O trânsito de Londrina fez 2.344 vítimas de janeiro a agosto deste ano em 2.037 acidentes, segundo dados da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina). O número é 6,9% menor que o registrado no mesmo período de 2024, quando a companhia contabilizou 2.518 vítimas. A quantidade de sinistros também caiu 6% em comparação com o ano anterior, quando foram calculados 2.167 acidentes.
O boletim estatístico da CMTU aponta a ocorrência de 45 óbitos em 2025, sendo 27 em vias municipais e 18 em rodovias estaduais e federais na circunscrição do município. Entre as vias municipais, Av. Saul Elkind lidera com quatro mortes, seguida pela Av. Tiradentes (3) e pela Av. Arcebispo Dom Geraldo Fernandes, a Leste-Oeste (2). Nas rodovias, a PR-445 lidera com oito óbitos, seguida pela BR-369 (5).
O perfil das vítimas fatais do trânsito londrinense mostra a predominância de homens e de pessoas com idade entre 31 e 59 anos. Das 45 pessoas mortas, seis eram mulheres e 39 eram homens, o que representa 86% do total. A maioria das vítimas tinha entre 31 e 59 anos (24 óbitos) ou entre 18 e 30 anos (12).
Dentre as 2.344 vítimas deste ano, até agosto, 153 foram atropeladas, das quais oito morreram. No mesmo período de 2024 o número de atropelamentos foi de 159. Uma redução 3,7% se comparado ao último ano. A CMTU não tem informações estruturadas acerca dos locais com maior incidência de atropelamentos.
Plano Nacional
O Diretor de Trânsito da CMTU Rafael Sambatti analisa que a ligeira redução no número de acidentes – e, consequentemente, no número de vítimas em relação a 2024 – é resultado da adesão do município, em 2022, ao Pnatrans (Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito), que orienta gestores e estabelece metas para diminuição de mortes e lesões no trânsito.
“Nós temos uma coordenadoria de segurança viária que faz análise de cada acidente com vítima. Em todos os acidentes com óbitos são analisadas a geometria da via, a sinalização viária e a característica dos envolvidos. E isso nos auxilia na tomada de decisões ", comenta Sambatti.
Sambatti explica que a maioria das ocorrências com óbito é causada por elementos vinculados ao comportamento humano, como avanço de preferencial, excesso de velocidade e ingestão de álcool. Outros fatores estão relacionados a problemas do condutor com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação). De acordo com o Diretor de Trânsito, cerca de 50% dos motociclistas envolvidos em acidentes com óbito não possuem CNH ou estão com o documento suspenso ou cassado.
Motocicletas no topo da lista
As motocicletas foram os veículos que mais vitimaram condutores e passageiros. De janeiro a agosto, 26 das 45 ocorrências com morte, ou 57%, envolveram motos. Na sequência, os dados mostram que o trânsito matou oito pedestres, seis usuários de veículos leves, quatro ciclistas e um condutor de veículo pesado.
Além de ser o meio de transporte mais fatal, as motocicletas também estão presentes em mais de 72% dos acidentes registrados pela CMTU. Neste ano, das 2.037 ocorrências, 1.484 envolveram motos.
E o impacto vai além do trânsito. Esse tipo de sinistro afeta negativamente a Saúde Pública e a Seguridade Social. Uma pesquisa nacional divulgada nesta semana pela SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia) concluiu que um terço das vítimas de sinistros de trânsito com motocicletas passaram a sofrer com sequelas permanentes.
Segundo a pesquisa, em 82% dos casos as vítimas relataram quadros de dor crônica; 69,5% ficaram com deformidades; 67,4% permaneceram com déficit motor e 35,8% passaram por amputações.
Um levantamento feito pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde do Paraná) e divulgado em maio deste ano aponta que os sinistros envolvendo motocicletas concentram o maior número de internações pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Em 2024, no Paraná, foram 8.007 casos, com custo estimado de R$ 13,4 milhões.
Sambatti ressalta que o comportamento do trânsito deve ter como base os princípios da fiscalização, da engenharia de trânsito e da educação; e que a CMTU investe constantemente na instrução de condutores visando mitigar o impacto negativo que as motocicletas causam.
“Nós temos um curso teórico e prático de motocicletas que, nas próximas semanas, vai atender a uma empresa onde 200 funcionários serão capacitados. Nós também estamos criando bolsões de motos onde há interesse de fluxo para que não haja aquele conflito [em semáforos] na saída de automóveis e motocicletas”, comenta.
Apesar dos números envolvendo as motocicletas, o Diretor de Trânsito não acredita que o caminho seja desestimular o uso deste meio de transporte, uma vez que ele já está enraizado na realidade das cidades brasileiras. Para Sambatti, o caminho é planejar e educar.
“É uma necessidade de trabalho que hoje a sociedade impõe. E eles [motociclistas] recebem o seu salário por entrega. Então é uma necessidade entregar cada vez mais. Precisamos que se busque uma autoconsciência, para que eles entendam a gravidade. O óbito vai muito além do condutor. São crianças que vão crescer sem pai; prejudica a esposa, prejudica o desenvolvimento da própria sociedade.” lamenta Sambatti.
BONDE NAS REDES SOCIAIS
Quer ficar por dentro de todas as notícias de Londrina, do Paraná e de todo o Brasil? Siga o nosso canal nas redes sociais e fique informado com as principais notícias do dia! Clique para ter acesso: Bonde no Telegram e Bonde no WhatsApp.
Quer mandar sugestões de pauta, dicas ou avisos ao Portal Bonde? Entre em contato pelo WhatsApp (43) 98458-1294.