Política

Interventor renuncia gestão da Casa do Bom Samaritano de Londrina

21 nov 2025 às 19:18

A Casa do Bom Samaritano, instituição sem fins lucrativos que atende idosos, homens com necessidades especiais e pessoas em situação de rua, além dos alunos das creches que mantém, teve mais uma mudança em sua gestão após a renúncia do padre César Braga. Ele havia assumido a intervenção judicial da entidade no dia 10 de outubro, a pedido da Prefeitura de Londrina, mas afirmou que sua administração foi inviabilizada pela “pressão social” sofrida e condições “de hostilidade e resistência” por parte da antiga diretoria, classificando o período como “tormentoso”. O órgão municipal indicou novos gestores para assumir o trabalho.


Em um mês e duas semanas de chefia, o padre ficou responsável pela gestão financeira e administrativa da Casa. O objetivo foi manter a prestação dos serviços conveniados ao Município por meio de três secretarias, que incluíam o acolhimento institucional de idosos e pessoas em situação de rua, além da administração dos CEIs (Centros de Educação Infantil) Nossa Senhora da Fátima e Victória Mazetti Dinardi. A transição foi necessária após o anúncio do fechamento das portas para o dia 30 de setembro, com a alegação de que o recurso financeiro repassado pela Prefeitura não era suficiente para atender as demandas.


Neste período, os repasses foram mantidos e os acolhidos remanejados dentro do âmbito do Plano de Contingência, restando 17 idosos no momento. Com a transferência para outras entidades socioassistenciais, foi encerrado o convênio entre a Casa e a Secretaria Municipal de Assistência Social.

Ambiente “hostil”

Braga alegou que “fez de tudo do melhor” durante sua gestão, contando que “estava conseguindo verba parlamentar para as melhorias da Casa, superar as dívidas e [promover o] bom suprimento das necessidades dos acolhidos”. Julgou que “o melhor seria uma administração judicial”, porque foi “percebendo que uma pessoa sozinha não conseguiria resolver os inúmeros problemas estruturais, administrativos e financeiros que recaem" sobre a instituição.


Em sua renúncia, disse que sofreu “significativa pressão social e dos órgãos envolvidos, considerando o intenso escrutínio público em torno das medidas adotadas”, o que tornou a continuidade da intervenção “inviável”.


Completou dizendo que a antiga diretoria promoveu “inúmeras tentativas de atrapalhar o bom andamento dos trabalhos”, sendo que ela teria desrespeitado as decisões judiciais e coagido “funcionários da instituição a se voltarem contra o interventor”. Braga apresentou ainda um atestado médico, pontuando que desenvolveu uma série de problemas de saúde e necessita de afastamento imediato de suas atividades.


A advogada do homem, Beatriz Daguer, informou que “já foi apresentada a prestação de contas pelo padre, contendo todas as informações sobre o que foi desempenhado no período que durou a intervenção”. O juiz Marcus Renato Nogueira Garcia, da 1ª Vara de Fazenda Pública de Londrina, acatou a renúncia, válida desde segunda-feira (17), e proibiu que os membros da diretoria anterior interfiram nas atividades da nova gestão e frequentem a Casa, sob pena de multa de R$ 300 por ato comprovado de descumprimento.

Servidores assumem a gestão

A Prefeitura cumpriu o prazo atribuído pelo juiz e nomeou, na quarta (19), quatro servidores municipais efetivos como novos gestores e auxiliares técnicos. Simone Cristina de Farias Cavalin vai gerir o convênio entre a Casa e a Secretaria de Educação, com Camila Tonon Benicio como auxiliar. Já na Secretaria do Idoso, Rodrigo Pires de Campos atuará como gestor do acordo, com Ana Karina Anduchuka como ajudante.


Garcia autorizou a transferência dos repasses municipais para contas bancárias vinculadas às parcerias, com o controle dos servidores municipais indicados, sendo que fica “expressamente proibido o acesso/administração dessas contas bancárias por terceiros”. A diretoria eleita passou a ser responsável pela administração das demais áreas da entidade.


A diretoria anterior foi procurada pela reportagem, que aguarda resposta.


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