O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (28) que o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em sua avaliação, "se comportou como um genocida" durante a pandemia do novo coronavírus, embora o pedido de indiciamento de genocídio tenha sido retirado do relatório final da CPI da Covid.
Em entrevista para a Rádio Jovem Pan de Sorocaba, Lula afirmou que Bolsonaro "não teve dó nem piedade de nenhuma das pessoas que morreram", criticando seu comportamento ao longo da pandemia que matou mais de 600 mil pessoas no Brasil.
"Embora a CPI não tenha colocado no relatório final a palavra genocida porque tem implicações jurídicas, a verdade é que o Bolsonaro se comportou como um genocida. Essa é a verdade. Não teve dó nem piedade de nenhuma das pessoas que morreram", disse Lula.
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"Nunca foi fazer uma visita a hospital, nunca foi fazer visita a lugar algum das pessoas que estavam morrendo. Ver aquelas pessoas serem enterradas no saco preto, sem poder ter participação dos parentes, para ele aquilo não dizia nada, porque para ele ser humano não vale nada. O que vale para ele são os milicianos dele, o que ele acredita, não é o povo brasileiro", completou.
O relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a incluir a sugestão de indiciamento por "genocídio" a Bolsonaro. Porém, após divergência entre senadores em relação à tipificação, Renan trocou o termo por "crime contra a humanidade".
A avaliação de alguns senadores era de que a acusação de genocídio, que constaria no relatório em relação à tentativa de extermínio de populações indígenas, cumpriria um papel político, com possibilidade mínima de prosperar nas cortes internacionais.
A reportagem entrou em contato com a Secom (Secretaria de Comunicação do Governo), mas ainda não obteve resposta.
'Desprezo'
Lula fez o comentário ao criticar a política de Bolsonaro para a área da saúde, que segundo ele é tratada com "muito desprezo" pelo atual Governo.
"No Governo Bolsonaro a Saúde é tratada com muito desprezo. Nunca imaginei que esse país pudesse ter alguém na presidência que desrespeitasse a ciência como o Bolsonaro desrespeitou, desrespeitasse a medicina como o Bolsonaro desrespeitou, que desrespeitasse a lógica do humanismo que é se cuidar, se tratar, se prevenir", disse.
O ex-presidente reforçou a sua avaliação de que o comportamento de Bolsonaro na pandemia contrariou todas as orientações médicas.
"Ele passou durante a pandemia que matou mais de 600 mil pessoas, passou o tempo todo debochando, desacreditado, avacalhando, dizendo para as pessoas não usarem máscara, dizendo que as pessoas poderiam fazer aglomeração. Contra tudo e contra todos", disse.