Concorrendo pela primeira vez em Londrina, a ex-secretária Maria Tereza Paschoal de Moraes, a Professora Maria Tereza (PP), foi para o segundo turno após receber 62.590 votos no dia 6 de outubro. Ela tem o apoio do prefeito Marcelo Belinati (PP) na disputa pela Prefeitura.
A candidata foi sabatinada pela equipe da Folha de Londrina e do Portal Bonde, e respondeu questões relacionadas à campanha eleitoral e ao seu plano de governo. Com o acirramento dos ânimos - inclusive, com repercussão na Justiça Eleitoral -, ela diz que precisou se defender dos ataques sofridos. Sobre a polêmica envolvendo o apoio da educadora Isabel Diniz (PT), Maria Tereza garante que não terá o PT em seu governo.
Para a cidade, a candidata projeta a redução da tarifa do transporte coletivo, a recuperação de parques municipais e estaduais, e acredita ser possível finalizar a obra do Teatro Municipal.
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Confira trechos da entrevista:
A campanha do segundo turno tem sido marcada por ataques, inclusive com repercussão na Justiça Eleitoral. Essa postura não pode afastar o eleitor?
Desde o primeiro turno eu tenho sofrido muitos ataques. As pessoas fazem alguns vídeos com histórias mentirosas e soltam nas redes. Isso estava acontecendo no primeiro turno, mas eram sete [candidatos], você não sabia de onde vinha o ataque. No segundo turno, somos dois. Então, é evidente que esses ataques têm nome e sobrenome. E como explicar e falar sobre isso? Mostrando que o que a campanha adversária quer com esses ataques é direcionar para mim um título que é deles. Um título que é daquela campanha socialista, um título que é daquela campanha que tem investigações de corrupção. Eu tive que falar isso para as pessoas, porque é um momento curto de campanha. Por obrigação moral com 62.590 pessoas que votaram em mim, eu tenho que dizer a elas: ‘Olha, não sou eu. É o outro candidato que é tudo isso’. Então, mudou o tom da campanha para o segundo turno porque eu tenho a obrigação de me defender.
Se eleita, a candidata manterá os secretários da atual gestão?
Eu tenho muita gente de valor do meu lado nesta campanha, porque quem tinha preço já foi comprado. Essas pessoas são competentes, são pessoas que eu acredito muito e com certeza serão consideradas no meu trabalho, na minha gestão. O critério vai ser técnico e com metodologias de gestão pública, como os contratos de gestão.
A senhora veio para Londrina após um processo seletivo. Essa metodologia pode ser usada novamente?
Não da forma como foi feito. Eu estou aqui por conta daquele processo de seleção nacional, mas tínhamos naquele momento, de 2016 para 2017, uma necessidade muito grande de transformação. As escolas não tinham o mínimo de infraestrutura, não tinha certificado dos Bombeiros, não cortava o mato... precisava de uma grande transformação. Não é a mesma lógica para esta transição. Vamos ter mudanças na gestão, porque a Maria Tereza tem um jeito de administrar e o prefeito Marcelo, outro.
A senhora rejeitou o apoio do PT no segundo turno, que é um partido que estabeleceu políticas públicas importantes no país. Por que tanto receio em se aproximar do PT? Como será a relação com o governo federal?
É muito importante dizer que nós somos a quarta maior cidade do Sul do Brasil. Nós somos todos brasileiros, somos todos paranaenses. Após o período eleitoral, é uma relação institucional, de unidade federativa. Eu tenho plena consciência disso e vou trabalhar dessa forma. Eu preciso do governo do Estado e do governo federal. É dessa forma que eu tenho certeza absoluta que Londrina vai ser tratada. Eu não quero o apoio do PT porque o PT não vai fazer parte do meu governo. O PT tem políticas importantes que foram estabelecidas no país, mas também tem escândalos que machucaram esse país demais. E não é dessa forma que eu trabalho. Eu trabalho pelas pessoas e quero o voto de todas as pessoas, inclusive, de quem votou em qualquer um dos outros seis candidatos.
Um ponto que está aparecendo nesta campanha é a questão da merenda, que passou por dificuldades no começo deste ano. Qual é a sua posição sobre a acusação de que houve irregularidades na compra do arroz?
Entre o final de abril e começo de maio, estávamos em uma época de licitação da compra de arroz e as empresas classificadas não apresentaram um laudo da vigilância sanitária e foram desclassificadas. Nós tivemos que partir para a compra emergencial de arroz. Lembrando que são 28 toneladas de arroz por mês - são 80 mil refeições por dia. E quando começamos a compra emergencial, choveu aquilo tudo no Rio Grande do Sul, os fornecedores fecharam os estoques porque imaginaram que ia ter uma crise terrível de abastecimento e ninguém assinava o emergencial, ninguém se comprometia a entregar. Nós tentamos e conseguimos um fornecedor que disse: ‘Eu entrego, mas não vou entregar as 28 toneladas agora, vou entregar cinco’. O que a gente fez? As crianças continuaram comendo, mas em vez de servir o arroz como carboidrato, começamos a servir o macarrão e passou assim 15 dias em maio. O arroz era uma vez por semana, a gente diminuiu o 'servimento', que são quatro, diminuiu para um, para poder compensar isso. As crianças comeram normal, todos os outros ingredientes estavam [disponíveis]. E aí, nesse processo, houve uma acusação forjada, no meio do processo de campanha eleitoral, dizendo que foi superfaturado, e não foi; dizendo que a empresa estava desativada, e não estava, já era um fornecedor da Prefeitura de Londrina. Eles usaram esse fato para acusar que havia alguma coisa e não tem nada. [Tenho] contas aprovadas, contas limpas, nenhuma investigação.
A senhora é a favor da vacinação obrigatória contra a Covid-19?
Nós vivemos esse momento de discutir a vacina e fizemos ações como essa nas nossas redes, em parceria com a Secretaria de Saúde. Deve ser seguido todo o protocolo, existem leis que falam sobre isso. É importante que quem não quer se vacinar ou quem não acredita nisso, tenha o seu direito de dizer que não quer. Eu tomei todas as vacinas, minha mãe tomou todas as vacinas. Eu acredito que as vacinas salvam, a ciência salva e cuida das pessoas.
A candidata propõe a redução da tarifa do transporte coletivo. Como tirar isso do papel?
Temos hoje o custeio da tarifa de ônibus pela Prefeitura, em torno de R$ 60 milhões por ano, e temos alguns benefícios, como a isenção para idosos, que é lei federal, mas que o governo federal não faz o repasse. Tem uma lei para ser aprovada que repassa o dinheiro para os municípios para poder bancar o transporte gratuito para pessoas idosas. É claro que a gente vai manter isso, mas precisamos receber esse dinheiro. Os nossos estudos ficam perto de R$ 3,50 já a partir do ano que vem. Com isso, a gente espera que aumente o número de passageiros.
Quais equipamentos culturais serão priorizados em um eventual governo seu?
Nós precisamos, no curto prazo, [recuperar] o Teatro Zaqueu de Melo e o Museu de Arte. Temos o Teatro Municipal que precisamos avançar e terminar a construção, que eu acredito que seja por meio de parcerias público-privadas. Instituições já demonstraram interesse.
Por que em oito anos não foi possível avançar nem um ‘tijolinho’ na obra do Teatro Municipal?
Eu acho que avançou um tijolinho, porque tem a questão da propriedade intelectual do projeto e o município conseguiu fazer com que o autor doasse o projeto. Isso já foi feito e, em cima do projeto, é possível licitar a conclusão ou repassar para a instituição que vai assumir. Nós vamos avançar para uma parceria, é o melhor caminho.
Vários parques estão abandonados, como o Arthur Thomas. Por que a prefeitura não conseguiu dar mais atenção para esses espaços?
A gente concluiu toda a troca daquele alambrado do parque, a licitação está acontecendo nesse momento para revitalização do espaço internamente. A gente precisa de um restaurante lá dentro, uma lanchonete, alguma coisa nesse sentido, e já vai acontecer. Fora isso, temos um processo. Nos últimos oito anos, melhoramos um pouco a cada dia. O Arthur Thomas é uma dádiva. Então, vamos potencializar cada vez mais isso com a revitalização. O Arthur Thomas é o símbolo dos 90 anos de Londrina.
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