Grupos reúnem moradores, porteiros e comerciantes para vigiar o bairro e alertar sobre perigos
Moradores e síndicos têm apostado em iniciativas em grupo para discutir formas de vigilância que contemplem não apenas os apartamento ou o prédio, mas os comércios, escolas e casas ao redor do condomínio.
Tony Mellão, advogado e síndico de um edifício residencial na região da Consolação (centro), acompanhou a implantação de um destes grupos –chamados de "bolsões de segurança"– junto a outro dos seis prédios que hoje participam. Além da instalação de câmeras, cerca elétrica, guarita blindada e outras formas de controle de acesso, a ação conta com "um treinamento especial para ação em caso de ocorrências".
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"O acionamento de socorro externo pode ser feito pelo porteiro ou vizinhos do bolsão. A comunicação entre os prédios é feita via rádio amador em frequência única", explica o síndico. "Cada prédio monitora seu vizinho e reporta à autoridade policial em caso de invasão ou abordagem."
Além de treinar porteiros para reconhecerem táticas utilizadas por criminosos (como fingir-se de técnico de internet, enfermeiros a domicílio, entre outros prestadores de serviço), os moradores e funcionários de moradores também são ensinados. Mellão, síndico do prédio há oito anos, notou o aumento da sensação de segurança e o impedimento de tentativas de invasão.
O tenente-coronel da Polícia Militar José Elias de Godoy diz que "o primeiro passo é haver vontade dos moradores". "Para os moradores, é necessária a conscientização dos cuidados básicos a tomar quando estiver chegando ao prédio, o que observar e o que pode ser feito para se proteger", diz Godoy, fundador da empresa de consultoria Suat.
A Polícia Militar pode ser um integrante a mais nos bolsões de segurança através do Programa Vizinhança Solidária, criado em 2009. A adesão é voluntária, e o processo de integração pode levar alguns meses.
Tarcisio Mota é gerente de um condomínio de alto padrão no Morumbi, e aderiu ao Vizinhança Solidária, além de ter condôminos participando do Conselho Comunitário de Segurança do bairro. Em seu caso, polícia, moradores e outros prédios tem fácil acesso às câmeras que integram o sistema, posicionadas em diversos locais da rua. A atitude não apenas facilita investigações de possíveis crimes, mas também protege a todos que caminham por lá.