O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que sua internação de três dias com obstrução intestinal se deveu a não ter mastigado camarões no almoço de domingo (2). O cirurgião responsável pelo presidente, Antônio Luiz Macedo, confirmou o relato.
Bolsonaro interrompeu dias de folga em Santa Catarina e foi internado, na segunda-feira (3), no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo. O presidente teve alta na manhã desta quarta-feira (5).
"Foi domingo. Eu não almoço, eu engulo. Foi uma peixada, tinha uns camarõezinhos também. Eu mastiguei o peixe e engoli o camarão. Foi isso que aconteceu", afirmou Bolsonaro sorrindo.
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"O camarão não foi mastigado. A gente pede para todos os clientes fazerem o que a gente faz. Mastigar 15 vezes cada garfada", disse Macedo.
As orientações médicas são de dieta restrita, exercícios leves e mastigar os alimentos. Ainda assim, a avaliação é a de que as obstruções intestinais podem seguir ocorrendo.
"Vai ser difícil seguir isso, eu não consigo me controlar", disse Bolsonaro sobre dieta.
Bolsonaro disse ainda que vai manter viagens programadas nas próximas semanas para Nordeste, Rio e Rússia e que gostaria de ir a um jogo de futebol beneficente promovido por cantores sertanejos em Buriti Alegre (GO) nesta quarta à noite.
"É difícil ficar parado. Queria estar hoje à noite lá no jogo do Marrone
e Gustavo Lima. Estou tentando ir pra lá, eu não vou jogar logicamente.
Mas estou tentando ir pra lá, vou ver como é que fica. A vida continua.
Todo mundo vai embora um dia. A gente lamenta isso aí. Agradeço ao dr. Macedo a força que está dando para mim", disse.
A obstrução é uma consequência da facada sofrida por Bolsonaro na última campanha presidencial. Ele afirmou que não cabe falar em vitimização ou em "facada fake". Durante a semana, foi alvo de críticas por divulgar, assim como seus familiares e aliados, imagens no hospital e ao fazer referências ao ataque de 2018.
O presidente também se defendeu das críticas por ter ficado de folga em meio ao caos das enchentes na Bahia.
"Fizemos coisas fantásticas ao longo desses dias que dificilmente outro governo estaria fazendo. O presidente não tem férias. É maldoso quem fala que estou de férias. Eu dou minhas fugidas de jet ski. Dou lá uns cavalos de pau no Beto Carrero", disse.
"Acompanhei o caso na Bahia. Dia 12 estive sobrevoando a Bahia. Acompanhei o caso agora. O que fizemos, além de mandar quatro ministros para lá? [...] Destinamos R$ 200 milhões para obras emergenciais. Destinamos R$ 700 milhões para o Ministério da Cidadania", disse Bolsonaro.
Bolsonaro viajou a São Francisco do Sul (SC) na segunda-feira (27) para passar o Réveillon com a primeira-dama e a filha mais nova, Laura. Antes do Natal, ficou no Forte dos Andradas, em Guarujá (SP), entre os dias 17 e 23.
Os boletins médicos vinham registrando melhora do presidente nos últimos dias. Na terça (4), o hospital informou que a obstrução se desfez e que uma cirurgia foi descartada. O presidente reagiu bem à dieta líquida e teve a sonda nasogástrica retirada.
A avaliação sobre a necessidade de cirurgia dependia da chegada do médico Macedo ao hospital.
O cirurgião, que faz o tratamento de Bolsonaro desde a facada, estava de férias nas Bahamas e voltou para São Paulo na madrugada de terça. Segundo Macedo, um avião providenciado pelo hospital fez seu transporte –o Vila Nova Star não respondeu se repassará os custos à Presidência da República.
O jornal Folha de S.Paulo fez um orçamento de voo fretado das Bahamas a São Paulo com duas empresas e obteve custos de R$ 340 mil e R$ 680 mil.
Opositores do presidente na esquerda criticaram a internação, e a versão fantasiosa de que a facada não existiu voltou a circular nas redes sociais.
Por outro lado, apoiadores de Bolsonaro passaram a resgatar a memória da facada, tema que mobiliza sua base eleitoral. Familiares e ministros lembraram a tentativa de homicídio e pediram uma corrente de oração para o mandatário.
"É a segunda internação com os mesmos sintomas, como consequência da facada (6.set.18) e quatro grandes cirurgias", afirmou Bolsonaro nas redes sociais na segunda-feira, lembrando sua última internação e o histórico de tratamentos após o atentado.
Em 14 de julho de 2021, em meio ao desgaste do governo diante de acusações de propina na compra de vacinas reveladas pela CPI, Bolsonaro foi internado em São Paulo com obstrução no intestino –quadro também ligado ao atentado durante a campanha presidencial de 2018. O presidente teve alta em 18 de julho e não passou por cirurgia.