Candidato diz como pretende investir na cultura e explica perda de emenda para o Teatro Municipal
Deputado federal de Londrina e região pelos últimos dez anos, Diego Garcia (Republicanos) é o terceiro entrevistado da sabatina do Grupo Folha de Londrina com os prefeituráveis. A publicação no impresso e no site da Folha de Londrina e no Portal Bonde segue até o dia 12 de setembro.
Durante a entrevista, o candidato exalta sua produção legislativa e diz que isso o torna preparado para comandar o Executivo municipal. Ele promete fortalecer a Secretaria de Cultura para preparar projetos que atraiam recursos públicos e privados para Londrina e criar condições para cuidar e encaminhar moradores de rua.
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Também explica o motivo da perda da emenda parlamentar para a retomada do Teatro Municipal, que deveria entrar no orçamento federal deste ano, mas, foi “esquecida” de ser incluída, segundo o líder da bancada paranaense, Toninho Wandscheer (PP).
Confira parte da entrevista:
O senhor já tem uma trajetória como deputado federal. O que o leva a tentar assumir a cadeira de prefeito?
São dez anos de vida pública, fiscalizando o Executivo no âmbito federal. Tenho uma vasta experiência acompanhando ações de políticas públicas federais que acontecem nos municípios no Paraná e, por conta da ação legislativa, em cidades de outros estados, também, seja na saúde, na educação, nos esportes, na cultura, na agricultura. Sempre tiramos boas ideias dessas ações que trazem soluções para os problemas nos municípios e que podemos adotar como estratégia para melhorar a vida da população. Este foi o meu trabalho nos últimos dez anos como deputado, adquirindo uma experiência ampla dentro da Câmara Federal e, por isso, entendo que estou pronto, preparado. Acho que, entre todos os candidatos, nenhum tem um currículo como o meu, como deputado federal com a maior produção legislativa do Paraná. Trouxe mais de R$ 40 milhões para a saúde de Londrina, mais de R$ 40 milhões para outras áreas, em obras, infraestrutura, pavimentação, revitalização de praças. Este é um momento oportuno, em que a cidade vai viver uma transição. O atual prefeito não pode ser reeleito e a cidade precisa ser governada por alguém que tenha essa bagagem política, essa experiência, que tenha a capacidade técnica de trazer recursos do governo federal, do governo do Estado, para que a cidade possa crescer, se desenvolver.
O senhor é o único candidato a prefeito em Londrina concorrendo sem partidos coligados. O senhor não acha que isso pode enfraquecer a sua candidatura? E quais os cabos eleitorais de destaque estadual ou federal que vão subir com o senhor no palanque?
Tem partido, por exemplo, que está com grande número de legendas coligadas, mas, que é fraco, é pequeno. Então, estar sozinho numa disputa eleitoral com sete candidatos concorrendo à mesma vaga não significa muita coisa. O Republicanos é um grupo muito forte. Nós temos 20 candidatos [a vereador], que nenhum é para preencher tabela ou para preencher cota. Muito pelo contrário. São todos competitivos. Nós temos a segunda maior bancada de vereadores na Câmara Municipal, com os quatro concorrendo nas eleições. Temos candidatos que estão entrando pela primeira vez e outros que já disputaram eleição e fizeram uma boa votação, mas em um outro cenário, quando a cidade tinha quase 600 candidatos. Agora, reduziu o número, ou seja, a tendência, proporcionalmente, é que estes façam mais votos, também.
E outros políticos vêm apoiar o senhor?
Sim, nós temos o deputado estadual [Alexandre] Amaro, a deputada estadual [Cantora] Mara Lima. Teremos o apoio de outros deputados, de pessoas de expressão. O apoio do governador [de São Paulo] Tarcísio [de Freitas], uma referência hoje dentro do nosso partido, a senadora Damares Alves (DF), que acompanha o meu trabalho desde quando ela ainda era assessora parlamentar. Eu tenho o apoio interno do Republicanos, um partido que, ao que tudo indica, tem grandes chances de, no ano que vem, eleger o próximo presidente da Câmara, o deputado federal Marcos Pereira, de São Paulo, que também está conosco. Então, não é uma campanha em que eu estou solitário. Esse é o discurso que os meus adversários estão usando para tentar enfraquecer meu nome, a minha imagem eu não estou sozinho.
Seu plano de governo fala em descaso e abandono dos espaços culturais de Londrina. Temos o Teatro Municipal e o Zaqueu de Melo, que estão parados, e o Museu de Arte, que também está de portas fechadas. Como o senhor pretende reativar e colocar em funcionamento esses equipamentos?
No primeiro mês de trabalho, assim que eu assumir a Prefeitura, vou reestruturar a Secretaria de Cultura no município, capacitar, formar e treinar os servidores. Ampliar a equipe de servidores para a elaboração de projetos para captação de recursos, [pela] lei de incentivo federal, lei de incentivo do Estado. Tem muito recurso para buscar, o que falta para o poder público municipal de Londrina é apresentar esses projetos. Trazer as multinacionais e as grandes empresas que aportam um grande volume de recursos em eventos, em atividades culturais por todo o país, para que elas possam conhecer Londrina, entender a dinâmica e investir na cultura local. Dinheiro tem, tem muitos recursos. O que falta é o apoio para as entidades, para as associações culturais que estão lá na ponta, que estão nos bairros, para que elas possam elaborar bons projetos, e a Prefeitura Municipal tem condição de dar suporte técnico, jurídico, de orientação técnica. Nós podemos, através da Lei Rouanet, por exemplo, investir na revitalização desses espaços públicos. No meu plano de governo, também tem uma ideia que eu acompanho como deputado. Eu ajudei na liberação de recursos para a Filarmônica Antoninense, que está na cidade de Antonina e é um projeto cultural social que trabalha com crianças e adolescentes. Nós estamos trazendo como proposta criar essa essa mesma estrutura aqui em Londrina, para levar a musicalização para os bairros.
A bancada paranaense no Congresso Nacional chegou a indicar uma emenda para o Teatro Municipal, que consta no seu plano de governo como um dos pontos a serem retomados. Só que essa essa emenda foi "esquecida" de ser protocolada, segundo o próprio Toninho Wandscheer (PP, líder da bancada paranaense). O senhor estava em diálogo com o líder da bancada? O que que aconteceu?
Na verdade é o seguinte: o que o Toninho colocou é que, nesse ano, daria preferência aos pleitos que viessem de Londrina, mas que ele já tinha assumido compromisso e, infelizmente, não conseguiu contemplar o pedido feito pelos deputados de Londrina e da região, que era para retomar as obras no Teatro Municipal. O que acontece hoje? Existe muito recurso por meio do governo federal. Além das emendas individuais, que os deputados podem indicar para a cidade, tem essas emendas coletivas, de bancada. Se não tiver um trabalho político contínuo de acompanhamento dessas propostas junto à bancada federal, para que eles se comprometam de fato com isso, esses recursos vão para outros lugares. Nós vínhamos acompanhando, mas, infelizmente, ele deu essa notícia no último dia, quando já não tinha mais o que fazer, de que não iria conseguir atender o pleito feito não só pelos deputados, mas pelas entidades representativas de Londrina, que assinaram um documento buscando esse recurso.
O senhor propõe, em seu plano de governo, melhorar o atendimento de saúde pública em Londrina. Há um problema de fila de emergência e demora para consulta em especialidades. O que de concreto pode ser feito para melhorar isso?
Londrina já é referência em saúde em diversas áreas. Tem bons hospitais, públicos e privados. Em curto prazo, queremos propor parceria do município com essas entidades que, em alguns casos, já prestam serviços para o município, para zerar filas de exames simples, em que as pessoas aguardam muito tempo para fazer exames que, na minha opinião, devem ser feitos de forma imediata. O segundo ponto é estabelecer uma política com força para realização de cirurgias no município e zerar a fila. Várias grandes cidades no país fizeram parceria público-privada, com os hospitais particulares, e conseguiram. Num curto espaço de tempo, zerar essas filas. De onde vem esse recurso? Podem vir do governo federal, podem vir do governo do Estado, nós podemos estimular essas parcerias para atender essa demanda e suprir essa necessidade da população londrinense. A longo prazo, iniciar uma política para transformar os nossos hospitais já existentes. Por exemplo, nós temos o HU, com diversas especialidades. É um hospital que já tem estrutura, que pode se habilitar e ser um centro de referência para atendimento dos pacientes com doenças raras. Hoje, Londrina não tem.
Houve um aumento expressivo, nos últimos anos, de pessoas em situação de rua em Londrina. O seu plano de governo fala em fazer triagem dessas pessoas, criar parcerias para encaminhá-las ou para cuidados médicos, ou para assistência social. Pode explicar como pretende implementar isso?
Eu trabalho com as pessoas em situação de rua desde antes de ser deputado por conta da Igreja Católica. Ajudei a fundar uma comunidade terapêutica, então tenho experiência com pessoas em situação de rua ou com dependência química. O que acontece em Londrina? Eu conversei com a secretária de assistente social e ela mesma afirma que essas pessoas, na sua grande maioria, são dependentes químicos. E nós não temos uma política pública municipal para atenção dessa demanda. Curitiba tem e funciona. Tem parceria com as comunidades terapêuticas, existe uma política pública voltada para questão da dependência química em que se tira as pessoas em situação de rua, elas passam por um tratamento com acompanhamento médico, quando necessário, o uso de medicamentos, e durante esse tempo de tratamento existe também a formação e qualificação para que eles possam retornar ao mercado de trabalho. Londrina precisa ter e eu vou criar isso no meu governo. Quando for o caso, que a pessoa quer apenas retornar para a cidade de origem, o município vai viabilizar. Quando o problema que leva a pessoa a estar naquela situação de rua é de saúde mental, vamos encaminhar para as clínicas especializadas, quando for a dependência química, a mesma coisa. O que não vamos permitir é que Londrina continue sendo considerada a melhor cidade para o morador de rua viver. Os próprios moradores de rua falam isso, e tem que acabar.
Candidato, um discurso frequente seu é a necessidade de se industrializar a cidade. São mais empregos e melhores salários. No entanto, a Cidade Industrial ainda não está pronta, o Contorno Leste e o Contorno Norte vão demorar para ficarem prontos. O que o senhor propõe para atrair essas grandes empresas a curto e médio prazo para Londrina?
Primeiro, a PR-445, que está sendo duplicada e que vai estar sob a gestão da nova concessão de rodovias e ali tem que se transformar em um grande corredor industrial. O município tem de correr contra o tempo para estimular a vinda de empresas para a PR-445 e viabilizar, com infraestrutura, com tudo o que for necessário, para que essas empresas se instalem em Londrina. Eu quero resolver o problema do Parque Industrial Buena Vista, que tem já mais de 30 anos e não tem pavimentação asfáltica, não tem galeria, não tem esgoto, não tem um ponto de ônibus. É um desestímulo para quem está gerando emprego. O empresário se sente estimulado quando olha para o lado: em Ibiporã, o prefeito está de braços abertos para acolher, para dar infraestrutura, dar o suporte que ele necessita. Olha para Cambé, a mesma coisa. Nós temos condições de fazer isso. E também trabalhar com as empresas que estão instaladas na nossa BR-369, para que sejam instaladas passarelas durante todo esse trecho. Eu quero fazer uma gestão em que os empresários que querem investir na cidade, vão trabalhar junto comigo, participando da gestão. Vamos trabalhar para que a cidade seja desburocratizada. Os contornos Norte e Leste de Londrina vão sair, mas tem que ser já com uma lei municipal transformando esses trechos em corredores industriais.
As próximas entrevistas da sabatina do Grupo Folha de Londrina serão com Isabel Diniz (PT), na sexta-feira (6), Professora Maria Tereza (PP), na terça (10), Tercilio Turini (MDB), na quarta (11), e Tiago Amaral (PSD), na quinta (12).
VEJA A ENTREVISTA AO GRUPO FOLHA:
CONFIRA AS ENTREVISTAS COM BARBOSA NETO E NELSON VILLA ABAIXO: