O prefeito Tiago Amaral (PSD) defendeu nesta sexta-feira (24) a busca de apoio dos governos estadual e federal para atrair novos recursos à área da assistência social. Ele foi questionado durante coletiva de imprensa sobre a redução de quase R$ 17 milhões no orçamento da Secretaria Municipal de Assistência Social para o próximo ano. Os projetos da LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2026 e do PPA (Plano Plurianual) 2026-2029 foram aprovados em primeiro turno na CML (Câmara Municipal de Londrina) na quinta-feira (23) e passarão por audiência pública no dia 3 de novembro.
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“Estamos em uma conversa muito avançada com o governo do Estado para que o repasse seja efetivo em relação à assistência social para a nossa cidade. Até aqui, na verdade, não tem sido nem pelo governo federal nem pelo governo do Estado, porque depende da iniciativa da Prefeitura. Nós temos diversos programas que a Prefeitura de Londrina simplesmente ignorou”, disse Tiago.
O prefeito voltou a citar o rombo orçamentário, estimado em cerca de R$ 300 milhões, identificado nas primeiras semanas de sua gestão. Segundo ele, obras foram iniciadas sem que houvesse recursos em caixa para custeá-las neste ano. “É um atentado em termos de contabilidade pública, porque arrebenta nossa capacidade de planejamento”, acrescentou. A FOLHA mostrou que, nos corredores da Prefeitura, comenta-se que ainda faltam R$ 120 milhões para fechar o ano no azul.
Uma das maiores dificuldades está na área do transporte coletivo, que registrou déficit superior a R$ 100 milhões em 2025, em função do aumento da tarifa técnica nos últimos dias da gestão do ex-prefeito Marcelo Belinati (PP), em dezembro de 2024. A previsão para 2026 é de um subsídio de R$ 118 milhões às concessionárias, mas ainda faltarão cerca de R$ 72 milhões para cobrir o custo total do sistema.
“Não adianta falarmos em uma cidade que se desenvolve quando ela está sem dinheiro ou sem capacidade de enfrentar as despesas correntes. No Brasil, a gente fala que o maior inimigo do desenvolvimento econômico é o desequilíbrio de caixa. O equilíbrio fiscal é o que dá condição de desenvolvimento, geração de emprego e oportunidade, e a real possibilidade de cuidar das pessoas”, pontuou.
Necessidade de reorganizar finanças
Sem reorganizar as finanças, disse o prefeito, Londrina não terá condições de bancar “um único programa social” nos próximos anos. Ele garantiu, contudo, que “absolutamente ninguém que precisa” ficará sem atendimento em 2026, já que a Secretaria de Assistência Social terá o terceiro maior orçamento do município, com R$ 117 milhões em recursos próprios. A estimativa é que a execução em 2025 chegue a R$ 121 milhões. Entidades conveniadas ao município, no entanto, apontam que a redução orçamentária pode levar à demissão de trabalhadores e à redução de serviços.
“Eu acredito que temos condições de aumentar o orçamento total e global da pasta de Assistência Social com essas ações que estamos fazendo, sendo responsáveis, cuidando dos programas e garantindo que nenhuma criança, nenhum idoso, nenhuma família PCD ficará sem o atendimento que já tem hoje”, frisou.
A revisão dos valores aplicados no setor, contudo, é uma necessidade, na avaliação do chefe do Executivo. “Estamos fazendo uma ampla revisão das condições dos programas que hoje repassam a pessoas em situação de rua valores em torno de R$ 5,5 mil por mês, sem dar resultados”, afirmou. “Não é possível que famílias vivam com um salário mínimo e a gente repasse a pessoas em situação de rua R$ 5 mil, R$ 5,5 mil por mês e ninguém ache um absurdo”, apontou.
“Não dá para pagar vale-gás e auxílio para quem está sendo acolhido em casas de acolhimento, porque essas pessoas já têm esse recurso lá, esse direito lá. Não é jogar dinheiro pela janela que vai fazer a assistência social ser efetiva. O que vai fazer ser efetiva são programas alinhados à administração pública, que consigam resultado — e, nesse caso, o resultado que esperamos são ações que tirem as pessoas das ruas, para que consigam emprego e moradia. É isso que estamos fazendo”, continuou.
Data-base
Questionado sobre o parcelamento da recomposição inflacionária dos servidores municipais, prevista no PPA — conforme mostrou a FOLHA —, Tiago disse que a questão ainda depende do “desempenho do caixa” da Prefeitura. Segundo a peça orçamentária, metade deve ser paga em fevereiro e o restante, em setembro de 2026.
“Se o nosso programa do Refis [Regulariza Londrina] for bem e se tivermos algumas surpresas positivas nas finanças, a prioridade vai ser fazer o reajuste tudo junto”, concluiu.
A Secretaria Municipal de Fazenda informou que o Regulariza Londrina, que já renegociou R$ 70 milhões em dívidas e arrecadou aproximadamente R$ 20 milhões em valores efetivos.