Uma obra de reforço na rede da Copel, em execução desde março com término previsto ainda para este mês de dezembro, deve solucionar o problema de oscilações recorrentes de energia elétrica que acabam interrompendo o abastecimento de água em regiões de Londrina e na cidade vizinha, Cambé.
Com o objetivo de discutir esse problema de falta de água enfrentada por moradores de Londrina e Cambé desde o início de novembro, representantes das prefeituras das duas cidades se reuniram com técnicos da Sanepar e Copel nesta quinta-feira (11). O desabastecimento acontece em função de quedas de energia no Sistema Produtor Tibagi, que oferta 65% do volume de água produzido no Sistema Integrado Londrina-Cambé.
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O presidente da Sanepar, Wilson Bley Lipski, integrou a conversa por chamada de vídeo. Representando Londrina, o secretário de Obras, Otavio Gomes, agentes da Defesa Civil e um membro do Corpo de Bombeiros participaram da discussão. De Cambé, estiveram presentes o secretário de Serviços Públicos, Manoel dos Santos, e o secretário de Assuntos Comunitários, José Paulo Fernandes.
Por horas e dias
As paradas programadas por conta de obras de melhorias na rede da Copel, com paralisação ou redução da capacidade produtiva, aliadas às emergenciais, têm deixado moradores sem fornecimento de água por horas e até dias. A queda de energia mais recente foi registrada na terça (9), com interrupção da produção de água por seis horas na zona sul, incluindo o distrito de Maravilha.
Na quarta (10), novas oscilações de energia nas unidades que fazem parte do Sistema Tibagi causaram o desabastecimento de água tratada nas regiões leste, norte e sul. Na manhã de quinta (11), a Sanepar divulgou que a retomada da distribuição de água estava ocorrendo gradativamente, com reservatórios apresentando diferentes níveis de funcionalidade.
O presidente da Sanepar, Wilson Bley Lipski, se comprometeu a vir para Londrina e discutir a situação pessoalmente com o prefeito Tiago Amaral (PSD). Durante a reunião, disse que a equipe deve “pensar fora do que é convencional”, visto que “estamos em uma crise”. “Temos que pôr nosso time em campo. Tem que ter diálogo, temos que entender o que está acontecendo para que possamos encontrar os problemas antes deles acontecerem”, almejou.
Lipski se disse “muito preocupado” com a previsão de chuva para Londrina no próximo fim de semana, com possíveis tempestades na segunda (15) e terça (16). Citando os “efeitos climáticos”, considerou que “se não tiver uma ação conjunta, vamos passar de novo por tudo o que estamos passando”.
Rafael Leite, gerente geral da região Nordeste na Sanepar, informou que a Copel tem feito análises constantes na rede elétrica para que as oscilações recorrentes não “derrubem o nosso equipamento”. “Nossas bombas precisam de uma estabilidade de energia para operar, quando acontecem essas oscilações, elas acabam se desligando por uma questão de segurança, para que não queimem”.
Reforço na rede
A solução para o problema será uma obra de reforço na rede, em andamento desde março, a pedido da Sanepar, para garantir a estabilidade. Está em fase final a construção de dois alimentadores novos que atenderão exclusivamente o Sistema Tibagi, com investimento de R$ 6 milhões no total, com contrapartida de R$ 1,2 milhão da Sanepar e R$ 4,8 milhões da Copel. Leite prevê a finalização da obra para o término de dezembro.
Douglas Bausewain, gerente do Departamento de Operações de Campo da Região Norte, funcionário da Copel, informou que foi feita, na tarde desta quinta, “uma nova manobra dentro da nossa subestação para poder deixar o alimentador que atende a captação da Sanepar de uma forma mais isolada”. No momento, todos os reservatórios estão abastecidos, com o sistema normalizado.
Ele pontuou que a nova rede aérea vai contar com alimentação por cabos isolados e, assim, “não é qualquer galho que talvez vai causar oscilações”. “É um cabo mais robusto, mais grosso. Ele é encapado, então tem um condutoramento diferente, também uma impedância diferente para poder evitar oscilações pequenas”.
‘Só descubro depois que a água acaba’
Larissa de Assis, assistente de marketing, enfrentou falta d’água em sua casa cerca de três vezes desde o início de novembro, quando os problemas de queda de energia no Sistema Tibagi se tornaram recorrentes. Moradora do Jardim Honda, na zona norte, ficou desabastecida por mais de dez horas entre os dias 3 e 4 de dezembro. Ela contou que o seu bairro é afetado com frequência e que não tem recebido avisos prévios da Sanepar alertando sobre as interrupções.
Assis explicou que todas as vezes que acaba a água, seja por obras ou porque faltou energia nos reservatórios, ela descobre por vizinhos ou pela imprensa. "Não lembro a última vez que teve algum aviso em panfleto ou no site. É bem ruim porque na minha casa a caixa d’água não é grande, então geralmente só dá para pouquíssimas coisas”, pontuou.
A mulher disse ainda que o abastecimento é retomado, na maioria das vezes, a partir das 23h ou somente de madrugada.
Em Cambé
No município vizinho de Londrina, a reclamação é “geral”, pontuou Manoel dos Santos, secretário de Serviços Públicos. “À noite e aos finais de semana, as mulheres precisam lavar louça e roupa, porque trabalham fora, e não conseguem. Existe uma falta d'água constante, e ultimamente ela tem sido quase que corriqueira, e isso está sendo ruim, prejudica toda a comunidade”.
O secretário informou que para contornar a situação, sua pasta entra em contato com a Sanepar, que apresenta diferentes razões para os problemas. “Uma hora é adutora que rompeu, outra é problema da tubulação, ou o motor das estações elevatórias que queimou, outra é problema da Copel. Agora, a população realmente não pode ficar sem água, porque é um bem maior”, considerou.
Santos citou a recomendação da Sanepar de que cada família mantenha uma caixa d’água de pelo menos 500 litros, o que viabiliza o uso de água por 24 horas. Porém, relatou que muitas não possuem condições para tal, citando os moradores da periferia de Cambé. “No Ana Rosa, Ana Eliza 1 e 2, Novo Bandeirantes, o próprio Campos Verdes, Jardim Tupi (bairros). Todos sofrem diuturnamente com a falta d'água, praticamente toda a área periférica da cidade é a que mais sofre”, ressaltou.
Completou dizendo que a secretaria que chefia recebe, em média, 40 ligações por dia de cambeenses reclamando de torneiras secas. A Sanepar solicita que a população utilize água apenas para serviços essenciais e inadiáveis, priorizando alimentação e higiene pessoal.