Ratinho Jr. (PSD) opta por aguardar licitação da ANTT; Requião (PT) e Gomyde (PDT) prometem tarifas menores, com investimentos
As propostas para o pedágio dos dois principais candidatos de oposição ao governo do Paraná, Roberto Requião (PT) e Ricardo Gomyde (PDT), não levam em conta obras necessárias para a malha rodoviária, avaliam instituições que acompanharam o processo de concessão nos últimos 25 anos. Já a posição do governador e candidato à reeleição Ratinho Júnior (PSD) é de aguardar a licitação que está sendo conduzida pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
O tema encerra a série de reportagens que a FOLHA publicou com a avaliação de especialistas sobre os planos dos dois principais candidatos ao governo segundo as pesquisas, Ratinho Jr. e Roberto Requião, para as áreas de segurança pública, educação, saúde e desenvolvimento econômico.
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Na semana passada, Requião anunciou um acordo com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, para o estado assumir os pedágios sem a necessidade de empresas concessionárias. Caso ambos sejam eleitos, o petista pretende firmar uma parceria com o governo federal para garantir tarifas mais baixas. Gomyde, também na semana passada, falou em reduzir as tarifas retirando os investimentos em obras. Segundo o candidato do PDT, seria possível cobrar uma tarifa de no máximo R$ 5.
Quando as concessões do Anel de Integração chegaram ao fim, em novembro do ano passado, Ratinho Júnior chegou a dizer que as tarifas seriam reduzidas em até 50% com a nova licitação. O plano de governo apresentado neste ano à Justiça Eleitoral, no entanto, não cita nenhuma redução e fala em investimentos de R$ 42 bilhões em obras. Atualmente o processo de licitação está sob análise do Tribunal de Contas da União (TCU). A previsão é que as empresas sejam escolhidas em 2023.
MODELOS
“Existem modelos de pedágio que são só de manutenção, como no trecho entre Curitiba e São Paulo. Eles custam na faixa de R$ 7 a cada 100 km. Mas isso significaria, por exemplo, abandonar o Contorno Norte de Londrina, uma obra esperada pela população”, diz João Arthur Mohr, gerente de assuntos estratégicos da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná). “Uma parcela de 40% da tarifa é para obras de ampliação e capacidade. Dá para baixar de R$ 10 para R$ 6, mas não dará para fazer uma obra como a duplicação da rodovia entre Londrina e a divisa de São Paulo”.
Para Mohr, não há como prever um valor único de tarifa para várias regiões do estado, como fez Ricardo Gomyde. “Não dá para dizer que o valor será de R$ 5 em cada praça. Três fatores devem ser levados em consideração: a distância entre as praças, se o pedágio vai ser apenas de manutenção e o fluxo de veículos. Se for entre Curitiba e São Paulo, por exemplo, poderia ser até de R$ 3 ou R$ 4, por causa do grande movimento”.
Mohr avalia que a malha rodoviária precisa de investimentos e cita o orçamento do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para obras em 2023, que é de R$ 6 bilhões. “Serão R$ 6 bilhões para o país todo, tanto em rodovias quanto em ferrovias. Não vai ter dinheiro público para fazer as obras que o Paraná precisa. O modelo do pedágio no Paraná prevê até R$ 55 bilhões de investimentos em oito anos de obras. Seriam quase R$ 7 bilhões por ano”.
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