização nos processos construtivos. Não só pelas questões estéticas, devido ao aparecimento de infiltrações e manchas, mas por questão de segurança, pois evita a deterioração das estruturas, reduz a geração de resíduos originários de reformas precoces, impede a ocorrência de problemas de saúde decorrentes da umidade e, em casos extremos, evita o colapso de estruturas.
Todos estes pontos vêm sendo abordados há algum tempo – e reconhece-se: é um trabalho de formiguinha. Essas questões ficam mais evidentes quando chega a época das chuvas e elevam-se os riscos de acidentes por conta de desmoronamentos parciais ou totais de edificações já comprometidas por conta da infiltração de água, que provoca corrosão das armaduras no concreto armado.
Diante disso, outro fator importante é ter a garantia do uso de produtos normalizados, bem como seguir as prescrições de projeto e execução de impermeabilização da ABNT. Estes são aspectos tão fundamentais, que são objeto de caracterização da norma ABNT NBR 15.575:2013 – Edificações habitacionais - Desempenho, em vigor desde julho de 2013, e serão determinantes na consolidação de uma cultura de confiança em torno da impermeabilização.
Sabemos que as obrigações legais exercem uma forte pressão na criação do hábito e é muito positivo que a NBR 15575:2013 desperte a atenção de todos os envolvidos desde a formulação do projeto na execução da obra e durante a vida útil da edificação. Isto é, incorporadores, construtores, engenheiros, projetistas, instaladores e fabricantes são responsáveis pela impermeabilização das superfícies sujeitas à umidade e têm na legislação, não apenas a orientação quanto ao assunto, como um aliado na melhoria das edificações como um todo.
Embora a infiltração, em muitos casos não seja aparente, a falta de estanqueidade pode afetar locais de difícil acesso e visualização, o que aumenta o risco à estrutura do imóvel e, consequentemente, à vida humana, tanto em relação à saúde, como à integridade física. Justamente e especialmente por isso, é um problema que não deve ser menosprezado e faz toda a diferença na qualidade de vida dos brasileiros.
É necessário abastecer o setor da construção civil de informações que demonstrem os efeitos positivos do uso da impermeabilização, na durabilidade, na funcionalidade, na redução dos custos de reforma, minimizando o transtorno causado por uma obra nas edificações habitacionais e, até mesmo, na sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.
Os que buscam mais segurança para suas edificações podem contar com profissionais habilitados na atividade impermeabilização, que terão condições de identificar o produto mais adequado para cada tipo de necessidade e área atingida. Desta forma, evitam-se os problemas oriundos de especificação incorreta, produto inadequado, falta de mão de obra qualificada e com respeito às limitações da impermeabilização, ou seja, impermeabilização é para dar estanqueidade e não estabilidade à estrutura!
Num País cujo clima favorece a ocorrência de chuvas, ainda há resistência quanto a garantir a estanqueidade das edificações. Há um grande número de habitações precárias no País, construídas sem quaisquer orientação, normas, cálculos ou projeto, o que agrava este cenário. Entende-se que a ideia de impermeabilização ainda é inexistente nessas construções, por razões óbvias: a falta de informação, de recursos e a urgência por um teto.
Entretanto, se faz necessário um trabalho conjunto e amplo de formação e conscientização a respeito dos benefícios que esta prática pode trazer ao País. Ganha o mercado e a sociedade.
*Por Marcos Storte e mestre em Engenharia Civil e Gerente de Negócios da Viapol, empresa especializada em soluções para a impermeabilização e proteção das obras da construção civil (www.viapol.com.br).