Imagine uma trilha ecológica no meio do Calçadão do campus da UEL: além de proporcionar sombra nos dias quentes, permite que árvores e flores compartilhem um momento de beleza e resgate da natureza em meio à rotina corrida dos universitários. Pois foi pensando em direcionar o paisagismo do campus para intensificar as visitações que uma equipe de docentes e alunos colocou em prática o Levantamento Florístico e Planejamento Paisagístico da Universidade Estadual de Londrina.
Trabalham de forma integrada os cursos de Agronomia, Biologia e Geociências, como cita o coordenador do projeto, Ricardo Faria, reforçando que a intenção da universidade é transformar o campus num laboratório vivo, onde os estudantes possam coletar sementes e identificar espécies de plantas.
Projetada há mais de três décadas, numa área de 222 hectares, a composição florística do campus foi alterada por construções, rede elétrica, sistemas viários e pela introdução de novas espécies de plantas, lembra Faria. Segundo ele, com o projeto, outras trilhas ecológicas serão criadas utilizando, de forma ordenada, plantas setorizadas, como pinheiros, palmeiras e até árvores frutíferas.
Numa segunda etapa, a equipe pretende identificar, em placas de fácil visualização, árvores, arbustos e forrações da trilha com nome, gênero e origem. ''Outra ideia é a elaboração de uma cartilha, com a identificação de todas as espécies arbóreas do calçadão.''
Também está prevista a reposição de plantas em canteiros, praças e rotatórias do campus por espécies anuais, algumas delas produzidas pelo viveiro de mudas da universidade: já foi realizado pedido de compra de 8 mil mudas de hemerocalis, que vão substituir as azaléias, além da amarração de cem orquídeas das espécies Oncidium baueri e Miltonia flavences nas árvores que compõem o calçadão, para dar colorido ao ambiente. ''Trata-se de plantas perenes, de pouca manutenção e que não exigem muita mão-de-obra.''
Segundo Faria, a ideia é que a vegetação da UEL cresça verticalmente, já que o horto ao lado da Fazenda Escola e a mata ao lado do laboratório de Agronomia são as áreas de preservação permanente da universidade. ''Começamos pelo calçadão pois é a área mais usada pelos estudantes nos intervalos e após as refeições. Também é uma região já delineada com bancos, lixeiras e banheiros.''
Entre as espécies já catalogadas pelo grupo, peroba, figueira brava, palmito, ipê amarelo, pinheiro do Paraná, guapuruvu, paineira e pata de vaca são as árvores nativas de maior destaque na trilha ecológica, que deve ser enriquecida com outras tantas espécies nativas e exóticas. Para Faria, ''vale a pena preservar material genético, mas introduzir espécies exóticas também tem sua importância econômica''.
Conforme Faria, o grupo, formado por cinco docentes e nove alunos, se reúne uma vez por mês para discutir dificuldades e definir metas. A fase, agora, é de solicitação de recursos junto à prefeitura do campus para a compra das 200 placas e confecção de 5 mil folders. ''Enquanto os alunos catalogam as espécies, a coordenadoria de jardinagem da Prefeitura é responsável pelo plantio e manutenção da flora do campus'', assinala o paisagista, informando que a primeira trilha ecológica deve ser inaugurada no final de outubro.
''Investir no paisagismo é positivo primeiro para oferecer conforto térmico à comunidade, segundo para que a comunidade descubra e identifique as plantas com as quais convive e terceiro pela beleza das floradas'', avalia Faria, anunciando a construção de uma estufa climatizada, que abrigará um orquidário permanente em meio à trilha.